Ragnok,
série norueguesa da Netflix tem similaridades óbvias com a série brasileira
Cidade Invisível. Nas duas, seres mitológicos vivem misturados com humanos, há
uma trama policial e questões ambientais.
Mas Ragnarok
evita todos os problemas de Cidade Invisível, entregando uma história muito
mais consistente e verossímil.
Na trama, o
enorme adolescente Magne está com sua família de volta para a pequena cidade da
Noruega que foi o último local a resistir ao cristianismo, razão pela qual a
cidade ainda respira a mitologia nórdica. Logo que chega, ele ajuda um senhor
caolho com sua cadeira de rodas e recebe um toque na testa de uma senhora que
trabalha no mercadinho, o que revela seus poderes extraordinários (ele,
aparentemente é uma reencarnação de Thor, o deus do trovão).
Mange faz
amizade com uma jovem ambientalista que acredita que as indústrias Jutul, da
família mais poderosa do local, estão poluindo a água. Mas, enquanto
investigava, ela morre aparentemente num acidente com um parapente. Caberá
agora a Magne provar que ela foi morta pelos Jutul ao mesmo tempo em que lida
com seus poderes recém-descobertos.
O
interessante da série é que nada é entregue facilmente. O máximo de explicações
são pequenas citações no início de cada capítulo que esclarecem quem eram
determinados personagens mitológicos. A ligação entre a citação e os
acontecimentos dos capítulos é que permitem ao expectador sacar o que está
acontecendo. Um dos capítulos, por exemplo, começa com uma citação que explica quem
eram os gigantes (inimigos dos deuses) e como o capítulo é focado na família
Jutul, conseguimos identificar que aquela família são os últimos gigantes.
Aliás, Jutul é uma corruptela de Jotun, a forma como os gigantes eram chamados
antigamente. Essa forma de apresentação dos seres mitológicas faz com que ele
eles se tornem muito mais críveis na trama, assim como suas motivações.
Outro
aspecto é como a questão ecológica é entremeada à trama principal de forma mais
homogênea – e representada por um perigo real e palpável – a contaminação da
água. Os novos gigantes são como aqueles da mitologia: eles não se importam com
a destruição que provocam porque não são afetadas por ela. Em Cidade invisível,
o perigo ambiental fica longe de ser óbvio. O assassinato também é muito mais
orgânico. Aqui existe uma razão real, palpável para que o assassinato seja
cometido, o que leva ao gancho que provoca a trama.
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