domingo, abril 28, 2024

Grandes Heróis Marvel 18: Homem-aranha

 



Frank Miller desenvolveu um traço e um estilo narrativo tão próprios que, para a maioria dos leitores, é difícil identificar suas influências. No entanto, ele deve muito a Steve Ditko. Fica muito fácil perceber isso na história Espiral de ameaças, publicada no Brasil na Grandes Heróis Marvel 18, de dezembro de 1987.
A história, no entanto, é de 1980, ou seja, é anterior à antológica fase de Miller no Demolidor.
O roteiro é de Denny O´Neil, editor do Demolidor e que, segundo Miller, foi quem lhe ensinou muito sobre a narrativa.
Na história, o Doutor Destino contrata um cientista para construir uma máquina que abriria um portal para a dimensão de Dormammu (inimigo do Dr. Estranho). Quando a máquina fica pronta, ele manda o próprio cientista, temendo os perigos da viagem. Lá, o rapaz recebe de Dormammu poderes sobrenaturais como forma de se vingar de Strange. Preso, Strange envia um pedido de ajuda que acaba sendo captado por Peter Parker.
A história une um bom texto com um desenho inspirado, nitidamente influenciado por Steve Ditko (co-criador tanto do Homem-aranha quanto do Dr. Estranho, os dois heróis da história).
Sintonia entre os criadores. 

Mostra também uma sintonia única entre os dois autores. O´Neil escreve as legendas como se fossem trechos de uma obra arcana, o livro de Vishanti, e Miller as coloca no texto com uma diagramação diferenciada, com capitulares e bordas.
A primeira página da história, aliás, é um primor, com um personagem de cada lado, o texto no meio e as bordas formadas por demônios.
A sequência em que o cientista se vê na dimensão de Dormammu é igualmente inspirada: os primeiros quadros sem cenário e o último, de impacto, uma explosão de formas grotescas e psicodélicas no melhor estilo Ditko. Um deleite para os fãs e uma perfeita antecipação do mestre que Miller se tornaria.
Miller mostrava influência de Steve Ditko. 


O volume ainda inclui a história Karma, com roteiro de Chris Claremont, menos inspirada, mas igualmente divertida. Nessa HQ, o Homem-aranha e o Quarteto Fantástico enfrentam uma dupla de órfãos vietnamitas com poder mutante de se apoderar de corpos: um deles é maligno, ou outro benigno, como se fossem reflexo do Yin Yang. Aqui vemos a diagramação inovadora de Miller e sua narrativa revolucionária com forte uso dos contrastes. Mas o texto de Claremont parece estar muito aquém do desenho – além do final abrupto. Além disso, o arte-finalista Bob Wiacek em especial no começo, tenta modificar o desenho de Miller, aproximando-o do traço dos desenhistas do aracnídeo da época, como Jim Money.

Jornada nas Estrelas - Lamento para Adonis

 


Pavel Checkov é um dos personagens mais carismáticos da primeira formação de Jornada nas Estrelas. Sua estréia aconteceu em Lamento para Adonis, segundo episódio da segunda temporada, e desde o primeiro momento ele já se destaca.
Na história, a Enterprise é aprisionada por uma mão de energia. Ao descer para investigar, Kirk descobre que um extraterrestre que diz ser Apolo é o responsável – e tudo leva a crer que a visita de seu povo à Terra fez com que os gregos criassem seus mitos a partir desses viajantes.
Aí entra o jovem russo com cabelo Beatles: no momento em que o extraterrestre diz que é Apolo, este responde que é o Czar da Rússia para, no momento seguinte, se desculpar: “Eu nunca vi um deus antes”.
Lamento por Adonis é o tipo de trama que não funcionaria com um atores que levassem a história sério demais, até por conta dos efeitos especiais toscos da época. Os atores, no entanto, conseguem dar uma leveza à trama que nos faz esquecer o quanto é inverossímil um alienígena usar uma mão para prender a Entreprise apenas para ser idolatrado.

Conan – A ira de Anu

 

A ira de anu, história publicada no volume 10 da revista Conan the barbarian é um exemplo das qualidades de Roy Thomas como grande narrador. Ele estava preparando a adaptação de uma história original de Conan, Inimigos em casa, quando percebeu que o primeiro parágrafo da história já dava uma outra HQ. Nesse parágrafo, Robert E. Howard informa que Conan estava preso e condenado à morte após ter imposto uma vingança a um corrupto sacerdote de Anu, que ordenara a morte de um ladrão amigo do cimério.

