segunda-feira, maio 25, 2015

Guerra dos tronos e a teoria hipodérmica


Na última semana o suposto estupro de Sansa Stark tem dividido o público. Há inclusive uma campanha promovendo o boicote à série acusada de estimular a violência sexual. Antes de mais nada, é bom lembrar que o estupro não é mostrado como algo positivo, fica bem claro que ali é apenas mais uma das violências de seu noivo. Ainda assim, acredita-se que a cena poderia estimular estupros.
O tema toca exatamente na questão do poder dos meios de comunicação de massa e para entendê-lo é essencial entender o que os teóricos têm falado sobre o assunto.
No início do século XX a teoria predominante para explicar o poder da mídia era a teoria hipodérmica. Segundo essa teoria, a mídia era uma agulha, que injetava seus conteúdos diretamente na mente dos receptores, provocando um esquema ESTÍMULO - RESPOSTA IMEDIATA. Assim, ao assistir a uma propaganda de Coca-cola, a pessoa sairia correndo para comprar uma Coca-cola. Ao ver um negro sendo agredido num filme, a pessoa sairia do cinema disposta a agredir o primeiro negro que encontrasse pela frente. Ao ver um homossexual na TV, a pessoa sairia imediatamente em busca de um parceiro do mesmos sexo para iniciar um relacionamento homossexual.
Essa teoria caiu por terra na década de 1940, depois diversas pesquisas de grande rigor científico realizadas por Lazzarsfeld. Lazzarsfeld percebeu que a teoria hipodérmica desconsiderava completamente os grupos primários (a família, os amigos da igreja, os amigos da escola, os amigos do trabalho) e sua influência sobre as pessoas. Descobriu-se, assim, que a mídia não muda comportamentos, ela apenas reforças comportamentos pré-existentes e geralmente aprovados pelo grupo primário. O grupo primário pode, inclusive, inverter o sentido da mensagem da mídia. Uma pessoa crescida numa família racista, ao ver uma programação racista, terá seu comportamento reforçado. Por outro lado, um programa racista poderá gerar uma maior rejeição a esse comportamento se o grupo primário entender que esse comportamento é negativo.
Exemplo muito bom disso foi a campanha "Do jeito que o diabo gosta", da Antartica. A campanha, imaginada como uma divertida peça de carnaval, foi vista com um olhar religioso por parte de muitos grupos primários e seus líderes de opinião (o pastor, o padre, os amigos da igreja) e o resultado foi um fracasso absoluto, a ponto de muitos donos de bares impedirem a colocação de cartazes. Ou seja: o grupo primário mudou o sentido e a leitura da mensagem da mídia.
No Japão, mesmo com toda a violência da mídia, a violência real é mínima porque as pessoas são educadas desde muito cedo a respeitar o outro. Há pesquisas inclusive que sugerem que a violência da mídia é uma forma dos japoneses extravassarem a violência que socialmente é inaceitável.
No caso dos nerds fãs de Guerra nas estrelas que propagam a volta da ditadura militar, podem observar que quase todos dizem frases como: "Minha mãe (ou meu pai) me diz que na época do regime militar a vida era bem melhor". E há até quem diga que Guerra nas estrelas é uma série favorável ao regime militar. Ou seja: a mensagem dos filmes, nitidamente contrária a regimes totalitários, não conseguiu sobrepor a influência do grupo primário e, em alguns casos, o grupo primário modificou até mesmo a leitura dos filmes de acordo com comportamentos aceitos pelo grupo.
 No caso de Guerra dos tronos, a cena de estupro de Samsa só aumentará a revolta contra esse tipo de comportamento no caso de alguém que tenha sido criado num grupo primário em que se ensina que a consensualidade é elemento essencial e obrigatório em qualquer relacionamento. Por outro lado, uma campanha contra estupros pode parecer excitante para alguém que já tem esse comportamento. 

