É muito irônico que, ali pelo número 70 da série Perry
Rhodan, os melhores livros não fossem focados nos personagens principais, mas
sim em uma trama paralela com personagens secundários.
Exemplo disso é Os embaixadores de Aurigel, número 72, cuja
trama é centrada nos colonos do planeta Fera Cinzenta. Escrito por Kur Mahr
(que parecia gostar muito dessa linha narrativa, já que escreveu todos os
livros sobre esse planeta), o livro começa após os colonos terem conseguido
sair da escravidão a que haviam sido submetidos por alienígenas, os peepsies.
Nesse número específico, eles conseguem montar uma nave e ir
para o planeta dos alienígenas (não fica muito claro o objetivo, mas
aparentemente a ideia é dar a entender que havia um outro povo, mais poderoso
nas proximidades, tirando o foco dos colonos).
Mahr se preocupa em criar uma cultura para os peepsies,
incluindo um padrão para os nomes: Sey-Wee, Uju-Riel, Iij-Juur-Eeelie. Até
mesmo locais, como o planeta Fera Cinzenta, ganhavam um equivalente nesse
padrão: Weelie-Wee. Isso inclui até mesmo a forma como os peepsies pronunciam
os nomes doa terranos. Chellich, por exemplo, vira Tchee-Lich. É muito claro
que o escritor, até então especializado nas questões técnicas, tinha um carinho
tão especial por essa linha narrativa que se dava ao trabalho de desenvolver
questões linguísticas.
Embora o plano dos colonos fosse meio nebuloso e talvez
impraticável, Mahr desenvolve bem a trama e dá um jeito para que tudo pareça
verossímil, incluindo uma reviravolta final.
Os embaixadores de Aurigel é um livro divertido, uma boa
aventura, cuja leitura passa rapidamente, ao contrário de vários outros dessa
mesma fase.
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