Entre os desenhistas surgidos na década de
1950, um deles se revelou um verdadeiro mestre, à altura de gente como Hall
Foster e Alex Raymond. Seu nome era Al Williamson.
Williamson nasceu em New York, no ano de
1931, mas logo sua família se mudou para a Colômbia, onde ele permaneceu até 1943.
Durante a infância, Al lia, basicamente, revistas em quadrinhos mexicanas com
material mexicano e argentino. O quadrinho argentino iria influenciá-lo por
muito tempo. Mas a sua grande inspiração foi o desenhista americano Alex
Raymond. Williamson, ainda criança, assistiu uma fita do seriado de Flash
Gordon e ficou encantado. A partir de então tornou-se absolutamente fã das
histórias de Raymond. Quando voltou para os EUA, o garoto já se decidira que
iria ser quadrinista. Assim, inscreveu-se na escola de Arte Visual, de Burne Hogart,
desenhista de Tarzan. Al era um bom aluno, mas o atrito entre os dois era inevitável: Hogart
insistia que os alunos seguissem o seu estilo, e Al preferia seguir o estilo de
Alex Raymond. Apesar das desavenças, Hogart chegou a dar três páginas
dominicais para que o jovem desenhista as trabalhasse a lápis.
Depois disso, Al Williamson foi desenhando várias
histórias até se tornar um dos desenhistas mais importantes dos anos 50 e 60
nos EUA. Entre 1952 e 55 ele trabalhou na EC Comics, que foi a meca dos
quadrinhos de qualidade nos EUA antes de
ser perseguida pelo marchatismo. Depois disso, fez trabalhos a Warren (cujas
histórias saiam no Brasil na extinta Kripta). Mas em 1966 o garoto que adorava
os seriados de Flash Gordon teve a oportunidade de desenhar o seu herói. Al Williamson
desenhou três números da revista Flah Gordon (algumas dessas histórias saíram
no Brasil em revistas da RGE). Foi o bastante para demonstrar que ele era o
seguidor mais talentoso de Alex Raymond. Tanto que a King Features Syndicates o
chamou para desenhar as tiras de Agente Secreto X9, outro personagem criado por
Raymond. Os roteiros ficaram a cargo de Archie Goodwin. Goodwin tem uma
característica interessantes. É um desses roteiristas que não conseguem
trabalhar com super-heróis (suas histórias no gênero são sofríveis), mas que se
movimenta muito bem no gênero policial. As histórias criadas por Goodwin para
X-9 estão entre os melhores quadrinhos policiais de todos os tempos e são,
inclusive melhores que algumas das histórias de Dashiell Hammett, que escrevia
o personagem na época em que Alex Raymond desenhava.
Goodwin e Williamson reformularam completamente o personagem, dando
à tira um toque de espionagem. O nome da tira, inclusive, foi mudado para
Agente Secreto Corrigan. A dupla esteve a cargo do personagem de 1967 até 1980.
Depois disso Al Williamson fez poucos trabalhos pessoais e chegou até mesmo a
fazer arte-final para John Romita Jr quando este desenhava o Demolidor. O que é
lamentável, pois, embora Romita não seja um desenhista ruim, seu traço é
bastante simples e não chega nem de longe à sofisticação de Williamson.
Al Williamson começou a desenhar X-9
numa época em que o feminismo estava em alta e, da revolução sexual parecia
estar surgindo uma nova mulher. Seus desenhos refletem isso. As moçoilas que
contracenavam com o agente secreto Corrigan não eram simples coadjuvantes,
prontas a pedir socorro ao menor sinal de perigo. Ao contrário, eram mulheres
liberadas e valentes. Williamson as fazia vestidas com calças justas e botas,
mas ainda assim elas continuavam extremamente femininas.
Outro trabalho importante do
desenhista, até hoje lembrado pelos fãs, foi a quadrinização dos primeiros
filmes da série Guerra nas Estrelas.
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