As origens do funcionalismo estão
no samsionismo, doutrina criada pelo filósofo Saint Simon. Influenciados pelo iluminismo, os
samsionistas sonhavam mudar o mundo através da ciência e da tecnologia. Essa
doutrina ajudou a criar a crença na importância social da ciência e da técnica
e influenciou poderosamente o desenvolvimento industrial. As narrativas de Júlio
Verne, em que a ciência tinha papel predominante, são a imagem mais conhecida
dessas ideias.
Para os samsionistas, a
sociedade era um corpo, no qual cada parte teria sua função. Nessa abordagem,
os sistemas de comunicação teriam a mesma função que o sistema nervoso. Essa
ideia de função da comunicação teria forte influência sobre os funcionalistas e
daria nome a essa escola da comunicação.
O funcionalismo inicia de
fato com a Escola de Chicago, na década de 1910. Liderados por Robert
Erza Park, um repórter experiente em grandes reportagens e militante da causa
negra, pesquisadores analisam a integração dos imigrantes na sociedade
americana. Park descobre que os jornais (muito populares na época, com tiragens
astronômicas) se tornam um forte elemento integrador. É através deles que os
imigrantes aprendem a língua e a cultura americana.
Para Park, é a luta por espaço que rege as relações individuais. A função
da comunicação é regular essa competição, permitindo aos indivíduos
participarem da sociedade.
Segundo Park, as relações na sociedade passam por um processo de equilíbrio,
crise, e volta ao equilíbrio. No caso dos imigrantes, esse esquema se daria
através de competição, conflito, adaptação e assimilação. Ao final desse
processo, o corpo social voltaria ao equilíbrio.
Dessas primeiras investigações surgem duas palavras fundamentais no
funcionalismo: função e equilíbrio.
Outro autor importante no desenvolvimento da escola foi o sociólogo Charles
Horton, criador do conceito de grupo primário. Sua teoria é uma critica aos
autores que acreditavam que a urbanização destruía os vínculos entre as
pessoas, criando uma massa amorfa. Para Horton, as pessoas continuavam tendo
relações sociais através desses grupos: família, escola, trabalho, igreja e
outros. Esse conceito seria fundamental em pesquisas funcionalistas
posteriores.
Um dos marcos na fundação do funcionalismo foi a publicação do livro Propaganda Technique in the World War ,
de Harold Laswell, lançado em 1927, na qual ele argumenta que a derrota dos
alemães na I Guerra Mundial se deu em decorrência da boa propaganda dos
aliados.
Para Laswell, os meios de comunicação de massa são um meio para a gestão
governamental de opiniões, já que a propaganda é um meio não violento de
conseguir o apoio das massas.
Laswell também foi pioneiro ao propor um modelo de comunicação,
resumido na frase: Quem diz o que para quem através de que canal com que
efeito.
Talvez a mais célebre contribuição de Laswell para o estudo da
comunicação tenha sido o conceito de agulha hipodérmica. Para Laswell, os meios
de comunicação são como uma agulha, que injeta seus estímulos diretamente na
mente dos receptores, provocando uma resposta por parte destes. Nesse ponto de
vista, a mídia tem um poder absoluto sobre sua audiência.
A teoria hipodérmica teve enorme influência sobre a imaginação popular
e foi base para romances distópicos, como 1984, de George Orwell, em que a
televisão é usada para controlar a população.
Entretanto, os próprios pesquisadores funcionalistas logo perceberam
que a influência da mídia não era tão grande quanto se pensava.
Lazzarsfeld, outro grande nome do funcionalismo, foi um dos primeiros a
criticar a teoria hipodérmica. Suas pesquisas mostraram que as populações das
grandes cidades não eram uma massa amorfa, como imaginava a teoria hipodérmica,
mas tinha relações sociais fortes através dos grupos primários e estes
filtravam o conteúdo da mídia. Assim, o poder dos MCM poderia ser ampliado pelo
grupo primário (como no caso da juventude hitlerista, que reforçava a
propaganda nazista) ou esse grupo poderia diminuir seus efeito (quando o grupo
primário se posiciona contra a mensagem
da mídia).
Lazzarsfeld também aprimora a teoria sobre as funções sociais da mídia.
Além das funções das funções de vigilância do meio, estabelecimento das relações
sociais e transmissões sociais (propostas por Laswell), Lazzarsfeld acrescenta
a função de entretimento e de atribuição de status. Dessa forma, os MCM
legitimam o status das pessoas famosas ou criam status para os que não são
famosos.
Lazzarsfeld também percebeu que a mídia pode cumprir o que ele chamou
de disfunção narcotizante gerando apatia política por parte da população.
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