Uma das características que
fazem de Alan Moore um autor tão celebrado é a abordagem inovadora que ele tem
sobre os personagens os quais escreve, a exemplo de que foi feito com o
Cara-de-barro em Batman anual 11, de 1987.
Moore já começa inovando ao
focar sua história no vilão, e não no herói. Além disso, ele constrói sua trama
como uma história de amor de tragédia.
Em história anterior já
havia ficado estabelecido que o personagem tinha se apaixonado por uma
manequim, que lhe pareceu uma mulher imune ao seu toque mortal (Preston Payne
acidentalmente matou sua namorada ao tocá-la).
O vilão apaixona-se por uma manequim... |
Moore transforma esse plot
num estudo psicológico: embora a manequim seja inerte e sequer revele emoções
(afinal, é um manequim de plástico), o Cara-de-barro começa a ver nela sinais
de traição, destacado principalmente pelo fato dela ter sido levada para a
sessão de roupas íntimas durante um dia. “Como um idiota, eu havia me
preocupado com sua segurança. Imaginei que tivesse sido levada... que o homem
de capa a tivesse raptado! E então eu a encontrei... longe de casa. Em roupas
de baixo. Como? Como ela pôde fazer isso comigo?”, pensa ele.
... e Moore usa isso para refletir sobre as origens do ciúme. |
Tomado pelo ciúme, o vilão
começa a ver mais e mais “indícios” de que a namorada o trai, o que o leva a
uma cruzada assassina.
Todos sabem que os vilões do
Batman são conhecidos pelo desequilíbrio psicológico, mas nenhum roteirista
tinha explorado tão bem essa abordagem quanto Alan Moore nesta história e em
Piada Mortal.
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