A matéria da Folha de São Paulo sobre a corrida eleitoral mostra o despreparo do jornalismo atual, em especial quando o tema são pesquisas de opiniões. Culpa ou da falta da disciplina Estatística ou dessa disciplina ministrada apenas como cálculo, como se jornalista precisasse fazer algum cálculo estatístico.
Jornalista precisa saber ler pesquisa - e é para isso que deveria servir a disciplina Estatística.
O texto simplesmente repete o que está nos gráficos e não reflete sobre eles. Lendo o texto, pode-se achar que Lula teria alguma chance na corrida eleitoral (afinal, ele está à frente dos outros).
Ocorre que, mesmo Lula estando à frente dos outros, a rejeição dele é de 53%. OU SEJA: 53% do eleitorado não votaria nele de jeito nenhum. Impossível ganhar uma eleição quando se tem uma rejeição tão grande (de mais da metade do eleitorado). Marina, por outro lado, tem uma rejeição de apenas 20%. Isso significa que ela ainda pode crescer muito, conquistando os indecisos e até eleitores de outros candidatos.
Por outro lado, o candidato X tem apenas 8% das intenções de votos, mas se, digamos, tiver uma rejeição de apenas 10% do eleitorado, pode crescer à vontade, chegando mesmo a vencer a eleição (a matéria, infelizmente omite esse dado sobre candidato x, de modo que ficamos sem ter a menor noção de como ele de fato se sairia numa corrida eleitoral). Já cansei de ver candidatos começarem com menos de 10% das intenções de votos e ganharem a eleição - graças à rejeição dos outros.
Em qualquer eleição, a rejeição é mais importante que a intenção de votos. Mas parece que os jornalistas esqueceram - ou não aprenderam isso.
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