Na época da faculdade
eu e o amigo Marcus Dickson chegamos a fazer um trabalho de disciplina
na forma de história em quadrinhos, para surpresa da professora.
Confesso que não lembro qual era a disciplina, talvez
sociologia, talvez algo ligado a história, o fato é que em algum momento vimos
por alto os movimentos sociais no Brasil e falou-se da greve anarquista de
1917, duramente reprimida pela polícia. Na hora de fazer o trabalho final,
pensamos: e se contássemos a história da greve na forma de HQ?
Como a história é narrada por um dos operários, eu imaginei
que ele, recém-imigrado para o Brasil, falaria uma mistura de português com
italiano e fui atrás de um dicionário de italiano. O resultado hoje, me parece
um pouco canhestro, mas na época agradou aos colegas e à professora.
A produção da história durou uma tarde e parte da noite na
casa do Dickson. Ele ia desenhando e eu fazendo o balonamento.
À certa altura, eu sugeri que faltava alguma coisa, o
desenho estava limpo demais, como se tivesse sido feito para ser colorido, e
sugeri uma aguada.
Dickson discordou na hora:
- Deixa de ser vanguardista!
Em um momento em que ele estava muito ocupado com o desenho,
eu passei aguada sobre um quadro. Ao ver, ele adorou e sugeriu:
- Faz isso no resto.
No que eu respondi:
- Ah, já, vanguardista?
Essa expressão virou um dito popular aqui em casa, repetido
sempre que alguém tem uma posição muito forte sobre determinado assunto para logo depois mudar
completamente de opinião.
Para baixar, clique aqui.
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