O número 86 da série Perry Rhodan apresenta a
parte final da saga iniciada no volume Recrutas de Árcon.
Na trama, um comando de terranos se disfarça
de recrutas zalistas na tentativa de se aproximar do computador regente e
destruí-lo ou desativá-lo, uma vez que ele pretende destruir a Terra.
Juntamente com Rhodan e seu homens vai o
arcônida Atlan, que havia passado milhares de anos vivendo em nosso planeta em um
exílio involuntário, esperando que a humanidade chegasse à era espacial, o que
lhe permitiria voltar para casa.
O livro começa lento. Um quinto dele é apenas
um resumo dos volumes anteriores. Depois há uma longa sequência com o cotidiano
dos recrutas em seu treinamento de guerra. Essa parte, apesar de pouco
interessante, tem o charme de mostrar o nível de degeneração dos arcônidas, o
que levou o Império a ser governado com mão de ferro por um computador.
Um deles, almirante, por exemplo, resolve não
fazer nada quando é informado que uma das naves está com um defeito que pode
ser fatal em uma batalha espacial. Pouco depois, quando encontram um cientista,
K.H.Scheer, o autor do volume, detalha a forma como esses seres foram
degenerados pela ação de um mecanismo de diversão que emite imagens: “À frente
do cientista, encontrava-se um receptor portátil de imagens simultâneas , em
cuja tela surgia uma multidão profusa de figuras coloridas. Ao que tudo
indicava, o homem estava absorto no jogo, que, para mim, não tinha o menor
sentido”.
A capa original alemã. |
A frase é credita a Atlan, que narra a
história. Scheer, que parecia amar tanto o almirante arcônida quanto Clark
Darlton gostava de Gucky.
A sequência nos faz pensar o quanto os
autores da série foram proféticos ao imaginar em como uma raça poderia ter sua
inteligência degenerada por mecanismos de emissão de imagens. Alguém aí lembrou
de aplicativos de redes sociais, que podem estar diretamente relacionados à
diminuição de QI das novas gerações?
À parte isso, o livro pega fogo quando
finalmente o comando inicia o plano para destruir ou inutilizar o computador regente.
Simplesmente tudo dá errado, dando ao leitor à sensação de que o fracasso é
inevitável, assim como a morte dos personagens.
Essa certeza de fracasso torna ainda mais
empolgante quando tudo se resolve, lá pelas últimas páginas, da maneira mais
lógica e surpreendente possível.
Esse é certamente um dos grandes volumes do
segundo ciclo.
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