Um dos aspectos mais interessantes do personagem Superman é como
ele tem sido objeto das abordagens mais diversas, o que mostra o quanto o herói
é, na verdade, complexo. Superman – as quatro estações, de Jeph Loeb (roteiro),
Tim Sale (desenhos) e Bjarne Hansen (cores) mostra um aspecto poucas vezes
explorado no personagem: a do matuto garoto de interior, o ingênuo habitante da
Smallville.
O belíssimo desenho de Tim Sale explora esse lado matuto de
Clark Kent, retratando-o como um rapaz enorme com cara de criança. Essa
dualidade entre a personalidade ingênua e o enorme poder é detalhado também
pelo texto de Jeph Loeb, ao explorar o início da carreira do personagem, quando
ele ainda estava descobrindo seus poderes, tinha muitas dúvidas e até medos.
Como o próprio nome diz, a série é dividida em quatro capítulos,
cada um ligado a uma estação e cada um narrado por um personagem: Jonathan
Kent, o pai adotivo de Clark Kent narra a primavera, Lois Lane narra o verão,
Lex Luthor o outono e Lana Lang o inverno.
Essa mudança de foco narrativo é interessante por mostrar o
herói sob vários ângulos diferentes.
Nesse sentido provavelmente o capítulo de Lex Luthor é o mais
interessante, já que é o ponto de vista de um vilão. É um capítulo sobre
ciúmes, sobre como o homem de aço tirou de Luthor o protagonismo em Metrópolis
e como este se vinga de forma muito sutil, antigindo o personagem em sua maior
fraqueza. O capitulo ironicamente mostra o kriptoniano como alguém muito mais
humano que o terrestre Luthor.
Embora o roteiro seja todo certinho, é a arte que se destaca.
Tim Sale não só é um desenhista incrível, como é um narrador soberbo, sabendo
exatamente como intercalar sequências de vários quadrinhos com splah pages.
Aliás, cada página é uma aula de como usar a diagramação como elemento
narrativo.
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