terça-feira, outubro 31, 2006
segunda-feira, outubro 30, 2006
O blog O Filósofo Iconoclasta publicou uma ótima resenha de meu livro Ciência e Quadrinhos. Confira. Aliás, que blog! Muito bom, especialmente para os que se interessam por quadrinhos e por filosofia.
sábado, outubro 28, 2006
Estou fazendo um trabalho para uma editora de São Paulo e, por conta disso, estava pesquisando no Wikipédia sobre Hércules. Aí cheguei a um verbete sobre Jolau, o companheiro de aventuras de Hércules. Para minha surpresa, descobri que ele era amante de Hércules e que casais homossexuais costumavam ir à tumba de Jolau para jurar lealdade a ele e um ao outro. Esses gregos!
sexta-feira, outubro 27, 2006
Gosto muito de propagandas, especialmente se elas forem criativas. Algumas muito divertidas podem ser encontradas no site Vídeos da Hora.
O blog da Alcinea Cavalcante está concorrendo ao Prêmio The Bobs – Best of the blogs, na categoria Reportrs Without Borders, concedido pela Deutsche Welle International.
Disputando o prêmio com centenas de blogs do mundo todo, o alcineacavalcante.blogspot.com está entre os dez finalistas escolhidos por um júri internacional de alto nível formado por jornalistas independentes, pesquisadores de mídia e peritos em weblog.
Agora, o concurso entrou na última fase. No período de 23/10 a 11/11 serão escolhidos os vencedores dos prêmios dos usuários através de votação online.
O blog da Alcinea está em terceiro lugar e é o único em língua portuguesa entre os dez finalistas.
Para votar, clique aqui ou no selo The Bobs na sessão de créditos do meu blog. Na página de votação, marque o campo PREMIO REPÓRTER SEM FRONTEIRAS.
Disputando o prêmio com centenas de blogs do mundo todo, o alcineacavalcante.blogspot.com está entre os dez finalistas escolhidos por um júri internacional de alto nível formado por jornalistas independentes, pesquisadores de mídia e peritos em weblog.
Agora, o concurso entrou na última fase. No período de 23/10 a 11/11 serão escolhidos os vencedores dos prêmios dos usuários através de votação online.
O blog da Alcinea está em terceiro lugar e é o único em língua portuguesa entre os dez finalistas.
Para votar, clique aqui ou no selo The Bobs na sessão de créditos do meu blog. Na página de votação, marque o campo PREMIO REPÓRTER SEM FRONTEIRAS.
Depois dos episódios em que os blogs da Alcilene, Alcinea e Walter Jr. foram censurados e tirados do ar pelo UOL, houve uma debandada de blogs na direção do blogspot. O Raul Mareco fez o oposto. Estava no blogspot e foi para o UOL. Seu novo endereço é:
www.raulmareco.zip.net
www.raulmareco.zip.net
quarta-feira, outubro 25, 2006
Programação de cinema em Macapá
segunda-feira, outubro 23, 2006
Queria ser Jean-Michel Charlier
O relançamento de Blueberry pela editora Panini fez com que eu reencontrasse um velho ídolo, a pessoa que eu gostaria de ser: o roteirista belga Jean-Michel Charlier.
Charlier foi uma das mentes brilhantes que projetaram a HQ franco-belga pela Europa e construiram um gênero que une qualidade a popularidade, pelo menos no velho mundo.
A primeira vez que tive contato com seu trabalho foi no número 21 da série Graphic Novel, da editora Abril, que pubicou a primeira história de Blueberry. Quando li a biografia e vi sua foto com o sorriso bonachão, os óculos pendurados e um charuto na boca, disse para mim mesmo: esse é o cara!
Charlier, além de ter um texto genial, era eclético. Escrevia em qualquer gênero, para qualquer desenhista e qualquer faixa etária. Para os desenhos de Uderzo (ilustrador de Asterix) criou uma série de aventuras sobre dois aviadores, Tanguy e Laverdure. Para o traço clássico de Hubinon criou uma série infantil, Barba Negra. Além disso, escreveu programas de televisão e reportagens especiais.
Mas sua maior criação foi Blueberry, o cowboy cara de pau, inveterado jogador de pocker. O sucesso do personagem não foi só por sua causa. Blueberry juntou o melhor roteirista da Europa com o melhor desenhista do velho continente: Moebius, que começa tímido nos primeiros capítulos e depois solta todo o seu traço detalhista, mais apreciado nas cenas de saloons, nos quais se podia contar 20, 30 pessoas. Cada vinheta de Blueberry é um verdadeiro quadro, a ser apreciado com gosto e atenção.
E Blueberry era um personagem perfeito para os novos tempos: não era um mocinho que sempre fazia o bem, mas constumava se importar com os índios, característica que fez dele um diferencial nos quadrinhos de faroeste. Além disso, bebia e parecia ter tantos defeitos quanto qualidades (anos depois, essa tendência de cowboy humano seria muito bem aproveitada em Ken Parker).
