De todas as histórias do Homem de aço, certamente uma das
melhores é Os últimos dias do Superman, publicada em Superman 156, escrita por
Edmond Hamilton e desenhada por Curt Swan, com arte-final de George Klein.
Já é possível perceber a grandiosidade dessa HQ na página
de abertura, com os kriptonianos de Kandor elevando o Superman pela capa em uma
imagem belíssima, quase renascentista graças ao traço elegante de Curt Swan e
arte-final refinada de George Klein. O texto de Hamilton, expresso na fala de
um dos kandorianos, não ficava atrás. Tanto resumia a história quando dava um
ar poético e providenciava um gancho de suspense insuperável: “Superman está
morrendo por causa da vírus X... e nem mesmo nossa grande ciência kriptoniana
pode salvá-lo. O universo lamentará a perda dele para sempre”.
O que se segue é um ótimo exemplo de como as histórias do
homem de aço da era de prata poderiam ser divertidas e envolventes.
Na história, a capsula de um astronauta americano vai se
chocar com um objeto feito de kriptonita verde. Para salvá-lo, o Superman tira
a cápsula do caminho usando o estágio descartado da nave terrestre. Uma vez no
chão, ele consegue ler os dizeres na caixa e descobre que ela carrega amostras
de um vírus mortal para os kritponianos. Embora ele consiga soterrar a caixa
embaixo de uma pedra imensa, ele começa s sentir fraco. Levado a um médico,
esse dá o veredito: o herói irá morrer em poucos dias.
O Super está fraco demais para realizar as tarefas para ajudar a humanidade.
Mas o Super-homem pretende aproveitar esse tempo realizando
tarefas para ajudar, ou até salvar a humanidade, como cavar canais para irrigar
desertos, desviar um planeta que futuramente iria colidir com a terra, destruir
uma nuvem de fungos espaciais que poderiam eliminar toda a agricultura humana e
fazer diminuir de tamanho um monstro marítimo.
Como ele não consegue realizar essas ações, pois está muito
fraco, ele pede ajuda da Supermoça. Para evitar infectá-la, ele manda seus
robôs construírem uma cabine de isolamento de “cristal de chumbo”. Tudo era muito
conveniente naquela época: robôs com poderes do Superman podiam transformar
chumbo em vidro! Mas isso não me incomodou e deve ter incomodado menos ainda os
leitores da época.
Vários personagens são recrutados para ajudar.
Com isso a Supermoça recruta diversos amigos do Superman,
da Legião dos Super-herois ao povo da Atlântida, governado pela rainha Lori,
uma das mulheres pelas quais o herói se apaixonou. Como uma autêntica história
de despedida, vários personagens importantes reaparecendo de alguma maneira,
incluindo Lyla Lerrol, a atriz kriptoniana pela qual o super se apaixonou em
uma história em que voltava para o passado de seu planeta natal.
Na verdade, tudo a trama é muito bem pensado, com ganchos
colocados no local certo e duas reviravoltas, que, apesar de inusitadas, fazem
todo o sentido. A primeira delas diz respeito a Brainiac 5, que se recusa a
ajudar na realização das tarefas. A segunda diz respeito à verdadeira natureza da
doença que acomete o personagem.
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