sábado, abril 19, 2025

Miracleman – A história oculta

 

Uma das reviravoltas mais surpreendentes da série Miracleman é descobrir que o Sr. Cream não só não matara Mike Moran, como ainda mudara de lado, transformando-se em um aliado de Miracleman. É ele que informa o herói que as instalações do Projeto Zarastustra ainda existem.

A história acompanha o herói (mostrando por Moore como um deus) se dirigindo ao local e as tentativas das forças governamentais de detê-lo. É uma sequência tão poderosa que já foi imitadava várias vezes nos quadrinhos.

O texto de Moore é poético. 


Em paralelo a isso, temos um flash back de Cream conversando com Moran e lhe explicando como de fato surgiu Miracleman. Outra sequência paralela é uma conversa de altos funcionários do governo tentando organizar a resistência.

O texto é impressionante. Enquanto Miracleman simplesmente caminha na direção de seu objetivo, soldados jogam bombas, acionam lanças-chamas e herói, impassível, só segue em frente, eliminando os adversários com o mínimo esforço. O texto é impressionante: “Das trevas ele vem... a noite se curva e não consegue ocultá-lo... a noite grita e não consegue sua atenção. A noite e queima e suas chamas não conseguem contê-lo”.

Big Ben já existia, mas Moore o resignifica. 


Como última linha de defesa eles acionam um super com óbvios problemas mentais que foi induzido a acreditar que Miracleman é um agente soviético tentando roubar uma arma secreta.

Big Ben era um personagem que já exisitia na Warrior, mas Moore o reformula completamente, dando-lhe uma narrativa alucinada e diálogos repletos de clichês, em constraste com a feição e a narrativa calma de Miracleman. “Renda-se, açougueiro de Leningrado! Renda-se ou lute como um homem, desgraçado!”.

Mircleman se livra dele com uma tapa. 


Miraclaman apenas dá uma tapa nele, como se estivesse se livrando de um inseto.

Quando eles se aproximam da porta do projeto e Cream tenta colocar uma bomba para abri-la, o herói a arranca usando apenas uma mão, uma porta de aço puro, pesando toneladas. Até então, para mostrar poder, os quadrinistas mostravam os personagens com gestos grandiosos e eloquentes, a exemplo do Hulk quando destruía alguma coisa. Moore gira a chave e consegue ampliar esse efeito de poder a mostrar seu personagem agindo da maneira oposta, de maneira comedida, quase como se fosse um bailarino. O efeito é impressionante. É como se seu poder fosse tão incomensurável que não fosse necessário esforço nenhum para arrombar uma porta de aço.  

Os gestos comedidos de Miracleman destacam a grandiosidade de seu poder. 


Nunca antes um super-herói, nem mesmo os mais poderosos, havia sido mostrado com tamanha grandesa. Nunca antes um super-heroi havia sido mostrado como um deus.   

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