Homem-Aranha – Surge o escorpião

 

Na época da escola, um amigo, que havia visto os desenhos animados, baseados nas primeiras histórias do Homem-Aranha, costumava comentar que o personagem apanhava o tempo todo. Isso inclusive se refletia numa corruptela da música do personagem, popular entre os garotos do período: “Homem-Aranha, Homem-Aranha, nunca bate, só apanha”.

Um bom exemplo disso é a história surge o Escorpião, publicada no número 20 da revista Amazing Spider-Man.

O cientista provoca uma "mutação" no detetive. 

Na história, JJ Jameson contrata um detetive para espionar Peter Parker e descobrir a relação dele com o Homem-Aranha (o que leva a diversas sequências divertidas, no melhor estilo Steve Ditko, do herói arranjando maneiras de sair de casa sem ser descoberto). Mas quando o editor lê no Clarin a notícia de um cientista capaz de provocar mutações em animais, ele percebe que essa pode ser a chance de acabar com seu inimigo – e resolve usar o mesmo detetive como cobaia e transformá-lo num misto de humano e escorpião. Em tempo: nessa época Stan Lee parecia meio confuso sobre o que significava a expressão mutação.

O Aranha, como sempre, leva uma surra. 

Claro que, como em todos os planos de JJ Jameson, tudo sai do controle, e que era uma solução, transforma-se numa tremenda ameaça, pois o Escorpião transforma-se num vilão cujo primeiro até é roubar um carro forte, não sem antes dar uma verdadeira surra no cabeça de teia.

Bem em consonância com a filosofia pessimista de Steve Ditko, no final, apesar do herói acabar salvando o dia, é JJ Jameson que acaba levando todo o crédito – exatamente a pessoa responsável por criar a ameaça.   

O Escorpião torna-se uma ameaça. 

O quadro final mostra o quanto o Homem-Aranha era um herói diferente de outros. O personagem termina consertando o uniforme depois da surra que levou do Escorpião. “Meu maior problema é costurar isso sem espetar meu dedo até a morte”, pensa ele. Nada mais representativo do personagem.