quinta-feira, março 23, 2023

The Batman, de Matt Reeves

 


Antes de ler, um aviso: esta resenha contém spoiller.

Matta Reeves tinha uma tarefa ingrata: fazer MAIS um filme do Batman. Pior: como aparentemente a ideia da Warner era não repetir vilões, o que sobrou é um dos vilões mais ridículos do cavaleiro das trevas: O Charada.

Matt acerta no tom, ao fazer um Batman que é muito mais um detetive do que um herói de ação. A película também tem o ar sombrio que se espera de uma história do homem-morcego.

O charada foi transformado do brincalhão que avisava o Batman antes de cada crime apenas para ser pego em um assassino serial que faz um jogo de gato e rato com o herói. Suas pistas fazem parte de um plano maior cujo objetivo é desmascarar uma rede de corrupção em Gothan que envolve de mafiosos ao prefeito. Em muitos sentidos, o filme lembra Seven, provovalmente um dos melhores filmes sobre assassinos seriais de todos os tempos.

Ou seja: é um filme que acerta no tom e que transforma um vilão caricato num perigo real.

Mas aí começam os problemas.

Embora o expectador acompanhe toda a investigação de Batman e todos os passos que o levam a descobrir a verdade, o mesmo não ocorre com o Charada. Ele descobre sozinho o maior segredo de Gothan e ninguém sabe como ele conseguiu isso. Pior: ele aparentemente sabe sabe até mesmo que Batman é Bruce Wayne (há várias pistas nesse sentido), algo que nem mesmo o comissário Gordon desconfia. Em nenhum momento é explicado como ele conseguiu decifrar esses dois segredos.

É o que chamamos de roteirismo: para a história funcionar, o vilão precisava conhecer a identidade secreta de Batman e precisava ter desvendado o esquema de corrupção da cidade. Então simplesmente o colocaram sabendo dessas informações, sem se preocupar com qualquer explicação a respeito.

Há um outro problema: na tentativa de imitar Seven, o filme tem um quarto ato, que ocorre após a prisão do vilão. Mas em Seven esse quarto ato era rápido e a prisão do vilão era fundamental para que o quarto ato fosse desencadeado. Aqui o quarto ato é muito longo e a prisão do vilão não interfere em nada. O quarto ato, inclusive, torna o filme ainda mais longo – no total são 3 horas de película.

Enfim, Batman de Matt Reeves era um filme que tinha tudo para se tornar um clássico. Mas peca pelo excesso pelos problemas de roteiro.     

Em tempo: Zoë Kravitz está perfeita no papel de Mulher Gato. Impressionante imaginar que ela foi rejeitada para esse mesmo papel na trilogia do Christopher Nolan.

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