quinta-feira, maio 18, 2006

Este texto eu escrevi originalmente em 1988, na época em que eu estava no cursinho, preparando-me para o vestibular e reflete a paranóia que dominava todos nós que concorríamos a uma vaga. Acabei perdendo o texto original e o reescrevi em 1989 ou 1990. Assim, o texto que publico abaixo é resultado dessa reformulação.

RELATÓRIO SOBRE OS ACONTECIMENTOS DA PROVA DE VESTIBULAR DE 1988

Foi no meio da prova: o rapaz pegou o relógio e ficou alguns minutos olhando-o. Em seguida, tirou-o do braço e começou a batê-lo contra a carteira. Depois disso, fez uma expressão significativa: o relógio estava parado.
Algumas pessoas perceberam o caso e começaram a olhar. Por fim toda a sala tinha a atenção voltada para o acontecimento. Fiz menção de fazê-lo parar, mas ele, percebendo a situação, parou de bater no relógio.
A prova continuou normalmente e até me esqueci dele. Quando olhei novamente, levei um susto: ele estava desmontando o relógio!
Eu e o outro fiscal não sabíamos o que fazer. Não havia nenhuma instrução quanto a isso no manual.
Então aconteceu: uma mola do relógio escapou de suas mãos e ele se levantou para pegá-la, no que derrubou a carteira... tentando reaver o relógio, que caíra junto com a carteira, ele pulou sobre outro candidato, que meteu-lhe um soco na cara. O impulso do soco lançou-o sobre outra carteira, que caiu, derrubando mais três e ocasionando uma confusão sem limites.
Tentei intervir, mas fui nocauteado.
O rapaz, obcecado pelo relógio, pegou-o e saiu da sala, perseguido por uma verdadeira multidão. Entrando em outra sala, ele tentou fugir pulando sobre as carteiras...
Ao que parece a invasão não foi muito bem interpretada e os candidatos daquela sala resolveram reagir dando socos e pontapés nos que chegavam.
Aí, bem aí foi o inferno...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ivan, se esta ocorrência houvesse se dado numa cidade grande, todos diriam que foi um escape do inconsciente coletivo, que vive acumulando stress. Mas, em Belém (penso que foi em Belém), acho que é para se rir, pois, o que encerra é uma mega cofusão, mesmo... (rs).