Em 1924 o casal Oswald de Andrade de Tarsila do Amaral acompanhou
o escritor franco-suíço Blaise Cendrars às cidades históricas de Minas Gerais.
O escritor ficou encantando com o que viu, o que despertou no casal o interesse
pela cultura brasileira. Artistas como Aleijadinho haviam se apropriado do
barroco europeu e transformado em outra coisa, com formas únicas e anjinhos
mulatos.
Essa experiência marcou profundamente Oswald e Tarsila e, quatro
anos depois, levou-os a criar o movimento antropofágico, segundo o qual a
característica de nossa cultura é exatamente essa: pegar o que vem de fora,
devorar e transformar em algo diferente.
Entre as obras que marcaram essa fase está Antropofagia, de 1929. O quadro remete diretamente ao famoso Abapuru
com suas formas distorcidas, pés enormes e cores fortes. Mas aqui há mais
fatores: o enorme seio da mulher, que se sobressai na imagem e o fundo de
vegetação exuberante – em contaste com a paisagem agreste de Abapuru. Sobre as
cores, Tarsila certa vez declarou: “Encontrei em Minas as cores que adorava em
criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Segui o ramerrão do
gosto apurado... Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para minhas
telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”.
Sem comentários:
Enviar um comentário