Uma das reviravoltas mais surpreendentes da série
Miracleman é descobrir que o Sr. Cream não só não matara Mike Moran, como ainda
mudara de lado, transformando-se em um aliado de Miracleman. É ele que informa
o herói que as instalações do Projeto Zarastustra ainda existem.
A história acompanha o herói (mostrando por
Moore como um deus) se dirigindo ao local e as tentativas das forças
governamentais de detê-lo. É uma sequência tão poderosa que já foi imitadava
várias vezes nos quadrinhos.
Em paralelo a isso, temos um flash back de
Cream conversando com Moran e lhe explicando como de fato surgiu Miracleman. Outra
sequência paralela é uma conversa de altos funcionários do governo tentando
organizar a resistência.
O texto é impressionante. Enquanto Miracleman
simplesmente caminha na direção de seu objetivo, soldados jogam bombas, acionam
lanças-chamas e herói, impassível, só segue em frente, eliminando os
adversários com o mínimo esforço. O texto é impressionante: “Das trevas ele
vem... a noite se curva e não consegue ocultá-lo... a noite grita e não
consegue sua atenção. A noite e queima e suas chamas não conseguem contê-lo”.
Big Ben já existia, mas Moore o resignifica.
Como última linha de defesa eles acionam um
super com óbvios problemas mentais que foi induzido a acreditar que Miracleman
é um agente soviético tentando roubar uma arma secreta.
Big Ben era um personagem que já exisitia na
Warrior, mas Moore o reformula completamente, dando-lhe uma narrativa alucinada
e diálogos repletos de clichês, em constraste com a feição e a narrativa calma
de Miracleman. “Renda-se, açougueiro de Leningrado! Renda-se ou lute como um
homem, desgraçado!”.
Mircleman se livra dele com uma tapa.
Miraclaman apenas dá uma tapa nele, como se
estivesse se livrando de um inseto.
Quando eles se aproximam da porta do projeto
e Cream tenta colocar uma bomba para abri-la, o herói a arranca usando apenas
uma mão, uma porta de aço puro, pesando toneladas. Até então, para mostrar poder, os quadrinistas mostravam os personagens com gestos grandiosos e eloquentes, a exemplo do Hulk quando destruía alguma coisa. Moore gira a chave e consegue ampliar esse efeito de poder a mostrar seu personagem agindo da maneira oposta, de maneira comedida, quase como se fosse um bailarino. O efeito é impressionante. É como se seu poder fosse tão incomensurável que não fosse necessário esforço nenhum para arrombar uma porta de aço.
Os gestos comedidos de Miracleman destacam a grandiosidade de seu poder.
Nunca antes um super-herói, nem mesmo os mais
poderosos, havia sido mostrado com tamanha grandesa. Nunca antes um super-heroi
havia sido mostrado como um deus.
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