quarta-feira, novembro 04, 2020

Bom dia, Verônica

 


Bom dia, Verônica, série brasileira da Netflix, é uma das melhores surpresas do ano, especialmente para quem gosta de histórias de suspense.

A série é baseada no livro homônimo de Ilana Casoy e Raphael Montes. Ilana é autora de dois livros sobre psicopatas, o que por si só já é um bom crédito para uma série sobre um serial killer.

Na história, uma escrivã de polícia acaba se deparando com um caso de um assassino serial quando a esposa desse liga para a delegacia. O que parecia apenas um caso de violência doméstica se revela algo muito mais aterrador: o psicopata usava a esposa para aliciar mulheres, todas vinda do Maranhão,  com a promessa de emprego. As mulheres são depois torturadas e mortas enquanto a esposa é obrigada a assistir pelos buracos de uma caixa de madeira colocada em sua cabeça.

O grande problema é que o assassino é também um tenente coronel da polícia e parece estar envolvido com um grupo infiltrado nas forças de segurança (embora não esteja claro do que se trata esse grupo é possível especular que se trata de um tipo de milícia). Não bastasse os próprios perigos relacionados a uma investigação de um serial killer se mistura mais esse: em quem confiar? Quem poderia ajudar na investigação e quem poderia na verdade repassar informações para o assassino, colocando não só a vida da escrivã, mas também sua família em perigo? Para piorar, tudo leva a crer que o pai da protagonista foi vítima desse mesmo grupo.

Soma-se a isso o cotidiano da própria esposa abusada tentando sobreviver na convivência com um homem extremamente violento que pode matá-la a qualquer momento.

Tudo isso constrói um clima de eterno suspense, deixando o leitor sempre no fio da navalha.

Direção e roteiros são extremamente competentes ao criar esse clima tenso, mas o grande atrativo mesmo é o elenco. Tainá Müller mostra que é muito mais do que um rosto bonito e magnetiza o leitor com sua interpretação da escrivã tanto em cenas de ação quanto em cenas mais intimistas. Camila Morgado e Eduardo Moscovis dão um show no papel, respectivamente, da esposa e do serial killer. As cenas cotidianas dos dois, por mais banais que sejam, como um simples jantar, são altamente carregadas de tensão. Um gesto de carinho pode esconder uma violência e um sorriso pode ser uma simples máscara para um drama intenso. A dinâmica entre os dois atores é tão perfeita que esses papéis marcarão a carreira dos dois.

Infelizmente nem tudo é explicado. Não sabemos, por exemplo, porque o serial killer só mata mulheres vindas do Maranhão ou qual a relação disso com sua mãe. É possível que a segunda temporada explique melhor esses temas.

Mas atenção: bom dia verônica é uma série pesada. Não é para todos os públicos. 

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