Levei muitos anos vasculhando sebos, encontrando aqui e ali edições portuguesas de Tangui e Laverdure e do Barba Ruiva. E a cada álbum que lia eu me encantava mais. Gostava especialmente do fato de que Charlier não parecia estar querendo fazer uma obra-prima, mas simplesmente contar uma boa história. Roteirista que se levam a sério demais, que se acham gênios, costumam ser maçantes.
O lançamento da Panini é uma ótima oportunidade de outros conhecerem o melhor roteirista europeu, aquele que eu gostaria de ser: Jean-Michel Charlier.
Em tempo: tanto Blueberry quanto Aldebaran e XIII podem ser encontrados na maioria das bancas de Macapá.
domingo, outubro 22, 2006
sexta-feira, outubro 20, 2006
O cofre (meu conto de Gógol)
Talvez poucos, ou realmente ninguém se lembre de uma velha funcionária da repartição de... chamada Elvira. De fato, mesmo que você tivesse ido à repartição, ainda assim, dificilmente teria reparado nela.
Durante oito horas diárias, ela ficava enfiada numa mesa empoeirada, carimbando centenas de papéis. Ao que parece, essa era sua única função importante.
Passaram-se os tempos, mudaram os governos, os gerentes, os diretores, mas Elvira permaneceu imutável em sua mesa escondida, carimbando papéis e ajeitando, de tempos em tempos, os óculos no nariz.
A origem de seu emprego se perdera no limbo. Não se sabia se era concursada ou se tivera, um dia, um pistolão. A verdade é que era uma criatura tão esquecível e seu salário tão insignificante que não se importavam de deixá-la lá.
Certo chefe, há muitos anos, reparara em Elvira. Perguntou-lhe o que fazia, quando tinha entrado ali – ao que ela não soube responder – e ficou indignado ao saber que sua única função era carimbar documentos. Decidiu, então, promovê-la a operadora da máquina de xerox.
Nada mais fácil. Bastava apertar alguns botões e pronto! Saiam cópias perfeitíssimas, como se fossem originais.
Teria sido muito, muito fácil, não fosse por um pequeno detalhe: Elvira era absolutamente incapaz para o trato humano.
Ela não dizia uma única palavra a quem quer que fosse e chorava copiosamente quando alguém apontava qualquer defeito no xerox, ou pedia uma Segunda cópia.
Por fim, os funcionários deixavam os documentos ali e saiam sem dar um pio. Elvira, ainda assim, atrapalhava-se: reduzia o que não era para ser reduzido, tirava 30/30 cópias de coisas absolutamente desnecessárias...
Diante do trabalho acumulado, o gerente desistiu. Devolveu Elvira para sua mesinha empoeirada e nunca mais se falou no assunto.
Não se sabe, ao certo, como recebera esse nome de Elvira. Sabe-se que fora criada por um tio depois que os pais morreram, ou a abandonaram. Antes que nascesse, haviam elaborado uma lista de 20 belíssimos nomes... todos masculinos! Como nascesse mulher e resmungasse muito, resolveram por-lhe o nome da avó, que se chamava Elvira.
É bom que o leitor saiba que o tio era um tipo esquisito, que bebia muito e se escondia das visitas.
Aceitara cuidar da menina porque não havia outro jeito e porque calculara mentalmente a economia que faria usando-a como empregada doméstica.
Assim, Elvira cresceu sem nunca Ter experimentado uma palavra de carinho ou de afeto. Acostumara-se a ser repreendida tanto por falar quanto por calar. E como calar era mais fácil, calava-se.
Nos últimos tempos, além da função de carimbar documentos, ganhara uma outra. Viera um novo gerente, que tinha uma esquisitice muito singular. Ele descobrira no porão um velho cofre e decidira que todos os documentos carimbados deveriam ser guardados nele antes de serem assinados.
Era de se ver o gosto com que examinava o cofre toda manhã. Esfregava as mãos e então punha-se a girar a tranca, soletrando mentalmente os números.
Finalmente, pegava os documentos, levava até sua mesa e os assinava, com um sorriso nos lábios.
Repetia esse ritual todos os dias e se sentia o mais importante dos homens quando o fazia. Costumava dizer que aqueles eram documentos importantíssimos e que era mesmo uma temeridade deixá-los assim, espalhados sobre a mesa, quando ladrões estavam por toda a parte...
Como não tinha qualquer outra função, além de carimbar, Elvira ficara responsável pelo cofre.
Tinha que carimbar os documentos e, depois, ao fim do dia, trancá-los no cofre. Essa foi sua desgraça.
Certo dia, quando voltava para casa, depois de quase duas horas de ônibus lotado, ela retirou a bolsa da chave ficou petrificada.
A revelação abateu seus pensamentos como um tiro: esquecera o cofre aberto! Como pudera ser tão imbecil?
Pensou em voltar. Controlou-se. Abriu a porta, entrou e despencou no sofá. Estava frita!!! Ficava imaginando a colossal reprimenda que receberia do chefe.
Mais! Muito mais! Seria despedida! Perderia a aposentadoria, a casa. Viu a velhice tranquila de seus sonhos se desfazendo diante de seus olhos.