Thomas imaginou toda uma situação a partir desse pequeno resumo. Na história, Conan se associa a um ladrão Gunderlandês para roubar diversos tesouros que são entregues para o sacerdote de Anu, que os revende.

Conan enfrenta um homem-touro sobrenatural. 


O templo, um local onde os soldados não podem entrar, é guardado por um homem-touro que pode ser invocado pelo sacerdote.

Quando este trai a dupla e ajuda a armar uma tocaia, Conan decide vingar o colega enforcado em praça pública e acaba enfrentando o homem-touro – e é nesse ponto que temos uma típica história do cimério, com ele enfrentando uma ameaça sobrenatural.

Na sequência, a força do texto de Thomas se destaca: “Eis outro momento capaz de congelar a alma... monstro e bárbaro fitam um ao outro. Em seu quase paralisado corpo, Conan sente o bafo ardente da perdição”.



Outro que se destaca é Barry Smith, que à essa altura se sentia cada vez mais à vontade no título. A sequência do enforcamento do ladrão é um primor narrativo. Smith contorna a censura da época mostrando apenas as pernas do ladrão, mas nos cinco quadros conseguimos perceber claramente o que está acontecendo, além de acompanhar a reação do cimério.

Fundo do baú - Mulher Maravilha

 


A Mulher Maravilha é uma das personagens mais clássicas da DC Comics. Mas, ao contrário de outros colegas, como Batman e Super-homem, ela não teve seriados na era de ouro ou mesmo na era de prata. Na verdade, parecia que nunca teria uma versão televisiva ou cinematográfica.

Na década de 60 executivos fizeram um piloto protagonizado por Ellie Wood que foi um fracasso total. Também, pudera. Era um seriado pastelão, com a atriz fazendo caras e bocas, olhando-se longamente no espelho antes de entrar em ação ou brigando com a mãe, que não a deixava sair de casa.

Em 1974 tentaram outro piloto protagonizado por Cathy Lee Crosby que foi outro fracasso. Tanto visualmente quanto em termos de história essa versão fugia muito do que os fãs de quadrinhos conheciam.

A versão protagonizada por Cathy Lee Crosby era muito diferente dos quadrinhos


Mas em 1975 os executivos finalmente acertaram a mão e lançaram a versão protagonizada por Lynda Carter. Essa nova versão era bem mais fiel aos quadrinhos. No episódio piloto, o capitão Steve Trevor cai na ilha paraíso e assim as mulheres que lá viviam descobrem que o mundo está ameaçado pelos nazistas (os novos representantes do patriarcado que havia feito com que as amazonas fugissem para a ilha).

A rainha decide que irá enviar uma campeã para combater esse mau. E quem acaba sendo escolhida é sua própria filha, Diana. Chegando aos EUA a heroína, após deixar Trevor num hospital, entra quase que imediatamente em ação lutando contra sabotadores e espiões. Ou seja: tudo muito parecido com as histórias clássicas da personagem, escritas por Charles Moulton.

A atriz Lynda Carter conquistou os fãs com seu carisma. 


A série foi exibida com sucesso pela ABC e depois passou para a CBS, que atualizou as aventuras para os dias atuais.

Uma das curiosidades dessa versão era o rodopio da protagonista, o que fazia com que Diana Prince se transforme na Mulher Maravilha. Inicialmente era apenas um rodopio, mas por sugestão de Lynda Carter foram acrescentados efeitos luminosos e estrondos. O efeito causava verdadeira sensação entre os fãs e é até hoje lembrado, assim como Lynda Carter, considerada durante muito tempo como a única Mulher Maravilha – até o surgimento dos filmes protagonizados por Gal Gadot, igualmente carismática. 

