terça-feira, novembro 19, 2024

As quatro nobres verdades do budismo

 


A primeira palestra de Buda após a iluminação trata de sua grande descoberta: as quatro nobres verdades.

A primeira verdade é existência do sofrimento. Vivemos num mundo em que existem doenças, velhice, morte. Negar isso é tentar viver numa bolha de ilusão e só traz mais sofrimento.

Mas Buda usou a expressão dukkha, que pode ser traduzida como sofrimento físico, mas também pode ser traduzida como sofrimento psicológico, em especial a insatisfação, o que nos leva à segunda nobre verdade.

A segunda nobre verdade é a causa do sofrimento.

Estamos eternamente insatisfeitos por conta dos desejos, que geram apego. Se estamos num momento de felicidade, desejamos que aquele momento dure para sempre.

Tentar se fixar num momento de felicidade também traz sofrimento, pois tudo muda, tudo é impermanente, tudo é transitório e perecível. Um exemplo é a pessoa que está num relacionamento. Ela diz minha namorada, meu namorado, o que é uma ilusão, apego. Quando o relacionamento acaba, a pessoa é incapaz de aceitar a mudança, o que tem gerado muitas tragédias, inclusive com assassinatos. O apego faz com que a pessoa prefira que a outra pessoa morra a admitir a mudança.

Recentemente tivemos a revelação de um caso de um homem que aprisionou sua companheira e os filhos durante 17 anos, temendo que em algum momento o relacionamento acabasse. Mãe e filhos foram encontrados desnutridos, com vários problemas de saúde e psicologicamente abalados. Casos como esse demonstram todo o sofrimento provocado pelo apego e pelo desejo de manter um relacionamento imutável.

“Os homens temem, naturalmente, o infortúnio, e almeijam a felicidade, mas se estudarmos cuidadosamente essa distinção, verificamos que o infortúnio muitas vezes se torna felicidade e que a ventura se torna felicidade”, afirma o livro A doutrina de Buda. “O sábio aprende a encarar as cambiantes circunstâncias da vida com uma mente imparcial, não se exaltando com o sucesso nem se deprimindo com o fracasso”.

Um outro exemplo: desejamos uma casa para morar. Quando finalmente conseguimos a casa, queremos uma casa maior. Quando compramos a casa maior, pensamos: quero uma casa com piscina. Assim, o desejo nunca será satisfeito, gerando um ciclo de insatisfação.

O apego faz com que não consigamos nem mesmo usufruir dos momentos de felicidade, pois estamos sempre focados no futuro, no que ainda não temos.

Por outro lado, o apego também gera o medo da perda. A pessoa tem o desejo de ter um carro de luxo. Quando o consegue, fica atormentada com a ideia de que um dia possa perdê-la num assalto ou num acidente.

“O mundo sofre de frustação, ânsia e é escravo do desejo”, dizia Buda.

A terceira nobre é verdade diz que é possível escapar desse ciclo de dor provocado pelo apego.

A quarta nobre verdade trata do caminho para a extinção do sofrimento.

Esse caminho é o caminho do meio, ensinado por Buda. 

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