Mas o que podia fazer? Nada! Agarrou-se à idéia de que chegaria antes do chefe para fechar o cofre... mas era impossível. O homem era o primeiro a chegar, e a primeira coisa que fazia era justamente examinar o seu querido cofre.
Levantou. Tomou um banho. Não tinha fome. Foi dormir sem comer. Já era tarde, então...
Sonhou com o tio. Ele lhe aparecia com os olhos vermelhos, um cheiro terrível de cerveja, o punho cerrado, ameaçando espancá-la. Dizia coisas horríveis, a saliva escapando da boca...
Elvira acordou assustada. Tentou dormir novamente. Não conseguia. Olhou para o relógio. Eram 22:40. Ainda havia ônibus. Talvez pudesse se levantar e ir até a repartição. Arranjaria um jeito de entrar e fecharia o cofre...
Tudo daria certo, ela voltaria para casa e terminaria a noite dormindo tranquilamente.
Voltou a deitar. Fechou os olhos. Não conciliava o sono. A imagem do tio aparecia-lhe diante dos olhos, misturada com a do cofre.
Levantou. Vestiu a primeira roupa que encontrou pela frente e saiu. Duas horas depois estava em frente ao prédio da repartição.
Andou à volta. Passou por um lado e por outro. Pensou em escalar a grade. Depois mudou de idéia. Talvez o melhor fosse pular o muro lateral, usando o muro do vizinho, menor, como degrau.
Ia se aproximando quando enorme avançou das sombras.
Elvira caiu na calçada, assustada com os latidos terríveis do cão.
Lembrou-se do tio. Sentou-se no meio-fio, desesperada. Não havia um meio de entrar, não havia um meio de fechar o cofre... estava tudo acabado: a casa, a aposentadoria, tudo!
Voltou para a parada.
Ficou lá, inerte, por mais de meia-hora, relembrando sua vida.
Nunca fora amada por ninguém. Nunca tivera namorados, ou mesmo alguém que lhe fizesse galanteios.
Todos os seus sonhos se resumiam à aposentadoria. Queria uma velhice tranquila e uma morte decente... um caixão simples, mas ornado com muitas flores.
Já passava de uma hora e não passava nenhum ônibus. Elvira resolveu andar a esmo. Foi quando começou a chover.
Andou, andou, andou por toda a noite, tiritando de frio e tossindo muito. Foi encontrada na manhã seguinte, caída numa vala e encolhida de frio.
Como não tivesse nenhum documento consigo, foi enterrada como indigente.
Na repartição, ninguém deu pela sua morte. Naquele dia havia uma agitação extraordinária. O gerente fora demitido e nem aparecera pela manhã. O novo chefe, a primeira coisa que fez foi mandar tirar todos os documentos do cofre e devolver o monstrengo ao porão. Ia comandando o trabalho, ao mesmo tempo em que dizia:
- Tirem essa coisa enferrujada daqui! Não quero trastes no meu escritório... E, além disso, de que serve esse cofre? Nem mesmo o fecham...
Compre livros de Gógol no Submarino.
Durante oito horas diárias, ela ficava enfiada numa mesa empoeirada, carimbando centenas de papéis. Ao que parece, essa era sua única função importante.
Passaram-se os tempos, mudaram os governos, os gerentes, os diretores, mas Elvira permaneceu imutável em sua mesa escondida, carimbando papéis e ajeitando, de tempos em tempos, os óculos no nariz.
A origem de seu emprego se perdera no limbo. Não se sabia se era concursada ou se tivera, um dia, um pistolão. A verdade é que era uma criatura tão esquecível e seu salário tão insignificante que não se importavam de deixá-la lá.
Certo chefe, há muitos anos, reparara em Elvira. Perguntou-lhe o que fazia, quando tinha entrado ali – ao que ela não soube responder – e ficou indignado ao saber que sua única função era carimbar documentos. Decidiu, então, promovê-la a operadora da máquina de xerox.
Nada mais fácil. Bastava apertar alguns botões e pronto! Saiam cópias perfeitíssimas, como se fossem originais.
Teria sido muito, muito fácil, não fosse por um pequeno detalhe: Elvira era absolutamente incapaz para o trato humano.
Ela não dizia uma única palavra a quem quer que fosse e chorava copiosamente quando alguém apontava qualquer defeito no xerox, ou pedia uma Segunda cópia.
Por fim, os funcionários deixavam os documentos ali e saiam sem dar um pio. Elvira, ainda assim, atrapalhava-se: reduzia o que não era para ser reduzido, tirava 30/30 cópias de coisas absolutamente desnecessárias...
Diante do trabalho acumulado, o gerente desistiu. Devolveu Elvira para sua mesinha empoeirada e nunca mais se falou no assunto.
Não se sabe, ao certo, como recebera esse nome de Elvira. Sabe-se que fora criada por um tio depois que os pais morreram, ou a abandonaram. Antes que nascesse, haviam elaborado uma lista de 20 belíssimos nomes... todos masculinos! Como nascesse mulher e resmungasse muito, resolveram por-lhe o nome da avó, que se chamava Elvira.