terça-feira, maio 19, 2015

Novo projeto do Gralha busca colaboradores no Catarse



O Gralha, super-herói curitibano que completa 18 anos em 2015, está com um novo projeto a ser lançado e busca colaboradores no Catarse. Trata-se de Gralha – Artbook, livro que reunirá bastidores da criação, personagens, curiosidades, histórias inéditas e pin-ups exclusivas do personagem.
As recompensas incluem, além de tradicionais camisetas, canecas e pôsteres, também um baralho exclusivo com os personagens do universo do Gralha e, para os mais aficionados, também uma action figure do herói.
Os interessados podem colaborar através do link https://www.catarse.me/pt/gralha.
O Gralha é um super-herói de Curitiba, criado em 1997 por nove artistas e publicado em tiras semanais no jornal A Gazeta do Povo. Essas tiras foram compiladas no álbum Gralha – Primeiras Aventuras em 2001 pela Editora Via Lettera. O segundo álbum, Tão Banal quanto Original, saiu apenas no ano passado pela Editora Quadrinhópole, que também publicará o novo projeto.

segunda-feira, maio 18, 2015

Mad Max e o cinema sem roteiro


Cada vez mais eu me convenço de que, se quiser história, um bom roteiro, vou ter que ir aos cinemas apenas para assistir desenhos animados. Bom exemplo é esse novo Mad Max. 
O filme inicia com uma na?rrativa em off, com Mad de costas para nós, virado para uma paisagem desértica e, em primeiro plano, um lagarto de duas cabeças. Sabemos ali que o personagem é atormentado por uma menina que não salvou e vive em um mundo desértico, com poucos recursos naturais. E, momentos depois começa uma ação desenfreada que só termina duas horas depois. Tudo que poderia haver de desenvolvimento de personagens ou ambientação fica reduzido àqueles primeiros minutos. 
Não sabemos quem é Max, não sabemos quem é a menina que o atormenta. Não sabemos nada de Furiosa além do fato dela ter sido roubada de sua comunidade quando criança. Isso é tudo que sabemos sobre os dois protagonistas. 
No meio da ação e dos efeitos especiais, não há tempo de apresentar os personagens. Não sabemos nada sobre as esposas, por exemplo além do fato delas serem esposas. Seriam elas escravas roubadas de outras comunidades? Não sabemos. Seriam elas as primeiras esposas, ou as únicas? Não sabemos. Será que todos guerreiros são filhos de Immortan Joe? Não sabemos. 
Os personagens aparecem e morrem e o expectador simplesmente não se importa, ou até mesmo não percebe, fascinado pela ação initerrupta. Embora o plot seja interessante, ele é totalmente desnecessário e passa despercebido. Se não houvesse história e a tela mostrasse apenas duas horas de ação, daria no mesmo. 
Decidido: cinema agora só com desenhos animados, que, graças ao sucesso da Pixar e de clássicos como Toy Story, ainda são reduto de boas histórias.

sexta-feira, maio 15, 2015

Colecionador é um povo doido?

