A hipótese é uma resposta
provisória para o problema. É sempre representada por uma frase afirmativa e
deve, preferencialmente, estabelecer a relação entre as mesmas variáveis do
problema:
EXEMPLO:
PROBLEMA: O uso do
computador torna as pessoas mais solitárias?
HIPÓTESE: O computador
promove a socialização de tímidos.
As hipóteses podem ser indutivas ou dedutivas. Se forem indutivas,
pesquisa-se vários casos para se chegar a uma lei geral. Parte-se do singular
para o universal. A hipótese dedutiva parte do universal para o singular.
Assim, formula-se uma lei geral, que deve ser confirmada ou falseada pelo
estudo dos casos. Atualmente a hipótese dedutiva é mais usada.
Lembre-se: sua hipótese pode ser confirmada ou falseada.
Sua hipótese deve permitir o falseamento, assim, quanto mais
específica for, melhor. Popper já dizia que o enunciado “Vai chover amanhã” não
é científico, pois certamente vai chover amanhã em algum lugar do mundo. É
impossível falsear essa hipótese.
Imaginemos o seguinte problema:
A doença X é causada por uma bactéria ou um vírus?
A hipótese pode ser ou “A doença X é causada por uma bactéria”
ou “A doença X é causada por um vírus”.
A hipótese: “A doença X é causada por uma bactéria ou por um vírus” não
é científica, pois é difícil de ser falseada.
Rudio (2002, p.990) explica que uma hipótese deve ser: a) plausível;
b) consistente; c) específica; d) verificável; e) clara; f) simples; g)
econômica; h) explicativa.
A seguir, analisaremos cada um desses critérios.
Plausível
A hipótese deve indicar uma situação possível de
ser admitida. Assim, diante da problemática “O remédio X cura a inflamação de
garganta?”, não serve a formulação: “O remédio X cura imediatamente não só a
inflamação de garganta, como a diarréia, o câncer de mama e alergia”. A
hipótese não é científica porque, primeiro, nenhum remédio cura imediatamente
uma doença e, segundo, nenhum remédio consegue curar doenças tão díspares
quanto inflamação de garganta, diarréia e câncer de mama. Formulações desse
tipo são características da pseudociência, não da ciência.
Consistente
A consistência indica que a hipótese não está em contradição
com o conhecimento científico existente. Ela também indica que o enunciado não
tem contradições internas. Assim, não serve a hipótese: “O remédio X cura a
inflamação de garganta, pois essa doença
não tem causas físicas e só pode ser curada
através de um processo espiritual”. A hipótese está errada, pois o
conhecimento científico tem demonstrado que a inflamação de garganta tem sim
causas físicas. Além disso, o enunciado tem uma contradição interna. Se a
doença só pode ser curada através de um processo espiritual, então um remédio
físico não pode curá-la.
É importante notar que há situações incomuns em que as hipóteses
vão contra o paradigma dominante. Entretanto, essas hipóteses revolucionárias
são baseadas em fatos científicos que não se encaixam na explicação do
paradigma, as chamadas anomalias.
Específica
O enunciado deve ser específico. Hipóteses muito amplas são
impossíveis de serem falseadas. Assim, não serve a hipótese: “O remédio X cura
doenças”. Quais são as doenças que ele cura? Em que situação? Outro exemplo:
“Em qualquer caso, em qualquer situação, o uso de psicotrópicos levará seus
consumidores a praticarem crimes”. É impossível observar qualquer caso,
qualquer situação referente a esse fenômeno. Por outro lado, uma hipótese
específica caracteriza-se como científica: “Os jovens do bairro do Congós em
Macapá, envolvidos em crimes no ano de 2000, na sua maioria, são consumidores
de drogas psicotrópicas”.
Verificável
A
hipótese deve ser verificável em termos do conhecimento científico atual.
Assim, a hipótese “O remédio X cura doenças de origem espiritual” não é
científica porque não tem como investigar o espírito humano. Outro exemplo de
hipótese que não pode ser verificada: “Os crimes são cometidos por influência
de forças malignas”
Clara
A hipótese deve ser a mais clara possível. Termos não muito
claros devem ser evitados, assim como frases repletas de períodos compostos.
Exemplo: “Num contexto holístico humano, dentro de uma perspectiva pós-moderna
do neoliberalismo contigente, o remédio X pode servir de paliativo numa
situação de enfermidade crônica”.
Simples e
econômica
Deve-se evitar todas as palavras que não são necessárias à hipótese.
Não enrole ou use uma linguagem pomposa. Exemplo: “Diante do problema dado,
pode-se afirmar que o remédio X, de ótima fórmula, cura a doença Y, que tantas
vítimas tem feito”. Para começo, toda a parte inicial da hipótese pode ser
simplesmente eliminada. “Diante do problema dado” não acrescente nada à
hipótese. Ademais, expressões como “de ótima fórmula” ou “que tantas vítimas
tem feito” só servem para embelezar a frase, mas não trazem nenhuma informação.
Podem, portanto, ser cortadas.
Explicativa
A
hipótese deve, obrigatoriamente, se relacionar com o problema. Uma hipótese que
não responda à problemática não tem utilidade. Assim, diante do problema “O
remédio X cura a doença Y? “ não serve a hipótese: “O remédio X tem um sabor
agradável”.
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