É bom que o leitor saiba que o tio era um tipo esquisito, que bebia muito e se escondia das visitas.
Aceitara cuidar da menina porque não havia outro jeito e porque calculara mentalmente a economia que faria usando-a como empregada doméstica.
Assim, Elvira cresceu sem nunca Ter experimentado uma palavra de carinho ou de afeto. Acostumara-se a ser repreendida tanto por falar quanto por calar. E como calar era mais fácil, calava-se.
Nos últimos tempos, além da função de carimbar documentos, ganhara uma outra. Viera um novo gerente, que tinha uma esquisitice muito singular. Ele descobrira no porão um velho cofre e decidira que todos os documentos carimbados deveriam ser guardados nele antes de serem assinados.
Era de se ver o gosto com que examinava o cofre toda manhã. Esfregava as mãos e então punha-se a girar a tranca, soletrando mentalmente os números.
Finalmente, pegava os documentos, levava até sua mesa e os assinava, com um sorriso nos lábios.
Repetia esse ritual todos os dias e se sentia o mais importante dos homens quando o fazia. Costumava dizer que aqueles eram documentos importantíssimos e que era mesmo uma temeridade deixá-los assim, espalhados sobre a mesa, quando ladrões estavam por toda a parte...
Como não tinha qualquer outra função, além de carimbar, Elvira ficara responsável pelo cofre.
Tinha que carimbar os documentos e, depois, ao fim do dia, trancá-los no cofre. Essa foi sua desgraça.
Certo dia, quando voltava para casa, depois de quase duas horas de ônibus lotado, ela retirou a bolsa da chave ficou petrificada.
A revelação abateu seus pensamentos como um tiro: esquecera o cofre aberto! Como pudera ser tão imbecil?
Pensou em voltar. Controlou-se. Abriu a porta, entrou e despencou no sofá. Estava frita!!! Ficava imaginando a colossal reprimenda que receberia do chefe.
Mais! Muito mais! Seria despedida! Perderia a aposentadoria, a casa. Viu a velhice tranquila de seus sonhos se desfazendo diante de seus olhos.
Mas o que podia fazer? Nada! Agarrou-se à idéia de que chegaria antes do chefe para fechar o cofre... mas era impossível. O homem era o primeiro a chegar, e a primeira coisa que fazia era justamente examinar o seu querido cofre.
Levantou. Tomou um banho. Não tinha fome. Foi dormir sem comer. Já era tarde, então...
Sonhou com o tio. Ele lhe aparecia com os olhos vermelhos, um cheiro terrível de cerveja, o punho cerrado, ameaçando espancá-la. Dizia coisas horríveis, a saliva escapando da boca...
Elvira acordou assustada. Tentou dormir novamente. Não conseguia. Olhou para o relógio. Eram 22:40. Ainda havia ônibus. Talvez pudesse se levantar e ir até a repartição. Arranjaria um jeito de entrar e fecharia o cofre...
Tudo daria certo, ela voltaria para casa e terminaria a noite dormindo tranquilamente.
Voltou a deitar. Fechou os olhos. Não conciliava o sono. A imagem do tio aparecia-lhe diante dos olhos, misturada com a do cofre.
Levantou. Vestiu a primeira roupa que encontrou pela frente e saiu. Duas horas depois estava em frente ao prédio da repartição.
Andou à volta. Passou por um lado e por outro. Pensou em escalar a grade. Depois mudou de idéia. Talvez o melhor fosse pular o muro lateral, usando o muro do vizinho, menor, como degrau.
Ia se aproximando quando enorme avançou das sombras.
Elvira caiu na calçada, assustada com os latidos terríveis do cão.
Lembrou-se do tio. Sentou-se no meio-fio, desesperada. Não havia um meio de entrar, não havia um meio de fechar o cofre... estava tudo acabado: a casa, a aposentadoria, tudo!
Voltou para a parada.
Ficou lá, inerte, por mais de meia-hora, relembrando sua vida.
Nunca fora amada por ninguém. Nunca tivera namorados, ou mesmo alguém que lhe fizesse galanteios.
Todos os seus sonhos se resumiam à aposentadoria. Queria uma velhice tranquila e uma morte decente... um caixão simples, mas ornado com muitas flores.
Já passava de uma hora e não passava nenhum ônibus. Elvira resolveu andar a esmo. Foi quando começou a chover.
Andou, andou, andou por toda a noite, tiritando de frio e tossindo muito. Foi encontrada na manhã seguinte, caída numa vala e encolhida de frio.
Como não tivesse nenhum documento consigo, foi enterrada como indigente.
Na repartição, ninguém deu pela sua morte. Naquele dia havia uma agitação extraordinária. O gerente fora demitido e nem aparecera pela manhã. O novo chefe, a primeira coisa que fez foi mandar tirar todos os documentos do cofre e devolver o monstrengo ao porão. Ia comandando o trabalho, ao mesmo tempo em que dizia:
- Tirem essa coisa enferrujada daqui! Não quero trastes no meu escritório... E, além disso, de que serve esse cofre? Nem mesmo o fecham...
