Aqui em casa ninguém gosta de carnaval. Então planejamos fugir da agitação e dos inevitáveis sambas-enredo. Decidimos passar alguns dias no interior do Amapá.
O interior do Estado tem alguns dos locais mais bonitos que já vi. Belezas naturais que não precisam de mais nada para serem agradáveis e perfeitos para quem quer descansar e relaxar em contato com a natureza. Aliás, isso poderia ser usado pelos órgãos de difusão do turismo. O Amapá não tem a menor condição de concorrer com locais cujo carnaval é tradicional, como o Rio de Janeiro e Salvador, mas poderia cooptar justamente o segmento de mercado que não gosta da folia. Imagino até a propaganda: “Fuja da agitação e do stress, venha para o Amapá”.
Com essa idéia na mente, e imbuídos do espírito de colaborar com o Estado (melhor do que viajar e gastar lá fora é viajar aqui e gerar renda aqui) e aproveitando o fato de que estamos sendo visitados por uma sobrinha que não conhece as belezas do Estado, nos preparamos para a viagem. Fizemos a revisão no carro, alinhamento, balanceamento dos pneus, escolhemos os livros e revistas que íamos levar, fizemos as malas... Tudo pronto, dormimos sonhando com as delícias que viriam: o contato relaxante com a natureza, dormir no meio da floresta ouvindo o som das cigarras, acordar de manhã com o som dos pássaros e o cheiro gostoso de orvalho... finalmente uma folga da agitação e do stress.
No dia seguinte acordamos cedo e aprontamos tudo que faltava. Queríamos pegar a estrada cedo para evitar o horário de pico, além de podermos aproveitar melhor o dia maravilhoso que viria pela frente.
Oito horas já estávamos na estrada rumo a um hotel de selva.
Duas horas depois nos deparamos com um portão fechado. Um funcionário no explicou que o local estava fechado.
- Mas vai abrir na quinta-feira, depois do carnaval. – ele disse, para nos consolar.
Ficamos totalmente desconsolados. E agora, o que fazer? Voltar para casa? Depois de duas horas de estrada, valia a pena fazer outras tentativas. Fomos para outro hotel, mas descobrimos que esse também estava fechado.
Em meio à depressão geral que se seguiu, lembrei que certa vez tínhamos ido em outro balneário muito bom, em Porto Grande... e lá fomos nós. Acabamos nos perdendo no meio dos ramais e sub-ramais totalmente sem sinalização e ficamos duas horas andando como baratas, até finalmente conseguirmos chegar ao tão sonhado balneário... apenas para descobrir que ele não existe mais.
Voltamos para casa totalmente desconsolados e arrependidos de não termos viajado para Belém. Passamos o restante do carnaval em casa, ouvindo o vizinho colocar seu brega em volume máximo.
É, no Amapá a melhor forma de fazer turismo ainda é comprar uma passagem para fora do estado...
1 comentário:
Que M----.
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