segunda-feira, agosto 17, 2020

Coluna de fogo, de Ken Follett



O reinado da Rainha Elizabeth foi um dos mais importantes  e também um dos mais conturbados períodos da história da Inglaterra. A Rainha virgem criou as condições para que a Ingaterra se tornasse a maior potência mundial e centro cultural do mundo. Mas ela sofreu várias tentativas de golpes, assassinatos, uma quase guerra civil e a invasão da maior armada do mundo.
É esse período conturbado que Ken Follett narra em seu livro Coluna de fogo, terceira parte da trilogia inicada em Os pilares da terra.
A história inicia em 1558, dois séculos depois da construção da Catedral de Kingsbridge (que era o fio condutor de Os pilares da terra). A rainha Elizabeth chega ao poder depois da morte de sua irmã. O país vinha sendo dilacerado por conflitos religiosos. O pai de Elizabeth, Henrique VIII, havia rompido com a igreja católica e transformado a Inglaterra num país protestante e passara a perseguir católicos, muitas vezes enviando-os à fogueira. Já sua filha, Maria, era católica e passou a perseguir protestantes, enviando-os à fogueira. Quando Elizabeth ascende ao trono sua promessa é tornar o país uma terra de tolerância, em que ninguém seria morto por sua fé.
Essa trama é contada do ponto de vista de Ned Willard, descendente dos constrututores da catedral e da ponte (narrada em Mundo sem fim). Mas, ao contrário de seus ancestrais, negociantes e engenheiros, Ned torna-se um político. Ao ver um dos cidadãos de Kingsbridge ser morto na fogueira por ser protestante, e após sua mãe perder tudo num julgamento manipulado por um bispo católico, ele decide se colocar a serviço de Elizaberth e ajudá-la a construir um país de tolerância e no qual cada um possa viver sua vida, ganhar seu dinheiro, sem ser incomodado por questões religiosas. Para isso ele acabará se tornando uma peça-chave de seu sistema de espionagem inglês – um dos primeiros do mundo e com agentes em todos os países da Europa.
Por outro lado, seu irmão, Barney, é perseguido pela inquisição na Espanha e, depois de várias peripécias, acaba embarcando em um navio e se tornando um pirata – a pirataria, embora ilegal, era tolerada pela rainha Elizabeth.
De todos os livros da trilogia esse é, sem dúvida, o mais interessante e o que apresenta uma trama mais envolvente. Um dos acertos foi tirar a ação de Kingsbridge. Como tanto Pilares da terra quanto Mundo sem fim se passavam na cidade, centrar os acontecimentos ali num terceiro livro o tornaria cansativo para os leitores. E essa ampliação da ambientação permitiu a Ken Follett contar boa parte da história do período. Temos núcleos nos países baixos, na Espanha, na França, na Inglaterra e até no novo mundo. O autor, por outro lado, aproveita muito bem os eventos históricos para compor uma trama irresistível, repleta de suspense e de ação. São 800 páginas que passam muito rápido.   

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