A cidade à beira da eternidade é o mais premiado e aclamado episódio da série clássica de Jornada nas Estrelas. Entretanto, a versão que foi para as telas era muito diferente da versão original, do escritor Harlan Ellison. Ellison, aliás, ficou tão indignado com as alterações que repudiou o episódio e só aceitou que seu nome aparecesse nos créditos porque isso lhe abria caminho para escrever filmes e séries.
Em 2014 a editora IDW resolveu publicar uma versão em quadrinhos dessa história clássica com roteiro de David Tipton e Scott Tipton e arte de J.K. Woodward, mas adaptando à risca o roteiro de Ellison.
O resultado é muito interessante, especialmente para comparar as diferenças entre as duas versões.
A primeira coisa que salta à vista é que na versão original a história começava com uma trama de tráfico de drogas. É o traficante que desce ao planeta e volta ao passado, modificando o passado e alterando completamente o futuro. Na versão de Gene Romdemberry, é McCoy, que afetado por uma dose excessiva de remédio, que volta no tempo.
A trama sobre drogas dificilmente seria aceita pela televisão da época. Além disso, ia contra a ideia de Gene Roddenberry de Jornada nas Estrelas como uma espécie de utopia tecnológica.
A sequência do planeta mostra outra alteração necessária: no roteiro de Ellison eles encontram de fato uma cidade, com vários seres que controlam o tempo. Como forma de cortar os custos, rondeberry cortou a cidade e deixou apenas um portal. Funcionou bem, embora o título tivesse perdido o sentido.
A trama na terra também fica mais sintética e mais fluída com a eliminação de alguns personagens e sequências. Colocar a jovem micssionária Edith Keeler como proprietária do local que dá comida aos necessitados funciona muito bem e dá sentido aos seus sermões, que na versão televisiva se interliga com a própria utopia de Jornada.
Por fim, trocar o traficante por McCoy tornou mais coerente o final, uma vez que esse também passa a ter uma relação com a missionária e, assim, tem uma razão concreta para salvá-la.
A conclusão é de que a versão de Ellison é muito boa. Só não é Jornadas.
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