sábado, dezembro 23, 2023

A felicidade não se compra

 

Qualquer relação dos melhores filmes de Natal irá incluir, obrigatoriamente, A felicidade não se compra, de Frank Capra.

Lançado em 1946, o filme inicialmente não foi um sucesso de bilheteria, mas foi ganhando popularidade na década de 1950 quando começou a ser exibido por emissoras de TV norte-americanas na véspera de Natal, tradição que é seguida por algumas dessas emissoras até os dias atuais.

O filme é protagonizado por George Bailey (James Stewart), um homem que sempre colocou o interesse dos outros em primeiro lugar. Quando criança, ele perdeu a audição de um dos ouvidos ao salvar o irmão de se afogar. Mais tarde, teve de desistir do sonho de ir para a faculdade e rodar o mundo em mil aventuras para assumir a empresa do pai, que construía casas para pessoas carentes. Depois, quando o irmão mais novo se formou e deveria assumir a empresa, ele desiste mais uma vez de cursar a faculdade para permitir que o irmão assuma um cargo de chefia na fábrica do sogro. Quando se casa com Mary, uma menina apaixonada por ele desde criança, ele desiste da lua-de-mel ao usar o dinheiro para tirar a empresa familiar da falência. E, durante toda a trajetória, é constantemente perseguido pelo Mr. Potter, um homem sovina, que só pensa em dinheiro e é dono de quase tudo na cidade.

Até cenas banais, como a da dança sobre a piscina, tornaram-se clássicas.


Tudo isso é contado em flash back por figuras divinas que mostram a vida de George para o Anjo Clarence Odbody, um ser ingênuo, mas de bom coração. A razão disso é que Gerge Baley decidiu se suicidar e o anjo deverá demovê-lo desse objetivo para ganhar suas asas.

Para conseguir seu intento, Clarence mostra o que aconteceriam com os cidadãos da cidade caso  Gerge Baley não tivesse nascido. E aqui entra a grande mensagem do filme: até mesmo pessoas comuns, que parecem não ter grandes realizações, podem ser fundamentais para o mundo.  

Frank Capra dirige o filme com inspiração, misturando humor e drama na medida certa. Até mesmo cenas de pouca relevância narrativa acabam se tornando clássicas, como aquela em que George e Mary dançam sobre a pista que se abre sobre uma piscina. O casal está tão empolgado com a dança que acredita que os gritos de aviso são na verdade de entusiasmo, criando uma sequência deliciosa.

Uma das razões para o sucesso do filme é a atuação impecável de James Stewart, que consegue construir um personagem carismático e, ao mesmo tempo, falível.

Frank Capra foi provavelmente o único diretor a conseguir traduzir para o cinema o clima dos livros de Natal de Charles Dickens.  

Em 2006 A felicidade não se compra foi eleito o filme americano mais inspirador da história pelo American Film Institute.

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