segunda-feira, julho 08, 2024

Imigrantes: a história da greve anarquista de 1917



Na época da faculdade  eu e o amigo Marcus Dickson chegamos a fazer um trabalho de disciplina na forma de história em quadrinhos, para surpresa da professora.

Confesso que não lembro qual era a disciplina, talvez sociologia, talvez algo ligado a história, o fato é que em algum momento vimos por alto os movimentos sociais no Brasil e falou-se da greve anarquista de 1917, duramente reprimida pela polícia. Na hora de fazer o trabalho final, pensamos: e se contássemos a história da greve na forma de HQ?

Como a história é narrada por um dos operários, eu imaginei que ele, recém-imigrado para o Brasil, falaria uma mistura de português com italiano e fui atrás de um dicionário de italiano. O resultado hoje, me parece um pouco canhestro, mas na época agradou aos colegas e à professora.

A produção da história durou uma tarde e parte da noite na casa do Dickson. Ele ia desenhando e eu fazendo o balonamento.



À certa altura, eu sugeri que faltava alguma coisa, o desenho estava limpo demais, como se tivesse sido feito para ser colorido, e sugeri uma aguada.

Dickson discordou na hora:

- Deixa de ser vanguardista!

Em um momento em que ele estava muito ocupado com o desenho, eu passei aguada sobre um quadro. Ao ver, ele adorou e sugeriu:

- Faz isso no resto.

No que eu respondi:

- Ah, já, vanguardista?

Essa expressão virou um dito popular aqui em casa, repetido sempre que alguém tem uma posição muito forte sobre  determinado assunto para logo depois mudar completamente de opinião. 

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