quarta-feira, junho 19, 2024

Tropa Alfa – Tundra

 

Embora tenha aparecido em várias outras publicações (a começar pelos X-men), a primeira revista da Tropa Alfa só foi publicada em 1983. Nessa época, o sucesso de histórias como a Saga da Fênix Negra tinham transformado John Byrne em um astro dos comics americanos, o que permitiu que ele fosse o desenhista e roteirista de um título próprio, com heróis criados por ele.

A história se passa logo depois do encontro da Tropa Alfa com os X-men, quando os dois grupos enfrentaram Wendigo.

Por alguma razão, apesar daquela missão ter dado certo, o governo canadense decide acabar com a Tropa.



Byrne, bem ao seu estilo, usa as primeiras páginas para rememorar acontecimentos e ainda explicar alguns fatos sobre o grupo, incluindo o fato de que existia também uma Tropa Beta e uma Tropa Gama.

Também são apresentados os principais personagens. Dentre eles, os mais interessantes do ponto de vista psicológico são Aurora e Estrela Polar. Nessas primeiras páginas descobrimos que a heroína tem um transtorno de personalidade. Em sua identidade civil ela é uma professora recatada, cheia de medos e neuroses e com sérios problemas com sua sexualidade -  o que se revela pela roupa que esconde todo o seu corpo. Já como Aurora é uma mulher sensual e impetuosa. Embora as múltiplas personalidades já fossem insinuadas em Cavaleiro da Lua, a personagem da Tropa Alfa foi, provavelmente, a primeira heroína em que o transtorno de dupla personalidade aparece de forma clara e declarada.

A personagem Aurora, com sua dupla personalidade, é a mais interessante desse volume. 


Apesar do grupo ter sido desfeito, o surgimento de uma ameaça, um monstro chamado Tundra, faz com que ele volte à ativa. O monstro é revivido por uma pessoa sobre a qual não sabemos nada, nem mesmo suas motivações, além do fato de que alguém riu do personagem e disse que ele estava louco. É um típico roteirismo de Byrne. Ele precisava de um vilão para a primeira história e simplesmente fez surgir um, sem muitas explicações. Afinal, o importante era a ação – e isso acontece com primazia.

Discipulo de Jack Kirby, Byrne sabia fazer cenas de impacto. 


Algo que Byrne faz bem nessa história é usar os personagens para trabalharem em equipe, usando seus poderes de forma complementar, embora isso pareça acontecer de forma totalmente intuitivamente, já que Vindix não exerce praticamente nenhuma liderença.

Um personagem que já mostrava muito carisma nessa primeira história era o baixinho Pigmeu, que, aliás, praticamente não participa do arranca-rabo com o vilão. Fica óbvio que Byrne se ressentia de não poder trabalhar com o Wolverine e criou um personagem semelhante para seu novo grupo.

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