Mundo sem fim

 


Mundo sem fim é a continuação de Os pilares da terra, clássico da literatura histórica de autoria de Ken Follett. Da mesma forma que Os pilares da terra, Mundo sem fim se passa na Idade Média, na imaginária cidade de Kingsbridge, mas pouco mais de um século depois.
Follett é aquilo que no cinema chamam de artesão competente: não é genial e nem de longe de propõe a fazer alta literatura, mas tem uma incrível capacidade de engendrar tramas bem elaboradas, construir bons personagens e produzir livros em que tudo se encaixa com perfeição, com um quebra-cabeça.
Se Os pilares da terra já mostravam todas essas características, elas ficam ainda mais destacadas em Mundo sem fim. A isso acrescenta-se uma mais elaborada pesquisa histórica e um pano de fundo que por si só chama a atenção do leitor: a nova história se passar no período da guerra dos 100 anos entre França e Inglaterra e da peste negra (ou peste bubônica).
Follett conta em detalhes vivos o efeito da devastação da guerra e evolui para a mortandade absoluta da peste, que dizimou quase metade da população de algumas cidades. Ninguém sabia o que provocava a doença.
A peste negra colocou em cheque o conhecimento médico da época, baseado na ideia dos humores, e criou uma cisão entre conservadores e progressistas (os que acreditavam que a melhor forma de entender as doenças era observar os doentes e, assim, tentar identificar formas de evitar que doenças se espalhassem). Mundo sem fim mostra esse conflito, exemplificado entre uma das personagens, uma freira, que usa máscara para atender os pacientes e lavava as mãos com vinagre, e os médicos tradicionais que consideravam isso besteira (e morriam como moscas). Curiosidade: Hoje sabe-se que o vinagre na verdade afastava as pulgas, que eram provavelmente os vetores da doença.
Aliás, todo o livro, assim como o anterior, parece se equilibrar na relação conservadores x progressistas ou teóricos x práticos. Tanto em Os pilares da terra quanto em Mundo sem fim, o foco é a catedral e os homens visionários que estiveram por trás dela, homens muito além de seu tempo.

O melhor lugar do mundo


A narração inicial do filme O melhor lugar do mundo, feita pelo protagonista, descreve a Ilha de Santa Maria como um paraíso, um local em que todos vivem felizes com o resultado de sua pesca.

Tudo muda, entanto, quando uma fábrica de peixes se instala em uma cidade próxima. A fábrica tira todo o mercado dos pescadores, fazendo com que a ilha entre em decadência e vá perdendo moradores, alguns para cidades do México, outros para os EUA.

O protagonista é German, interpretado por Guillermo Villegas, que, quando vê sua esposa indo embora, decide fazer algo. Existe a possibildade de uma empresa beneficiadora de pescados se instalar na ilha, mas para isso exigem um médico.

Quando um médico é obrigado pelo hospital a passar um mês na ilha, eles fazem de tudo para que ele decida se instalar definitivamente ali.

As estratégias adotadas pelos habitantes locais geram muitos momentos de humor, como quando eles fingem gostar de futebol americano quando descobrem que o médico é fanático pelo esporte.

No final, além do tom de humor, uma lição: na maioria das vezes a felicidade está em coisas simples.

A direção de Celso García deixa o filme leve e divertido desde a primeira tomada. Colabora para isso o ótimo uso da trilha sonora e as atuações inspiradas.

O melhor lugar do mundo é um daqueles tesouros escondidos da Netflix que certamente agradará quem gosta de comédias leves.  


sábado, abril 27, 2024

Quarteto fantástico e o Olho maligno

 

Boa parte do segredo do sucesso do Quarteto Fantástico na fase Stan Lee-Jack Kirby era um ritmo frenético, com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e mais de uma narrativa prendendo a atenção do leitor.

É o que vemos, por exemplo, em Fantastic Four 54.

A história começa com os heróis ainda no reino de Wakanda num torneio de beisebol protagonizado por eles mesmos, depois numa noite de gala com um dos maiores pianistas do mundo – numa sala do trono impressionante que só Jack Kirby conseguia fazer, repleta de detalhes.

Jack Kirby e suas splash pages repletas de detalhes. 

Mas os heróis estão de partida e cada um recebe um presente. Sue recebe vestidos, Reed uma vara de pescar sônica (o que quer que isso seja), Bem ganha um exercitador e Wyatt Wingfoot ganha um livro sobre recordes mundiais. Mas o Tocha Humana está triste e nenhum presente é capaz de alegrá-lo. A razão é a saudade de sua querida Cristalys, que tinha ficado presa junto com os outros Inumanos numa barreira criada por Maximus, o irmão louco de Raio Negro (e, enquanto acompanhamos o Quarteto, acompanhamos também os inumanos tentando se libertar da barreira).