Compre livros de Gógol no Submarino.
quarta-feira, outubro 18, 2006
Programação de cinema em Macapá
CINE SHOPPING MACAPÁ
sala 1: O DIABO VESTE PRADA, sessões:16:30-19-21:20H
sala 2: LUCAS às 16:50H e XEQUE-MATE ÀS 19 e 21:20H.
CINE SANTANA
sala 1: CLICK às 16:40-19-21:20h
sala 2: SERPENTES A BORDO às 16:40-19-21:20h.
sala 1: O DIABO VESTE PRADA, sessões:16:30-19-21:20H
sala 2: LUCAS às 16:50H e XEQUE-MATE ÀS 19 e 21:20H.
CINE SANTANA
sala 1: CLICK às 16:40-19-21:20h
sala 2: SERPENTES A BORDO às 16:40-19-21:20h.
terça-feira, outubro 17, 2006
domingo, outubro 15, 2006
Necrofilia da arte
Dia desses estava numa dessas convenções de quadrinhos quando dei de cara com o famoso roteirista B*. Imediatamente abordei-o e iniciamos uma animada conversa. B*, além de um bom papo, é também um roteirista de talento, o melhor da nova geração de roteiristas brasileiros, um legítimo representante do estilo de Júlio Augusto, o quadrinista que projetou a HQ nacional para o mundo e abriu caminho para todos nós.
- Todos nós devemos muito a Júlio Augusto. - eu dizia, quando B* me interrompeu.
- Está vendo aquele ali? - indagou ele, apontando para um homem de aproximadamente 35 anos, vestindo calças largas presas por suspensórios.
- Sim. - respondi. Parece-me mais um dos fãs de quadrinho nacional do tipo obcecado. São tipos estranhos. Certa vez um deles quis levar uma mecha de meu cabelo para completar sua coleção.
- Ah, sim? Pois repare. Embora compre obsessivamente, ele não adquiriu nenhuma revista de Júlio Augusto.
De fato, embora ele estivesse com uma sacola cheia de revistas, não havia nenhuma assinada por Júlio Augusto. O que, de fato, é muito estranho. Há cinco anos nada vende mais que Júlio Augusto. Colecionadores compram 10, 15 edições da mesma história. Nas gibiterias metade do espaço é dedicado ao grande mestre que, embora tenha revitalizado a nona arte no Brasil, teve a infelicidade de morrer cedo. Assim, era bastante estranho que alguém fosse uma convenção e não adquirisse nenhuma obra do mestre.
- Sabe por que ele não compra Júlio Augusto?
Eu não tinha a menor idéia.
- Porque ele é Júlio Augusto.
Meu queixo caiu. Júlio Augusto? Como? Ele...
- Ele está morto, eu sei. Também sei que você provavelmente não vai acreditar no que vou dizer, mas espero que ouça. Tudo começou seis anos atrás. Nós éramos um grupo de quadrinistas de talento, mas absolutamente pobres e irreversivelmente desempregados. Vivíamos numa casa caindo aos pedaços e corríamos o risco de sermos escorraçados dali, pois há muito não pagávamos aluguel. As editoras nacionais, na época poucas, não aceitavam nossos trabalhos porque, embora fôssemos bons, éramos novos e desconhecidos. A editoras de outros países, nem se fala... Nem mesmo as editoras de livros didáticos aceitavam nossos trabalhos. Você deve achar isso engraçado, agora que tenho livros publicados por quase todas as grandes editoras, e costumo dispensar suas ofertas tentadoras para me dedicar mais livremente aos quadrinhos. Mas na época todas recusavam meus livros com a desculpa de que a programação do próximo ano já estava lotada. Quanto aos desenhistas, eram obrigados a decantar a água em que limpavam os pincéis para reaproveitar o nanquim.
Então essa era a situação desesperadora em que nos encontrávamos quando tivemos uma idéia. Percebemos que neste país só são valorizados os artistas que morrem e decidimos que um de nós iria morrer. Tiramos a sorte e Júlio Augusto foi o escolhido. A partir desse momento, todos nós começamos a produzir como loucos. Eu escrevia até duas histórias por dia. E pelo menos 15 páginas eram desenhadas diariamente, todas seguindo sempre o mesmo estilo. Começamos pelos fanzines. Enviamos histórias curtas para vários deles, lembrando de que se tratava do trabalho de um desenhista doente que morreria em breve. Assim, quando mandamos os trabalhos para as editoras, a fama de moribundo de Júlio Augusto já havia se espalhado. Eles publicaram porque um desenhista pronto para morrer já era quase um desenhista famoso. A grande sensação aconteceu quando comparecemos a uma convenção levando os mais novos originais de Júlio Augusto. Explicamos, claro, que ele não fora porque a doença o deixara na cama, e que não demoraria a morrer. Editores compraram rapidamente os direitos de publicar as histórias antes que a morte de seu autor as valorizasse. Hoje esses direitos valem pelo menos 500 vezes mais.
