Uma das inovações de Miller no Demolidor foi introduzir humor nos comics de super-heróis, influência direta de Will Eisner. E a especialidade de Miller era o humor de repetição, em que a graça surje da repetição de ações.
Exemplo disso é a história publicada em
Daredevil 176. Na trama, o protagonista perdeu seu radar após a explosão de uma
bomba e precisa achar Stcick, seu mestre, para que ele o ajude. Essa é, aliás,
a primeria referência o mentor do Demolidor. Até então, ninguém havia se
preocupado em explicar como o personagem adquira tantas habilidades de luta e
como aprendera a usar seus sentidos. Miller, de acordo com a tradição japonesa,
tratou de arrumar um mestre para ele.
Miller, acertadamente, arranjou um mestre para o Demolidor.
Mas Murdock não é o único em busca de seu
mentor. Também a namorada do mesmo, Tucão e Elektra o estão procurando.
A única pista é um tal de Zoiúdo, que andou
reclamando ter perdido dinheiro para Stick na sinuca.
No humor de repetição, as mesmas situações se repetem...
A primeira a chegar é Elektra, que entra
quebrando a janela. Apesar de tentar dar uma durão, o tal do Zoiúdo (que de
fato Miller desenha como alguém vesgo e com olhos grandes) entrega logo toda a
informação: “Sinuca do Duca. Nova avenida, sul da Houston. Porão”. Logo depois
aparece o Tucão, agora equipado com um exoesqueleto, de forma que aparece
destruindo tudo. “Tucão, cê atravessô minha parede... e estraçalhô minha cama,
seu escroto do cara...”, reclama o outro. Mal ele se recupera disso, o
Demolidor aparecendo quebrando a outra janela.
A situação é tão inusitada que o tal do
zoiúdo resolve mudar de cidade. Está de saída, ainda de ceroulas, quando dá de
cara com a namorada de Murdock segurando uma arma.
O efeito é simplemente hilário e dá todo um
charme para uma história que teoricamente não teria grandes atrativos, já que
há pouca ação – o único momento mais quente de fato é quando Elektra enfrenta,
de novo, o ninja Kirigi.
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