quinta-feira, abril 20, 2006

Lembranças de Carnaval


Todo mundo tem agradáveis lembranças dos carnavais passados:
- Ah aquele carnaval de 1930, em Petrópolis... Se não fosse a artrite, eu saía de madrinha da bateria este ano...
- Aí teve aquela loira que... não, a loira foi depois da morena... ou será que era ruiva? Nunca bebi tanto em minha vida...
É, carnaval sempre traz boas lembranças para todos e eu não seria exceção. Foi durante um carnaval que fui assaltado pela primeira vez...
Era Quarta-feira de cinzas e eu, por alguma razão desconhecida, resolvi devolver um livro na biblioteca. Eu sei, eu sei. Bibliotecas não funcionam na Quarta-feira de cinzas, mas como eu poderia saber?
Diante da porta fechada, só me restou voltar para a parada e esperar o ônibus. Foi quando aconteceu o assalto.
Se eu tivesse sido avisado, teria me vestido adequadamente para a situação, mas os dois ladrões não tiveram essa preocupação. Acho que não eram pessoas muito educadas.
Um deles segurava uma faca e tinha olhos tão vermelhos que eu poderia jurar ter ele mais sangue na cabeça que no corpo todo. Isso, em tese, o faria mais inteligente, mas estou cada vez mais convencido que as teorias não funcionam na prática. Tanto que ele só conseguia dizer:
- Passa, passa logo!
- Passa o quê? A carteira?
- Não, o negócio...
Ele decididamente não sabia o que queria. Depois de um longo diálogo surrealista, consegui advinhar que ele cobiçava meu relógio. Fiquei indignado! Logo no meu primeiro assalto e o ladrão se interessava apenas por um relógio mixuruca? Resolvi não colaborar.
Enquanto isso, o outro cavalheiro, armado com um revólver, rendia um taxista.
- Me dá o relógio!
- Não dou!
- Vai dar sim!
- Não mesmo!
- Vocês podem apressar isso aí? – gritou o outro, já dentro do taxi.
O assaltante resolveu apelar. Apontou a faca para o meu pescoço e perguntou:
- Você quer morrer?
Enquanto eu pensava no assunto, ele pegou o relógio e saiu correndo.
Essa foi a primeira vez que fui assaltado. A segunda foi na véspera de natal. A terceira no ano novo...
Tudo isso me levou a desenvolver um gosto especial por ficar em casa nos dias festivos...

3 comentários:

Anónimo disse...

Ivan, há muito tempo, tomo esse cuidado, o de não sair de casa, em dias festivos. Talvez, isto seja um dos preventivos que tomo para evitar os assaltos. Abs.

jeanokada disse...

Nesse ponto eu me considero com sorte! Nunca fui assaltado na vida.

Gian Danton/Ivan Carlo disse...

Oi Ernani, este ano resolvemos viajar para o interior e demos com os burros n´água: tudo fechado. Okada, vc é um cara de sorte. Morando em Sampa e nunca foi assaltado. Um amigo meu do mestrado era assaltado pelo menos uma vez por mês. A maior parte das vezes dentro de padarias. Ele já nem entrava mais em padarias... rs... rs...