terça-feira, março 28, 2006

Ontem uma aluna me mostrou um texto seu. Inicialmente pensei que fosse parte de algum TCC, mas me surpreendi ao descobri que era uma ótima crônica, muito bem escrita e sem dúvida nenhuma criativa. Gostei tanto que pedi a ela autorização para publicar em meu blog. Aí vai:

Cotidiano: A Lei do mais forte e do mais esperto
Tereza Cristina Sampaio Lima

Hoje fui violentada, e não apenas uma única vez, mas em todas ás vezes necessárias. Pisaram no meu pé, puxaram o meu cabelo, rasgaram a minha blusa, deram-se socos, apertões, arranhões e até palavrões eu escutei. Tudo isso em uma hora.
Não deu pra ver quem era ou quantos eram, mas pelas inumeráveis vozes sabia que não se tratava de uma única pessoa, por isso preferi não me defender (seria loucura) e deixei-me ser violentada, apenas abaixei a cabeça e concenti o ato, afinal não se pode julgar sem palavras, não é mesmo?
Se chorei? Preferi dizer que me indignou o fato de nada poder fazer e ter a certeza de que esse dia, ou melhor, esses dias de violências físicas e verbais farão (mesmo não querendo) parte do meu passado e que aos poucos passará a ser o maior de todos os meus traumas.
Bem, caso não estivesse me referindo ao transporte coletivo (os famosos ônibus), poderia jurar que esse se trata do relato de uma violência sexual, mas não, pois essa é a realidade de quem necessita desse meio de transporte.
E enganam-se aqueles que ACHAM, que essa situação irá mudar através de promessas políticas, que só servem para encher os olhos do povo com palavras bonitas e difíceis, o fato é que não se deve prometer o que não irá cumprir. E digo isso pelo simples fato de que esses políticos que se dizem representantes do povo, não tirariam o menor tempo que fosse para um “passeio” de ônibus, porque está é a realidade que vivemos. Andar em um ônibus superlotado é ter que se submeter à Lei do mais forte e do mais esperto.
A verdade é que para essas situações, politicagem barata não tem vez, pois eu prefiro afirmar que isso só irá piorar, e espero que as portas do céu não sejam do tamanho das de um ônibus.

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