sábado, março 19, 2022

Monstro do Pântano – Padrões de crescimento


No número 36 da revista Swamp Thing o Monstro do Pântano havia morrido envenenado pela radição do fuça radioativa.

No número 37 ele renasceu, brotando novamente no solo. Esse renascimento era simbólico. Representava também uma mudança no título e no próprio personagem, que a partir daí descobriu que poderia deixar um corpo morrer num local e ressurgir em outro local (posteriormente essa habilidade permitiu a ele até mesmo viajar para outros planetas). Mas também foi marcada pelo surgimento de um novo personagem: John Constantine. O anti-herói surgira a pedido dos desenhistas John Totleben e Stephen Bissette, que eram fãs do Sting e queriam desenhá-lo nas histórias.

A imagem de John Constantine era baseada no cantor Sting. 


Alan moore criou um mago misterioso, cínico, que cativou os leitores desde sua primeira aparição. “Sou gente ruim, xará. Pode conferir por aí”, diz ele na sua primeira conversa com o Monstro do Pântano. Posteriormente essa característica do personagem seria sintetizada na frase: “Não diga nada de bom sobre mim, isso arruinaria a minha imagem”.

O interessante dessa HQ é que Moore transforma algo que deveria ser tedioso (uma planta nascendo em crescendo lentamente) numa tremenda trama de suspense ao intercalar com a narrativa paralela de Constantine.

Não diga nada de bom sobre mim. Isso arruinaria minha imagem. 


Constantine visita uma amiga punk que acredita que um campo de energia extragaláctico está se libertando, o que poderá provocar o fim do mundo. Já para um nerd, é o monstro lovecraftiano Cthulhu, para uma freira, é Satã. O certo é que algo maligno está se retornando e provavelmente, o Monstro do Pântano será essencial para evitar que esse mal ecloda.

Uma verdadeira aula de como intercalar a trama principal com a trama paralela. 


Uma das sequências mais geniais é quando um monstro sai da prancheta de desenho da namorada de Constantine para aterrorizá-la. As duas sequências se encaixam perfeitamente, com o texto de uma descrevendo o que está acontecendo na outra. À certa altura, por exemplo, constantine diz: “Até o seu namorado saber o que ele é, na vida dele sempre vai ter... algo faltando”. E o desenho mostra a folha de papel, sem o monstro que fora desenhado. Uma aula sobre como trabalhar uma trama paralela.

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