Sem dúvida, o ponto alto da primeira fase de
Frank Miller à frente do Demolidor foi a história publicada em Daredevil 181.
Era uma história tão grandiosa que o Denny O´Neil resolveu fazer uma edição
especial, com o dobro de páginas – e quem comprou não se decepcionou.
A história é narrada pelo Mercenário, que
está preso em uma prisão de segurança máxima, planejando sua vingança contra o
Demolidor. A chance surge quando ele é entrevistado ao vivo em um programa de
TV – e aqui temos a primeira das muitas sequências inesquecíveis da história.
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A sequência da fuga do Mercenário... |
O Mercenário finge uma dor de cabeça e quando
o guarda coloca uma pílula em sua boca, ele a cospe no olho do policial, que
atira no vilão, desprendendo as correntes que o prendiam. O Mercenário então
mata todos os policiais e sequestra o apresentador. A sequência termina com ele
fugindo da prisão em um helicóptero.
Esse é o Mercenário se ele existisse de fato
– alguém capaz de usar qualquer coisa, incluindo uma pílula como arma. Alguém
como uma habilidade técnica tão grande na luta que mesmo desarmado consegue
vencer dezenas de policiais fortemente armados.
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... é eletrizante. |
Esse início já dá um frio na espinha e faz o
leitor pensar: que chance terá o Demolidor contra alguém assim?
Mas antes de se vingar do Demolidor, o vilão
tem uma outra missão: matar a pessoa que o substituiu como assassino do Rei...
ou seja, Elektra. Ao mesmo tempo, Elektra tinha recebido a incumbência de matar
Foggy Nelson, o sócio de Matt Murdock (um gancho, aliás, que Miller tinha
jogado lá atrás e que os leitores devem ter se perguntado como ele iria
resolver isso).
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Elektra não consegue matar Nelson. |
Foggy acaba reconhecendo Elektra, o que salva
sua vida. Mas mal o advogado foge, surge o Mercenário.
Hoje em dia, relendo, percebo que foram
apenas cinco páginas referente à luta entre os dois. Na minha memória, eram
muito mais, o que mostra como, na minha cabeça de leitor, essa luta durou um
longo tempo. Isso, claro, fruto da habilidade de Miller para manipular o tempo
na narrativa.
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Miller manipula a noção de tempo do leitor. |
Essa sequência termina com uma imagem
impactante, do Mercenário transpassando Elektra com a adaga sai da assassina. É
um quadro em branco, atravessado apenas por um retângulo vermelho. Os cenários
aqui seriam apenas um acessório que tiraria a atenção do leitor do que era
realmente importante.
Uma das cenas mais impactantes dos quadrinhos de super-heróis.
A morte de Elektra, uma personagem
extremamente popular entre os leitores, abalou o fandom e só pode ser
comparada, em termos de impacto, à morte da Fênix. No Brasil, as duas mortes
foram publicadas com poucos meses de diferença, marcando definitivamente uma
geração e leitores.
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