sábado, junho 27, 2015

O início da cibernética: a mesa redonda





              No final da década de 30, um grupo de cientistas se reunia na cidade de Boston para discutir assuntos científicos.
              Eles se sentavam ao redor de uma mesa redonda, jantavam e um deles propunha um assunto para discussão.
              Embora a maioria fosse procedente da Universidade de Havard, eram pesquisadores dos mais variados campos do conhecimento. Havia psicólogos, biólogos, matemáticos, físicos, filósofos, neurologista, engenheiros...
              As reuniões haviam surgido a partir de uma percepção compartilhada por todos os integrantes do grupo: a especialização cada vez maior dos cientistas estava se tornando um problema. Psicólogos desconheciam completamente o trabalho de biólogos. Físicos não se interessavam minimamente pelas pesquisas dos matemáticos...
              Em outras palavras, os cientistas de diferentes áreas se especializavam em campos cada vez menores e desconsideravam inteiramente o trabalho de outros pesquisadores que não faziam parte desses campos.
              Esse estado de coisas poderia ser exemplificado pela anedota de Bernard Shaw: “O especialista é um homem que sabe cada vez mais num terreno cada vez menor, o que o fará chegar a saber tudo... sobre nada”.
              Em pouco tempo agregou-se ao grupo um professor do Massachusetts Institute of Technology chamado Nobert Weiner.
              Weiner era uma dessas inteligências enciclopédicas, que dominam vários campos de conhecimento. Aos 18 meses ele já aprendera a ler. Aos sete anos já estava familiarizado com a teoria da evolução, de Charles Darwin, que iria influenciar toda a sua obra. Aos 14 anos se licenciou em ciência. Aos 18 já havia terminado o doutorado.

              Weiner estava plenamente de acordo com o promotor dos encontros, o Dr. Arturo Roseblueth, da Havard Medical School, em deplorar a especialização excessiva para a qual a ciência estava se direcionando.
              “Cada um tem grande tendência a considerar o tema vizinho como pertencente, com exclusividade, ao seu colega da terceira porta à direita do corredor”, escreveu Weiner.
              A maioria dos participantes da mesa redonda compreendia que estava se criando ali um novo paradigma, uma nova forma de ver o mundo e a natureza. A idéia era não separar para conhecer melhor,  como previa o pensamento de Descartes, mas analisar as partes em suas relações entre si e com o todo.
              Mas era necessário dar um nome a esse novo paradigma.
              Embora boa parte das discussões envolvessem máquinas e mecanismos de calcular, Weiner não queria um nome que lembrasse muito a máquina, afinal  a idéia era justamente criar um campo de estudo que pudesse explicar tanto fenômenos mecânicos quanto humanos, tanto computadores quanto homens. Por essa mesma razão, não era aconselhável usar um nome que fosse muito humano.
              O objetivo era encontrar uma nomeclatura que representasse uma ciência que estudasse homens, animais e máquinas como um todo; uma ciência que estivesse mais interessada nas semelhanças que nas diferenças entre esses três reinos.
              Um dos problemas básicos da cibernética era o do controle e foi dessa característica que surgiu o nome da nova ciência: cibernética.
              A palavra cibernética havia sido utilizada antes pelo fisico inglês James Maxwell num artigo de 1886 sobre controle de máquinas.
              Muito antes disso, Platão havia usado a palavra com o sentido de “a arte de governar os homens”.
              Os gregos usavam o termo para se referir à arte de governar navios. Em outras palavras, era o ofício do piloto. Necessariamente não é o piloto que traça o percurso do navio, mas ele é o responsável por fazê-lo chegar ao seu destino. Para isso, o piloto corrige continuamente o navio, que é afetado por uma série de ruídos: ventos, correntes maríticas...
              O melhor piloto é aquele capaz de perceber rapidamente as alterações na rota e de responder a elas, corrigindo o curso.
               É, portanto, um problema de comunicação. A cibernética irá se interessar muito por problemas de comunicação, especialmente a comunicação entre máquina-máquina e máquina-homem.
              Isaac Epstein lembra que o conceito de cibernética não é necessariamente positivo: “As sociedades não têm alvos claros e aceitos por consenso. O equilíbrio e a homeostase podem estar a serviço de sistemas autoritários e iníquos. Às vezes até do genocídio”. (Epstein, 1986, p. 9)
              Muitas vezes, o objetivo traçado pode não estar a serviço da humanidade. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a IBM, que utilizou seus sofisticados equipamentos para identificar judeus que seriam exterminados pelos nazistas.