No século 17 houve uma mania de tulipas na Holanda. Por alguma razão, as pessoas passaram a valorizar cada vez mais as flores, a ponto de uma tulipa valer mais do que uma casa. Ninguém sabia explicar porque elas valiam tanto.Isso levou a uma bolha especulativa de, ao estourar, fez várias pessoas ficarem miseráveis. 
Para mim, quadrinhos sempre tiveram valor sentimental. As revistas que mais valorizo são aquelas que foram importantes para mim, ou que tiveram histórias muito boas, que me marcaram profundamente. Para mim, por exemplo, as edições mais valiosas de Superaventuras Marvel são a 5 (a primeira que li) e a 24 (primeira que comprei e a que iniciou a magnífica saga da Fênix Negra). 
Mas, para um colecionador, a número parece ser a mais importante de uma série, independente da qualidade ou de qualquer fator sentimental. Parece ser apenas a febre das tulipas dos quadrinhos: o valor é puramente aleatório. 
Recentemente tive um exemplo disso em um sebo ao encontrar um superalmanaque de Kripta por um valor alto. Perguntei à vendendora o porque do valor. Esperava uma resposta como: "Essa foi uma das melhores revistas de terror já publicadas no Brasil e este número especial selecionou algumas das melhores histórias" ou algo assim. Mas a resposta foi simplesmente: essa é a número 1. Detalhe: só houve dois surperalmanaques de Kripta, ambos igualmente bons, mas, pela lógica do mercado, o número 1 vale uma fortuna e o 2 vale pouco. 
Há várias revistas que foram melhorando com o tempo. A versão dos Trapalhões da Bloch, por exemplo, só se tornou o clássico dos quadrinhos que foi depois que a equipe criativa ganhou liberdade para fazer algo dentro da linguagem de quadrinhos. Os primeiros números eram simples adaptações dos roteiros da TV. Heróis em ação foi outra que se tornou um clássico com o tempo. A própria Superaventuras Marvel, provavelmente o melhor mix Marvel publicado pela Abril, só teve sua melhor fase, só construi sua identidade, depoi do número 1, em especial quando começou a publicar, simultaneamente, o Demolidor de Frank Miller, os X-men e Chris Claremont e John Byrne e outros clássicos, como a melhor fase do Pantera Negra. Mas para um colecionador, o mais valioso é o número 1. Vai entender.

quarta-feira, maio 13, 2015

Artista nacional Gian Danton lança livro Como Escrever Quadrinhos

Como_escrever_quadrinhos

Seguindo os passos de autores renomados internacionais como Will Eisner e Scott McCloud, o autor brasileiro de quadrinhos, Ivan Carlo Andrade, professor universitário, roteirista desde 1989, conhecido como Gian Danton, lança um novo livro sobre roteiros chamado Como Escrever Quadrinhos, pela editora Marca da Fantasia. O autor sempre se dedicou a orientar novos roteiristas e, como resultado, resolveu escrever o primeiro livro, O Roteiro nas Histórias em Quadrinhos, lançado em 2010, na mesma editora. Com o novo livro, Danton pretende esclarecer sobre o processo criativo com detalhes sobre sua própria experiência profissional, dificuldades e as soluções encontradas pelo autor. Leia mais

quarta-feira, maio 06, 2015

Gian Danton lança o livro Como escrever quadrinhos



Gian Danton está lançando mais um livro sobre roteiro para HQ. Trata-se do volume “Como escrever quadrinhos” (editora Marca de Fantasia, 108 páginas, 25 reais).
O autor é roteirista desde 1989, quando publicou a história Floresta Negra na revista Calafrio, em parceria com Bené Nascimento (Joe Bennett). Desde então participou de diversos projetos entre eles a premiada graphic Manticore ou o álbum MSP+50.
Quando começou a escrever HQs, não havia nenhuma referência sobre o processo de produção de quadrinhos ou mesmo sobre a formatação do roteiro. “Com esse início tão pedregoso, sempre fui muito solícito com novos roteiristas que me procuravam com dúvidas”, explica o roteirista, no texto de abertura do volume. Essas orientações deram origem ao primeiro livro, O roteiro nas histórias em quadrinhos, lançado também pela Marca de Fantasia, em 2010. Entretanto, mesmo com o livro, as questões continuaram a chegar, o que levou à ideia de produzir um segundo volume.
Um acaso contribuiu também para a produção do segundo livro. Convidado para o evento Muiraquicon, em Belém, em 2012, foi-lhe pedido que preparasse duas palestras diferentes sobre roteiro. “A saída foi produzir uma palestra auto-biográfica, explicando como escrever quadrinhos a partir da minha própria trajetória. Os problemas que enfrentei e como os resolvi”, conta o roteirista. Assim, além das técnicas de roteiro, o livro se debruça sobre o processo criativo a partir da experiência do próprio autor.
Como escrever quadrinhos será vendido por 25 reais, mas está em promoção de pré-venda até o dia 14 de maio, ao preço de 18 reais, com frete já incluso (os livros serão enviados a partir do dia 15 de maio). O livro pode ser adquirido através do e-mail profivancarlo@gmail.com.