Para ir atrás de sua amada, o Tocha ganha um girocruzador. Aí vai a imaginação prodigiosa de Stan Lee para criar máquinas estranhas e explicações absurdas. O girocruzador, por exemplo, funciona através de um “elemento de tensão magnética energizada por fricção”, o que quer que isso seja.

No meio do caminho até onde os Inumanos estão presos, Tocha e seu amigo Wyatt se deparam com ninguém mesnos que um cavaleiro medieval adormecido. Quando acorda ele se revela como dententor do olho do mal, uma arma praticamente invencível.

O flash back conta uma história alternativa. 

E vemos uma daquelas sequencias de flash back memoráveis, em que a história do mundo é recontada numa espécie de história alternativa, em que os tapetes mágicos da pérsia eram, por exemplo, balões. Então, na mesma história de 20 páginas temos a trama de Wakanda, a trama dos Inumanos e a trama do Olho do mal e no meio disso, muita ação e cenas de tirar o fôlego. Nas mãos dos roteiristas atuais, isso ia se estender por pelo menos 20 edições.

Nessa época, Stan Lee ainda carregava muito de textos os balões, mas com o tempo isso seria mais equilibrado.

Panteão de Paris

 


O Panteão era originalmente uma igreja dedicada a Santa Genoveva. Quando eclodiu a Revolução Francesa, o prédio foi transformado em um ponto histórico, onde são enterrados os grandes nomes franceses. Voltaire e Rousseau estão enterrados lá, um de frente para o outro. Ali também está o túmulo do famoso escritor Victor Hugo.
A arquitetura neo-clássica, por si só já é digna de nota, mas o local tem muitos outros atrativos. O edifício é no formato de uma cruz grega e tem várias pinturas e estátuas, inclusive dois conjuntos frente a frente: um em homenagem a Rousseau, outro em homenagem a Voltaire.
Revolucionários saúdam a deusa da razão (Danton é o último da esquerda) 

Homenagem a Voltaire
A nave principal é curiosa: o altar foi substituído por um monumento em homenagem à revolução francesa (é possível ver, entre as estátuas, Danton, saudando Marianne, a deusa da razão e da liberdade). 
Pêndulo de Foucault

Um pouco antes temos o Pêndulo de Foucault, a experiência realizada por Jean Bernard Léon Foucault para demonstrar a rotação da terra.
O panteão é uma verdadeira viagem pela história e ciência francesas.
Túmulo de Voltaire
Túmulo de Rousseau.

Karatê Kid 2

 

O primeiro Karatê Kid parecia um filme tão redondo, tão bem fechado com Daniel Larusso ganhando o campeonato, que uma continuação parecia não fazer sentido.

 Mas a continuação não só aconteceu, como foi lançada apenas dois anos depois - e não fez feio.

Em karatê Kid 2, o senhor Miyagi precisa voltar ao Okinawa, pois seu pai está morrendo. Daniel o acompanha. Mas há um conflito esperando por eles. Sato, o melhor amigo de Miyagi, jurou matá-lo. Miyagi estava apaixonado por uma garota, Yukie, mas esta estava prometida para Sato. Para evitar uma luta com seu melhor amigo, Miyagi fogiu para os EUA em consonância com sua filosofia pacifista. Mas Sato quer a todo custo forçar uma luta até a morte entre os dois como forma de lavar a sua honra. Enquanto essa trama se desenvolve, Daniel se apaixona por Kumiko, sobrinha de Yukie, e acaba se tornando desafeto do sobrinho de Sato.

O interessante do filme é o fato dele aprofundar a história e a personalidade do senhor Miyagi, assim como as origens de seu estilo de luta. Também merece destaque a personalidade do professor, que só recorre à violência como último recurso.

A trama paralela, com os adolescentes refletindo praticamente a mesma história dos mais velhos, conquistou o público, apesar de alguns pontos do roteiro terem ficado sem explicação: por exemplo, por que o senhor Miyagi finalmente não ficou com Yukie?

Talvez o aspecto mais negativo do filme tenha sido seu nome em português. “A hora da verdade continua” é, provavelmente o subtítulo mais preguiçoso de todos os tempos.