Um mês depois matamos Júlio Augusto. Ele faleceu numa Terça-feira, para que desse tempo de fazerem um Globo repórter sobre ele. O caixão foi acompanhado por uma multidão. É claro que só havia tijolos lá dentro, mas só nós sabíamos disso. Enquanto isso, negociávamos os direitos de publicação de suas últimas histórias. Apareceu até mesmo um editor japonês interessado em publicar as histórias do revolucionário quadrinista brasileiro. Só aquele dinheiro já foi suficiente para montarmos uma editora e nos firmarmos no mercado. Chamamos a editora de J.A. Comics. Fomos saudados como os seguidores de Júlio Augusto. Muitos se espantaram com a maneira como conseguíamos imitar seu estilo e o culto a Júlio Augusto se espalhou até não conhecer limites nem mesmo geográficos. Hoje, cinco anos após sua morte, há quem diga que ele é mais famoso que Elvis Presley.
E foi assim que conseguimos nos fazer e alavancar junto o quadrinho nacional para o reconhecimento internacional: matando um de nós. Júlio Augusto trocou de nome e passou a viver numa cidadezinha do interior. De vez em quando faz algumas histórias que publicamos com pseudônimo, explicando que se trata de mais um seguidor do grande Júlio Augusto. Essa é a razão pela qual ele não compra nada do mestre.
B* terminou de falar e ficou observando o amigo morto. E eu fiquei com meus botões, pensando se aquela história maluca era realmente verdadeira. Afinal, os roteiristas de quadrinhos são justamente conhecidos por sua imaginação desenfreada. Verdade, mentira? Vá se saber!
Dia desses estava numa dessas convenções de quadrinhos quando dei de cara com o famoso roteirista B*. Imediatamente abordei-o e iniciamos uma animada conversa. B*, além de um bom papo, é também um roteirista de talento, o melhor da nova geração de roteiristas brasileiros, um legítimo representante do estilo de Júlio Augusto, o quadrinista que projetou a HQ nacional para o mundo e abriu caminho para todos nós.
- Todos nós devemos muito a Júlio Augusto. - eu dizia, quando B* me interrompeu.
- Está vendo aquele ali? - indagou ele, apontando para um homem de aproximadamente 35 anos, vestindo calças largas presas por suspensórios.
- Sim. - respondi. Parece-me mais um dos fãs de quadrinho nacional do tipo obcecado. São tipos estranhos. Certa vez um deles quis levar uma mecha de meu cabelo para completar sua coleção.
- Ah, sim? Pois repare. Embora compre obsessivamente, ele não adquiriu nenhuma revista de Júlio Augusto.
De fato, embora ele estivesse com uma sacola cheia de revistas, não havia nenhuma assinada por Júlio Augusto. O que, de fato, é muito estranho. Há cinco anos nada vende mais que Júlio Augusto. Colecionadores compram 10, 15 edições da mesma história. Nas gibiterias metade do espaço é dedicado ao grande mestre que, embora tenha revitalizado a nona arte no Brasil, teve a infelicidade de morrer cedo. Assim, era bastante estranho que alguém fosse uma convenção e não adquirisse nenhuma obra do mestre.
- Sabe por que ele não compra Júlio Augusto?
Eu não tinha a menor idéia.
- Porque ele é Júlio Augusto.
Meu queixo caiu. Júlio Augusto? Como? Ele...
- Ele está morto, eu sei. Também sei que você provavelmente não vai acreditar no que vou dizer, mas espero que ouça. Tudo começou seis anos atrás. Nós éramos um grupo de quadrinistas de talento, mas absolutamente pobres e irreversivelmente desempregados. Vivíamos numa casa caindo aos pedaços e corríamos o risco de sermos escorraçados dali, pois há muito não pagávamos aluguel. As editoras nacionais, na época poucas, não aceitavam nossos trabalhos porque, embora fôssemos bons, éramos novos e desconhecidos. A editoras de outros países, nem se fala... Nem mesmo as editoras de livros didáticos aceitavam nossos trabalhos. Você deve achar isso engraçado, agora que tenho livros publicados por quase todas as grandes editoras, e costumo dispensar suas ofertas tentadoras para me dedicar mais livremente aos quadrinhos. Mas na época todas recusavam meus livros com a desculpa de que a programação do próximo ano já estava lotada. Quanto aos desenhistas, eram obrigados a decantar a água em que limpavam os pincéis para reaproveitar o nanquim.
Então essa era a situação desesperadora em que nos encontrávamos quando tivemos uma idéia. Percebemos que neste país só são valorizados os artistas que morrem e decidimos que um de nós iria morrer. Tiramos a sorte e Júlio Augusto foi o escolhido. A partir desse momento, todos nós começamos a produzir como loucos. Eu escrevia até duas histórias por dia. E pelo menos 15 páginas eram desenhadas diariamente, todas seguindo sempre o mesmo estilo. Começamos pelos fanzines. Enviamos histórias curtas para vários deles, lembrando de que se tratava do trabalho de um desenhista doente que morreria em breve. Assim, quando mandamos os trabalhos para as editoras, a fama de moribundo de Júlio Augusto já havia se espalhado. Eles publicaram porque um desenhista pronto para morrer já era quase um desenhista famoso. A grande sensação aconteceu quando comparecemos a uma convenção levando os mais novos originais de Júlio Augusto. Explicamos, claro, que ele não fora porque a doença o deixara na cama, e que não demoraria a morrer. Editores compraram rapidamente os direitos de publicar as histórias antes que a morte de seu autor as valorizasse. Hoje esses direitos valem pelo menos 500 vezes mais.
