sexta-feira, julho 05, 2024

Arnold

 


Arnold é um documentário dirigido por Lesley Chilcott sobre o ator e fisioculturista Arnold Schwarzenegger. Disponível na Netflix, é dividido em três partes, cada uma das quais explora um momento da vida do protagonista: o fisioculturista, o astro de cinema e o politico.

Embora  Schwarzenegger seja uma das figuras mais populares do século XX, muitos dos fatos sobre sua vida são desconhecidos. A maioria das pessoas sabe apenas que ele é austríaco, foi mister universo e estrelou diversas produções de Hollywood. Para a maioria das pessoas, igualmente, ele é um homem cheio de músculos, mas com pouco cérebro. O documentário se distingue por ir muito além dessa visão rasa.

A primeira coisa que espanta é perceber como Schwarzenegger programou sua vida para chegar aos seus objetivos. Ao ver, quando criança, o filme Hércules na conqusita da Atlântida, com Reg Park, ele decidiu que seria primeiro um fisioculturista e depois um astro de cinema da mesma forma que seu ídolo.

A criação caseira, com o pai que impunha uma disciplina militar e colocava ele e o irmão para disputarem até mesmo quem trazia melhores flores no dia das mães, também teve uma forte influência sobre seu caráter. Arnold é um homem que vive de disputas e sua musculatura era apenas a parte mais visível disso. Curiosamente, a mesm criação que transformou ele no que é, destriu seu irmão, incapaz de lidar com o clima opressivo da família.

O documentário traz revelações interessantes, como o fato de que Schwarzenegger foi inicialmente escalado para fazer o herói do filme Exterminador (O. J. Simpson faria o papel do robô). Conversando com James Cameron, ele o convenceu que os papeis estavam trocados, o que foi um grande acerto e transformou o filme num clássico.

Esse momento revela um dos aspectos da inteligência do biografado. Ele sabia escolher roteiros e sabia escolher papéis. Quando percebeu que ficaria marcado apenas como ator de filmes de ação, ele convenceu o diretor Ivan Reitman a dirigir uma comédia com ele. Surgiu assim o clássico Irmãos gêmeos, em que Schwarzenegger faz o papel de irmão de Danny DeVito. Schwarzenegger sabia administrar sua carreira, ao contrário de Stalone, ator que era seu grande concorrente, e que se concentrava unicamente em filmes de ação.

Apesar de nitidamente ser favorável ao ator, o documentário não esconde esqueletos no armário, como o assédio a mulheres e o filho fora do casamento (com a governanta da família). Curiosamente, o filho ilegítimo é o mais parecido com o pai, sendo o único que enveredou pelo fisioculturismo.

O doc acerta ao fechar com falas políticas a favor das vacinas e contra o extremismo político da extrema direita, uma ideologia que tinha capturado seu pai e, de certa forma, foi responsável pela criação que levou seu irmão à morte.

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