              Epstein propõe que, em situações como essa, em que os objetivos não são aceitáveis, seja utilizada a cibernética como anti-cibernética. É o que fazem, por exemplo, os ciberpunks.
              A primeira oportunidade de colocar a cibernética em prática surgiu com a II Guerra Mundial.
              Havia uma preocupação generalizada por parte dos aliados de evitar que a Inglaterra fosse derrotada por um ataque aéreo fulminante. Para isso seria necessário desenvolver máquinas de ataque anti-aéreo.
              O problema não era apenas de física ou de matemática. Se fosse, bastava calcular o local em que estaria o avião após efetuar o bombardeio.
              Acontece que o piloto, sabendo que seria alvejado, desviava.
              A questão, portanto, envolvia física, psicologia e biologia (a curvatura seria limitada pela resistência fisiológica do piloto). Era um problema cibernético em sua essência. E só um grupo de pesquisadores de várias áreas trabalhando em conjunto poderia solucioná-lo.
              A resposta foi encontrada no feedback, ou retroalimentação.
              A idéia de feedback é antiguíssima. A própria vida tem uma série de processos auto-reguladores. Hipócrates já havia formulado a hipótese de que existem mecanismos no corpo humano que tendem a ser opor às patologias.
              O que a cibernética fez de diferente foi estudar a fundo a retroação e compreender seu funcionamento.
              No campo da comunicação, o conceito de feedback como elemento essencial do processo de comunicação influenciou a maior parte dos autores posteriores à cibernética, entre eles o educador Paulo Freire.
              O feedback torna menos unilateral o processo de comunicação, pois só podemos dizer que houve, de fato, comunicação, quando há uma resposta ao estímulo inicial.
              Se chamo um cachorro e ele se aproxima, estabeleceu-se uma comunicação. Embora o feedeback não tenha ocorrido no mesmo canal e mesmo código, é inegável que o receptor respondeu à mensagem.
              Se, por outro lado, o animal não se mexe, o processo de comunicação não se estabeleceu, talvez em decorrência de um ruído (o cachorro pode, por exemplo, ser surdo).
              Essa nova maneira de ver os fenômenos encarando-os como problemas de comunicação e de controle (que deveriam ser estudados por várias disciplinas em conjunto) forneceu uma poderosa percepção que influenciaria muitos pensadores e voltaria com grande força com a teoria do caos e o pensamento complexo de Edgar Morin.

sexta-feira, junho 19, 2015

O seriado do Demolidor e a linguagem dos quadrinhos

Durante muitos anos se afirmou que os quadrinhos emburreciam as crianças, pois mostravam tudo e não deixavam nada para a imaginação. Quem disse isso, claro, nunca leu quadrinhos. A imaginação do leitor trabalha entre um quadro e outro, completando aquilo que não é mostrado. Essa é a grande característica da linguagem dos quadrinhos: elipses entre uma ação e outra que são completadas pelo leitor, que deve, obrigatoriamente, ser ativo nesse processo, ou não vai entender nada. 
Ao adptar quadrinhos para cinema e TV, diretores tentaram usar elementos da linguagem de quadrinhos, como requadros simultâneos, balões, onomatopéias. Mas o melhor acerto veio da série do Demolidor, que se apropriou dessas elipses: o expectador muitas vezes não vê o que está acontecendo, e apenas imagina, completa a ação que não é mostrada.
Numa época de filmes de ação desenfreada ou verborragia pseudo-intelectual, series como essa salvam o dia.

segunda-feira, junho 15, 2015

Álcool é droga



O homem mais rico do Brasil é o dono da Ambev. É uma indústria biblionária que se construiu à custa do sofrimento de milhões de pessoas. O álcool é 100 vezes mais mortal que a maconha. Direta ou indiretamente provoca milhões de mortes todos os anos. É a principal causa de violência doméstica e desagregação de famílias.  

O uso de bebidas alcoólicas por menores de idade está relacionado ao maior número de óbitos de jovens do que todas as drogas ilegais somadas, sendo responsáveis inclusive por gravidez indesejada e doenças sexuais.
O álcool é, hoje, a principal ameaça à família brasileira. 
No entanto, embora a quase totalidade dos deputados e senadores seja favorável à proibição da maconha, ninguém nunca apresentou projeto proibindo o álcool, mesmo aqueles que se dizem serem políticos a favor da família. Talvez pelo fato de que a Abev foi a empresa que mais financionou políticos na última campanha eleitoral. 
Leia mais sobre os malefícios do álcool: 
http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/132/reportagens/alcool-e-droga

http://www.cisa.org.br/artigo/167/uso-bebidas-alcoolicas-por-menores-idade.php

http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/alcool-144-vezes-mais-letal-que-maconha-segundo-pesquisa-15421829

terça-feira, junho 09, 2015

Deputado quer transformar crisfofobia em crime hediondo

O deputado Rogério Rosso (DF) quer transformar em crime hediondo ofender a religião evangélica (que eles chamam de cristofobia). 
Beleza, mas vamos ampliar isso para o respeito para todas religiões? Que tal colocar na cadeia não só a travesti crucificada, mas também os pastores que passam as tardes inteiras nas rádios demonizando as religiões espíritas e de origem africana? Que tal colocar na cadeia os evangélicos que colocam caixas de som nas praças para demonizar outras religiões? Que tal colocar na cadeia os pastores que vão para s tribos indígenas e afirmam que dos deuses indígenas são demônios? Que tal colocar na cadeia os evangélicos que quebram imagens de santos ou que ofendem Maria? 
Já que é para respeitar, vamos respeitar mesmo, todas as religiões, e não só as de uns poucos privilegiados.