Dicas de criatividade

 


 


Para ser uma pessoa criativa, você precisará viver  de forma criativa.. Uma pessoa avessa a novas idéias, novos conceitos, jamais terá uma idéia criativa.

Além disso, é necessário ver as coisas com olhos de criança, ou de filósofo: como se cada coisa fosse diferente a cada dia.

Dessa percepção podem surgir ótimas idéias. Quer um exemplo? Todo mundo que olhava
para garrafas plásticas de refrigerante via apenas uma garrafa. Mas, de repente alguém olhou para uma garrafa e viu uma flor. Outra olhou e viu um coelho de páscoa.

Hoje é comum usar garrafas de refrigerante usadas para fazer enfeites, mas isso não teria acontecido se uma primeira pessoa não tivesse olhado de maneira diferente para uma garrafa.

Para ser criativo também é importante reservar um tempo livre. Pessoas muito atarefadas dificilmente conseguem ser criativas. É o que Domenico de Masi chama de ócio criativo. Brincar com os filhos, ouvir uma música, ler tranquilamente um livro... são atividades que despertam a criatividade.  Às vezes temos ótimas idéias até quando estamos tomando banho.

O governo norte-americano pagava Von Newman, um dos criadores da cibernética, por cada idéia que ele tivesse enquanto estivesse se barbeando...

Outra maneira de ser criativo é fazer conexões. Pessoas criativas fazem conexões inesperadas. Os exemplos são muitos. Os inventores do radar, por exemplo, basearam-se no radar do morcego. Da constatação de que o morcego usa o radar para se movimentar sem bater em obstáculos, alguém teve a idéia:e se usássemos esse mesmo princípio para aviões?

Nós já sabemos que criatividade é a capacidade de resolver problemas. Imagine, então, que você tem um problema. Imagine, por exemplo, que você é um publicitário  encarregado de fazer uma
propaganda de uma panificadora Y.

Comece associando a idéia de panificadora com outras idéias, inclusive as mais absurdas.

Um exemplo absurdo: panificadora e vacas.

Aparentemente padarias e vacas não têm qualquer relação. Pense, então, na expressão e se... . E se uma manada de vacas entrasse na padaria à procura de pães?
- Mas vacas não comem pão!
- Para ver como são gostosos os pães da panificadora Y!

Claro que qualquer coisa criada com esse método deve passar, depois, pela fase da avaliação. Mas na fase inicial não descarte nenhuma idéia, mesmo uma absurda como a exposta acima.

Uma das propagandas mais famosas do Brasil foi claramente criada com esse método. Todo mundo conhece a propaganda da Bombril, com seu simpático garoto-propaganda.

Os anúncios da Bombril sempre faziam conexões inesperadas. 


O primeira dessa série de anúncios aconteceu numa época de eleições. O publicitário relacionou propaganda política com propaganda da Bombril.Ele se perguntou: E se eu fizesse uma propaganda mostrando o Bombril como um político?

O resultado foi uma peça publicitária que mostrava um homem em um palanque, dizendo: "Amiga eleitora, chegou a hora de escolher quem sempre foi eleito pela maioria... quem sempre colocou tudo em pratos limpos, talheres limpos, panelas limpas... chegou a hora de escolher quem tem
um passado brilhante. Chegou a hora de eleger mais uma vez Bombril".

O anúncio fez tanto sucesso que a fórmula foi usada por décadas.

Um outro exemplo.

Agora uma propaganda sobre óleo para motor. Relacione com algo que aparentemente não tem nada a ver com carros. Um tigre, por exemplo. O que um tigre tem de semelhante a um carro? A velocidade. O anúncio poderia mostrar um tigre correndo ao lado do carro e o texto: "Ponha um tigre no seu motor. Use óleo X..."

Certa vez desafiei meus alunos a fazerem uma propaganda relacionando postes com salsichas Sadia.

Um dos grupos teve uma idéia muito criativa: um homem estava preso por longo período em um local no qual não se servia salsichas. Ao ser liberto, a primeira coisa que ele vê é um poste e a fome faz com que ele tenha uma alucinação em que o poste se transforma em uma enorme salsicha, que abocanha com grande fome.

