sexta-feira, julho 11, 2025

Guerras Secretas – Começa a guerra

 


A série Guerras Secretas surgiu como uma encomenda para promover uma linha de bonecos da Marvel. Jim Shooter, o roteirista e editor, chegou a comentar que o objetivo da história era mostrar para os garotos como brincar como os bonecos, colocando-os em confronto.  E é isso de fato o que percebemos na primeira história.

Nas revistas anteriores da Marvel, os roteiristas tinham jogado ganchos com os heróis sendo atraídos até uma estrutura no Central Park. No primeiro número de Guerras Secretas vemos o que aconteceu com eles: estão numa estação espacial, no meio do nada. Essa sequência funciona principalmente graças ao talento de Mike Zeck, com seu traço simples, elegante e funcional: começamos com o espaço, a estação espacial surgindo do nada, um plano detalhe dos heróis espantados e uma página dupla com os mesmos no meio da estação espacial.

O roteiro apresenta os personagens. 


Shooter é bem direto. Alguém pergunta quem está ali e o diálogo seguinte é só apresentando, em sequência, cada um dos heróis escolhidos por Beyonder. A mesma coisa acontece entre os vilões. Diante da perplexidade dos vilões, o Doutor Destino tenta explicar o que está acontecendo, ao mesmo tempo em que também apresenta todos os jogadores do lado do mal: “Alguém ou alguma coisa nos transportou através do universo! Pelo que puder notar, aqui estão a asgardiana Encantor, Ultron, o Homem-absorvente, a Guangue da Demolição, Kang, Galactus, Lagarto, Homem Molecular e Dr. Octopus”.

Era como se o roteirista estivesse apresentando os bonecos para os meninos: “Olhe, são com esses personagens que vocês vão brincar”.

Beyonder cria um mundo a partir de pedaços de outros mundos. A física mandou um abraço. 


Logo após isso, Beyonder destrói uma galáxia e forma um planeta, transportando para lá as duas estações espaciais.

Enquanto isso, os vilões começam a brigar entre si, sem razão nenhuma até que Ultron resolva simplesmente eliminar todos até ser neutralizado por Galactus. Afinal, Galactus é o vilão mais fodão da Marvel, certo? Não. Quando ele tenta confrontar Beyonder, é simplesmente repelido como um inseto.

Os vilões brigam entre si. 


Funciona como medida para mostrar o tamanho do poder do ser que está manipulando heróis e vilões. Mas a presença de Galactus no time dos vilões desequilibra absolutamente o jogo, afinal, Galactus sozinho poderia derrotar todo mundo ali.

Se os vilões estavam brigando entre si, os heróis também, mais especificamente pela presença entre eles de Magneto, visto como um vilão pela maioria ali (era Shooter explicando para os leitores como brincar com os bonecos, colocando-os em conflito). Da mesma forma, há uma discussão sobre quem seria o líder – o escolhido acaba sendo o Capitão América.

Os heróis brigam entre si. 


Beyonder avisa que quem destruir seus inimigos alcançará o maior dos prêmios: todos os seus sonhos serão realizados, de forma que o número um acaba com os vilões atacando os heróis.

Apesar de todos os problemas, como falta de profundidade e até de verossimilhança, há de se admitir que a história é empolgante e deixa o leitor com uma pulga na orelha perguntando-se o que vai acontecer. Na época em que eu li, aos 15 anos, foi exatamente isso que aconteceu.

Mike Zeck ainda estava se esforçando nesse primeiro número. 


Hoje, lendo a versão sem cortes, o que mais chama atenção é o belo desenho de Mike Zeck, com destaque para o quadro de Galactus caído no chão, depois de se enxotado por Beyndoer. A presença do Doutro Destino no quadro só serve para destacar a grandiosidade do ser cósmico.

Nas edições seguintes, à medida em que Jim Shooter implicava com destalhes e mais detalhes, Mike Zeck foi perdendo o interesse pela história, de forma que seu traço foi se tornando cada vez menos detalhado e mais genérico. Quando foi publicado o último número, Shooter mandou uma garrafa de champanhe para o desenhista. Ele abriu e jogou tudo na pia.

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