Bom dia, Verônica, série brasileira da Netflix,
é uma das melhores surpresas do ano, especialmente para quem gosta de histórias
de suspense.
A série é baseada no livro homônimo de Ilana
Casoy e Raphael Montes. Ilana é autora de dois livros sobre psicopatas, o que
por si só já é um bom crédito para uma série sobre um serial killer.
Na história, uma escrivã de polícia acaba se
deparando com um caso de um assassino serial quando a esposa desse liga para a
delegacia. O que parecia apenas um caso de violência doméstica se revela algo
muito mais aterrador: o psicopata usava a esposa para aliciar mulheres, todas
vinda do Maranhão, com a promessa de
emprego. As mulheres são depois torturadas e mortas enquanto a esposa é
obrigada a assistir pelos buracos de uma caixa de madeira colocada em sua
cabeça.
O grande problema é que o assassino é também um
tenente coronel da polícia e parece estar envolvido com um grupo infiltrado nas
forças de segurança (embora não esteja claro do que se trata esse grupo é
possível especular que se trata de um tipo de milícia). Não bastasse os
próprios perigos relacionados a uma investigação de um serial killer se mistura
mais esse: em quem confiar? Quem poderia ajudar na investigação e quem poderia
na verdade repassar informações para o assassino, colocando não só a vida da
escrivã, mas também sua família em perigo? Para piorar, tudo leva a crer que o
pai da protagonista foi vítima desse mesmo grupo.
Soma-se a isso o cotidiano da própria esposa
abusada tentando sobreviver na convivência com um homem extremamente violento
que pode matá-la a qualquer momento.
Tudo isso constrói um clima de eterno suspense,
deixando o leitor sempre no fio da navalha.
Direção e roteiros são extremamente competentes
ao criar esse clima tenso, mas o grande atrativo mesmo é o elenco. Tainá Müller
mostra que é muito mais do que um rosto bonito e magnetiza o leitor com sua
interpretação da escrivã tanto em cenas de ação quanto em cenas mais
intimistas. Camila Morgado e Eduardo Moscovis dão um show no papel,
respectivamente, da esposa e do serial killer. As cenas cotidianas dos dois,
por mais banais que sejam, como um simples jantar, são altamente carregadas de
tensão. Um gesto de carinho pode esconder uma violência e um sorriso pode ser
uma simples máscara para um drama intenso. A dinâmica entre os dois atores é
tão perfeita que esses papéis marcarão a carreira dos dois.
Infelizmente nem tudo é explicado. Não sabemos,
por exemplo, porque o serial killer só mata mulheres vindas do Maranhão ou qual
a relação disso com sua mãe. É possível que a segunda temporada explique melhor
esses temas.
Mas atenção: bom dia verônica é uma série
pesada. Não é para todos os públicos.
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