Superman e Etrigan – Paisagem urbana

 

Uma das muitas qualidades de John Byrne está no fato de que ele conseguia fazer com que qualquer história, por mais absurda ou bizarra que fosse, se tornasse natural. Sua narrativa era tão fluída, que aceitávamos qualquer coisa que ele colocasse na história.

Só ele, por exemplo, para fazer um encontro do superman com Etrigan na Idade Média ter verossimilhança.

Qual é a regra básica? Sempre que dois heróis se encontram, eles caem na porrada... 


Na história, Jason Blood está visitando um antiquário na companhia de uma amiga chamada Glenda quando ela abre um mecanismo que a transforma numa espécie de torre. Pior: essa torre começa a incorporar outras e outras pessoas.

Quando o Superman vê a estrutura dominando a cidade, começa a destruí-la, no que é atacado por Etrigan,  numa sequência maravilhosa de ação. Era Byrne levando para a DC a regra básica da Marvel: sempre que dois heróis se encontram, eles trocam sopapos.

... só para depois se tornarem aliados contra um inimigo em comum. 


Ao final, o demônio envia o homem de aço para o passado, onde ele deve encontrar o Jason Blood da Idade Média e, junto com ele, enfrentar Morgana Le Fay, a responsável pelo feitiço.

Em que pese ser uma história divertida, o que mais salta aos olhos é que, nitidamente, Byrne está é fazendo uma grande homenagem ao seu grande ídolo, Jack Kirby, criador do Etrigan.

A impressionante arte detalhista de Alex Niño

 

Alex Niño é um artista filipino nascido em 1940. Em 1971 ele foi recrutado por Joe Orlando para trabalhar na DC Comics e começou uma aclamada carreira nos comics americanos, com passagens pela Marvel, Heavy Metal e Warren. Aqui no Brasil ele ficou conhecido principalmente através da revista Kripta. Seu desenho detalhado com páginas duplas impressionantes estavam entre os mais queridos pelos leitores.  










sexta-feira, abril 26, 2024

Conan – Caos no país de Kush

 

Belas mulheres, uma ameaça sobrenatural e intrigas palacianas. Esse seria um bom resumo da história “Caos no país de Kush”, baseada num conto de L. Sprangue de Camp e Lin Carter e publicada em Conan the barbarian 106 e 107.

Na história, escrita por Roy Thomas e desenhada por John Buscema e Ernie Chan, Conan chega na cidade de Meroé, no reino negro de Kush a tempo de salvar a rainha, que está sendo atacando por uma turba enraivecida.

Tudo, na verdade, é parte do plano de um nobre, Lorde Tuthmes, que usou um demônio para matar um prisioneiro do palácio real, fazendo o povo achar que a rainha é uma feiticeira.

Ao salvar a governante, Conan se torna o capitão de sua guarda-real. Mas Tuthmes, vendo que a rainha não foi morta, resolve introduzir uma espiã no palácio, uma escrava da nemédia chamada Diana.

A rainha sádica e a assustada escrava. 


É aqui que a trama ganha fôlego, ao contrapor duas mulheres igualmente belas: a rainha negra e a escrava loira. O ponto alto da história é quando a rainha, com nítido prazer, tortura a escrava, tentando arrancar dela a razão pela qual o nobre a havia presenteado. Mas a garota não pode dizer nada, assustada que está com a possibilidade de ser morta pelo ser sobrenatural do início da história. O único ponto comum entre as duas é a beleza.

Claro que a escrava acaba sendo salva por Conan, o que se torna o centro da narrativa.

Os diálogos desse trecho revelam como Thomas sabia lidar com o texto. “Você é corajosa, mas vamos ver quanto tempo isso dura!”, diz a rainha, com um chicote longo nas mãos. “Não, não vamos”, diz Conan. “Quê? Como ousa se intrometer aqui, Conan da Ciméria? Vá embora ou provará meu chicote antes dela”, ameaça a soberana, ao que o outro responde, despreocupado: “Gostaria de vê-la tentar, Rainha”.

Saber desenhar cavalos é um atributo básico para histórias de espada e magia. 


John Buscema era um mestre em desenhar mulheres, o que contribuiu muito para que a história funcione. Mas logo no primeiro quadro da história, uma bela splash page, revela uma outra aptidão essencial para um artista de espada e magia: saber desenhar cavalos.

No Brasil essa história foi publicada pela editora Abril em Conan, o bárbaro 3.