Enrique Alcatena é conhecido dos leitores brasileiros
principalmente por seus trabalhos na DC e na Marvel. Mas ele tem uma vasta
produção em seu país local, a Argentina, quase desconhecida no Brasil, a
exemplo do álbum A fortaleza móvel e o mundo subterrâneo, lançado em 2020 pela
editora Pipoca e Nanquim.
O álbum reúne histórias do mercenário Bass de Avregaut com
roteiro do também argentino Ricardo Barreiro. É um encontro de mestres.
Barreiro é um roteirisita extremamente criativo, com conceitos absurdamente inovadores
e Alcatena, embora estivesse ainda em início de carreira, deslumbrava ao levar
os conceitos criados pelo roteirista a caminhos inusitados.
Os superlativos não são por acaso. A fortaleza móvel e o
mundo subterrâneo é um trabalho realmente surpreendente pela qualidade – e por
fugir daquilo que estamos acostumados no gênero espada e magia.
A trama acompanha o mercenário Bass em uma série de
infortúnios. Inicialmente ele está atravessando o deserto em um triceratops
(chamado na história de Orlock) quando é atacado por um monstro gigantesco que
se move pelas areias.
Ele encontra abrigo numa fortaleza amaldiçoada de onde é obrigado a fugir num dirigível. Na sequência é abatido e colocado como escravo na fortaleza móvel, um gigantesco veículo acionado por uma espécie de carvão radioativo que deforma quem entra em contato com ele (os que trabalham nas caldeiras, como Bass, são obrigados a usar uma roupa especial que nunca pode ser tirada). A fortaleza será usada para devastar uma cidade.
Quando a guerra finalmente se define, Bass foge novamente
num dirigível até ser capturado pelo povo subterrâneo, composto por albinos
cruéis. Ali ele deve combater pela princesa contra outros campeões em um
torneio em que quem vence deverá fecundar todas as mulheres virgens.
Como se vê, os conceitos são bizarros. Mas Alcatena os torna
ainda mais bizarros. Nada é previsível em em sua visão desse mundo. Assim, a
caldeira da forteleza móvel parece um monstro, torres parecem homens meditando,
montanhas assemelham-se a caretas grotescas prontas a abocanhar o dirigível.
Em várias páginas, alcatena apresenta um quadro maior, em
que deixa sua imaginação fluir em imagens que sintetizam o melhor da fantasia.
Altamente influenciado por Hector Oesterheld, Barreto
apresenta um texto que flerta com o litário e complementa com perfeição as
aloprações visuais de alcatena.
Ao ler, é impossível não imaginar o que seria o trabalho da
dupla nos famosos personagens Marvel-DC. Certamente seria revolucionário.
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