domingo, junho 07, 2015

Marco e seus amigos... com roteiro de Gian Danton

O amigo Tako X me convidou para escrever histórias de seu famoso personagem Marco (publicado em diversos veículos desde a década de 1990). Minha primeira colaboração foi essa tira, uma nítida homenagem a alguns clássicos dos quadrinhos de super-heróis. Para ler outras tiras do personagem, clique aqui.

sábado, junho 06, 2015

O maior evento de Cultura Pop da Paraíba esta de Volta!!!


A espera finalmente terminou! O maior evento de cultura pop do estado da Paraíba retorna elevado a um novo patamar.
O HQPB 2015 será realizado no Espaço Cultural José Lins do Rego, a casa do evento desde sua primeira edição em 2008, e trará significativas mudanças em relação à edição de 2014.
A começar pela data do evento, que será realizado nos dias 16, 17 e 18 de outubro. Isso mesmo, você não está enganado, serão TRÊS DIAS dedicados inteiramente à diversão e entretenimento dos fãs paraibanos!
O evento no dia 16, sexta feira, será das 15:00 até 21:00 horas, e nos dias 17 e 18, das 10:00 até 21:00 horas.
Além desta novidade, o evento terá toda uma nova formatação, com novos espaços, ampliação da área de estandes, mais diversão e melhorias em relação a atividades como palestras, workshops e debates. Você não conseguirá ficar parado! Leia mais

quinta-feira, junho 04, 2015

Homem de verdade

Sobre a polêmica da propaganda do Boticário, que estariam transformando as pessoas em gays:

Usar ou não Boticário não faz de você um homem. Usar ou não camisa rosa não faz de você um homem. Usar ou não o armário 24 não faz de você um homem. O que faz de você um homem é honrar seus compromissos, ter palavra, ter responsabilidades. O que faz de você é um homem é assumir seus filhos e criá-los com dignidade, respeito atenção, cuidando para que eles sejam pessoas de bem. O que faz de você um homem é respeitar os outros, é não tentar se aproveitar das outras pessoas e não incomodar quem não lhe fez mal.
 

quarta-feira, junho 03, 2015

terça-feira, junho 02, 2015

Gian Danton lança livro Como escrever quadrinhos na Gibiteca de Curitiba



Dia 16 de maio, às 19 horas, acontece na Gibiteca de Curitiba o lançamento do livro Como escrever quadrinhos, do roteirista Gian Danton. Na ocasiões haverá também uma palestra com “Dez dicas para roteiristas” e sorteio de brindes. O livro também estará sendo vendido com desconto, ao preço de 20 reais. 
O autor é roteirista desde 1989, quando publicou a história Floresta Negra na revista Calafrio, em parceria com Bené Nascimento (Joe Bennett). Desde então participou de diversos projetos entre eles a premiada graphic Manticore ou o álbum MSP+50, em homenagem a Maurício de Sousa. Foi um dos criadores do herói Curitibano O Gralha e atualmente está  É ganhador do prêmio Ângelo Agostini como melhor roteirista de 1999.
Quando começou a escrever HQs, não havia nenhuma referência sobre o processo de produção de quadrinhos ou mesmo sobre a formatação do roteiro. Com esse início tão pedregoso, sempre fui muito solícito com novos roteiristas que me procuravam com dúvidas”, explica o roteirista, no texto de abertura do volume. Essas orientações deram origem ao primeiro livro, O roteiro nas histórias em quadrinhos, lançado também pela Marca de Fantasia, em 2010. Entretanto, mesmo com o livro, as questões continuaram a chegar, o que levou à ideia de produzir um segundo volume.
Um acaso contribuiu também para a produção do segundo livro. Convidado para o evento Muiraquicon, em Belém, em 2012, foi-lhe pedido que preparasse duas palestras diferentes sobre roteiro. “A saída foi produzir uma palestra auto-biográfica, explicando como escrever quadrinhos a partir da minha própria trajetória. Os problemas que enfrentei e como os resolvi”, conta o roteirista. Assim, além das técnicas de roteiro, o livro se debruça sobre o processo criativo a partir da experiência do próprio autor.
SERVIÇO
Lançamento do livro Como escrever quadrinhos
Onde: Gibiteca de Curitiba
Quando: Dia 16 de junho, às 19 horas
Valor: 20 reais (preço promocional de lançamento)