Um mês depois matamos Júlio Augusto. Ele faleceu numa Terça-feira, para que desse tempo de fazerem um Globo repórter sobre ele. O caixão foi acompanhado por uma multidão. É claro que só havia tijolos lá dentro, mas só nós sabíamos disso. Enquanto isso, negociávamos os direitos de publicação de suas últimas histórias. Apareceu até mesmo um editor japonês interessado em publicar as histórias do revolucionário quadrinista brasileiro. Só aquele dinheiro já foi suficiente para montarmos uma editora e nos firmarmos no mercado. Chamamos a editora de J.A. Comics. Fomos saudados como os seguidores de Júlio Augusto. Muitos se espantaram com a maneira como conseguíamos imitar seu estilo e o culto a Júlio Augusto se espalhou até não conhecer limites nem mesmo geográficos. Hoje, cinco anos após sua morte, há quem diga que ele é mais famoso que Elvis Presley.
E foi assim que conseguimos nos fazer e alavancar junto o quadrinho nacional para o reconhecimento internacional: matando um de nós. Júlio Augusto trocou de nome e passou a viver numa cidadezinha do interior. De vez em quando faz algumas histórias que publicamos com pseudônimo, explicando que se trata de mais um seguidor do grande Júlio Augusto. Essa é a razão pela qual ele não compra nada do mestre.
B* terminou de falar e ficou observando o amigo morto. E eu fiquei com meus botões, pensando se aquela história maluca era realmente verdadeira. Afinal, os roteiristas de quadrinhos são justamente conhecidos por sua imaginação desenfreada. Verdade, mentira? Vá se saber!
sábado, outubro 14, 2006
Finalmente chegou em Macapá os álbuns europeus XIII e Aldebaran. Aldebaran é escrito por um brasileiro, Leo, que mora na França. Os dois títulos são ótimos, mas Aldebaran é melhor. É o tipo de história que se tem uma surpresa a cada página e o mundo criado por Leo é detalhista e fantástico. Creio que é a melhor série de FC em quadrinhos que já li. Há tempos não tinha aquela velha sensação de ansiedade, de ficar esperando ansiosamente para que chegue o novo número de uma HQ...
sexta-feira, outubro 13, 2006
quinta-feira, outubro 12, 2006
Lost Girls, de Alan Moore, será publicado no Brasil pela Devir
Por Sidney Gusman (11/10/06) Se em termos de materiais de qualidade 2006 tem sido um ano especial para o mercado de quadrinhos, 2007 deve seguir na mesma toada. O Universo HQ apurou que a Devir adquiriu os direitos para publicar no Brasil a polêmica série Lost Girls, escrita pelo britânico Alan Moore e desenhada por Melinda Gebbie. Leia mais
Chega uma hora em que você não aguenta mais ouvir as mesmas coisas, assim, acabei me voltando para cantores menos conhecidos da década de 1970, como Taigara e Zé Geraldo. Do Zé Geraldo, uma ótima música que dedico a uma amiga:
Como Diria Dylan
Zé Geraldo
Hei você que tem de 8 a 80 anos
Não fique aí perdido como ave sem destino
Pouco importa a ousadia dos seus planos
Eles podem vir da vivência de um ancião
ou da inocência de um menino
O importante é você crer na juventude que existe dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos
Nunca deixe se levar por falsos líderes
Todos eles se intitulam porta vozes da razão
Pouco importa o seu tráfico de influências
Pois os compromissos assumidos quase sempre ganham subdimensão
O importante é você ver o grande líder que existe dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos
Não se deixe intimidar pela violência
O poder da sua mente e toda sua fortaleza
Pouco importa esse aparato bélico universal
Toda força bruta representa nada mais do que um sintoma de fraqueza
O importante é você crer nessa força incrível que existe dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos
terça-feira, outubro 10, 2006
Turistas: terror ambientado no Brasil ganha novo trailer
Por Marcelo Hessel10/10/2006
"No país em que tudo é permitido... qualquer coisa pode acontecer."
É o que diz infamemente o novo trailer de Turistas, terror sádico na linha de O Albergue, ambientado no "perigoso" Brasil, terra do biquini de crochê e dos ladrões de passaporte. A prévia está sediada na página do filme no MySpace, que por si só já é uma atração, com banners anunciando o paradisíaco destino turístico. Leia mais
Comentário: não vou nem comentar...
"No país em que tudo é permitido... qualquer coisa pode acontecer."
