No início da década de 1990 eu e alguns
amigos fomos conhecer uma cidade da ilha do marajó chamada Joanes.
Inadvertidamente, acabamos montando a barraca na praça da cidade - só
percebemos isso quando anoiteceu e a população local apareceu para passear no
local. No dia seguinte mudamos a barraca para um outro local, na beira da
praia. Mas naquela noite cada um de nós teve algum tipo de epifania.
Eu sonhei com Charles Chaplin. Sonhei que
tínhamos uma longa conversa e ele dizia que iria me apresentar aquele que ele
considerava o seu melhor filme. E assistimos juntos Monsieur Verdoux.
Naquela época não existia internet e vídeo
cassete era um acessório de luxo, de modo que eu só assistia o que passava na
TV e, pelo que eu me lembrava, esse filme nunca tinha passado na TV, de modo
que era inédito para mim.
Alguns anos depois a Globo apresentou um
especial Charles Chaplin e pude finalmente assistir Monsieur Verdoux. E era o
mesmo filme que eu tinha visto em meu sonho.
Talvez a explicação tivesse a ver com o
inconsciente coletivo. Ou talvez eu tivesse assistido o filme há tanto tempo
que não me lembrasse, o que não faz muito sentido, pois uma criança
dificilmente se sentiria atraída por esse filme sobre um homem que engana e mata
mulheres.
Qualquer que seja a explicação, o fato é que
concordo com o Chaplin do meu sonho: esse é um dos melhores, senão o melhor
filme dele.
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