É o que diz infamemente o novo trailer de Turistas, terror sádico na linha de O Albergue, ambientado no "perigoso" Brasil, terra do biquini de crochê e dos ladrões de passaporte. A prévia está sediada na página do filme no MySpace, que por si só já é uma atração, com banners anunciando o paradisíaco destino turístico. Leia mais
Comentário: não vou nem comentar...
segunda-feira, outubro 09, 2006
Mestre do kung fu
Quando eu tinha aproximadamente 13 anos descobri os quadrinhos de super-heróis. Na época eu não tinha dinheiro para comprar revistas e, como tinha um amigo que era colecionador, eu rodava os sebos da cidade, comprando revistas Heróis da TV e revendendo para ele (ele colecinava essa revista e em sua coleção faltavam vários números). Com o lucro desse negócio, eu comprava minhas próprias revistas. Mas, claro, antes de vender, eu sempre lia os gibis e, entre todos os personagens da revista, o que mais me chamava a atenção era o Mestre do Kung Fu.
O personagem tinha surgido na esteira do sucesso dos filmes de Kung fu e, inicialmente baseado em David Carradine, com o tempo ganhou as feições de Bruce Lee. A fase mais elogiada é a que tinha roteiro de Dough Moench e desenhos de Paul Gullacy, mas minha fase predileta é a desenhada por Mike Zeck.
Moench já se sentia mais seguro no título nesse período e começou a pesquisar sobre filosofia oriental e suas histórias passaram a ter um toque filosófico que podia não agradar a maioria dos fãs, mas foram o meu primeiro contato com o taoísmo e o zen budismo.
Mike Zeck errava muito na anatomia, mas seu traço tinha um movimento, uma leveza que faltava, por exemplo, em Paul Gulacy. Tempos depois encontrei em um sebo em Belém várias revistas norte-americanas com aventuras do personagem inéditas no Brasil. E percebi mais uma razão para gostar da série: Moench nessa fase enveredou pelo surrealismo, fazendo belas histórias experimentais.
Cartunista brasileiro ameaçado por radicais de direita
Por Marcus Ramone (09/10/06)
Você pode não conhecer o cartunista brasileiro Carlos Latuff. Mas há muita gente que admira esse carioca de 36 anos, e mais ainda quem o odeia com todas as forças. Leia mais
Você pode não conhecer o cartunista brasileiro Carlos Latuff. Mas há muita gente que admira esse carioca de 36 anos, e mais ainda quem o odeia com todas as forças. Leia mais
Fomos assistir A Dama na água, mas já tinha saído de cartaz. Assim, assistimos Xeque Mate. Confesso que não esperava nada do filme, mas me surpreendi. Um ótimo filme, com um roteiro muito bem construído.
sábado, outubro 07, 2006
A maçã de Isaac Newton
Quando Isaac Newton completou 12 anos, a mãe, sem saber o que fazer com aquele filho esquisitão, que não se adequava ao trabalho da fazenda, mandou-o para a cidade e para a escola. No povoado, Newton ficou na casa de um boticário, Sr. Clark. O pequeno Newton não se interessava muito pelos estudos, que consistiam, basicamente, em aprender gramática latina. Além disso era o alvo predileto do enteado do Sr. Clark. Uma vez em que este lhe chutou a barriga, Newton decidiu ir à forra. Deu uma grande surra no rapaz e esfregou seu nariz num muro. E tomou uma decisão: a partir daí seria o melhor da turma em latim. E não só isso. Seria também o melhor em tudo o que pudesse.
Não há dúvidas de que ele conseguiu. Assim que se formou em Cambridge, em 1665 e 1666, ele fez algumas das maiores descobertas de todos os tempos e elaborou a teoria que serviria de paradigma para a ciência durante séculos e só seria suplantada pela teoria da relatividade. Em dois anos ele elaborou o teorema do binômio, as tangentes, a lei da gravidade, o cálculo diferencial, as cores e o cálculo integral.
É justamente a história desse gênio que o livro "Isaac Newton e sua maçã" conta. Escrito de forma muito divertida por Kjartan Poskitt e ilustrado por Philiph Reeve, o volume faz qualquer um se interessar pelas descobertas de Newton, mesmo quem nunca teve muito interesse por física ou matemática (como é o caso deste Colunista).
Com a ajuda de histórias em quadrinhos, ilustrações e muitas metáforas, Poskitt e Reeve fazem com que conceitos complicadíssimos como, o cálculo diferencial, pareçam coisa de criança.Para não chatear o leitor, os autores entremeiam as explicações científicas de fatos históricos e curiosidades sobre a vida de Newton. Entre elas o fato de que Newton simplesmente não divulgava suas idéias. O livro reproduz um diário imaginário de Newton em que ele teria escrito, em julho de 1965: "Acabei de inventar a técnica matemática mais útil do mundo, mas não vou contar para NINGUÉM!".
Esse era o velho Newton que, além dessa tinha outras excentricidades, como espetar o olho ou ficar horas olhando para o céu na tentativa de descobrir como se formavam as cores (ele quase ficou cego, mas descobriu que as cores não eram um junção de preto e branco, como acreditavam os antigos).
Para explicar o que é aceleração constante, o livro sugere que o jovem leitor faça uma experiência hilária (sempre com a supervisão dos pais, claro). Para fazer a experiência são necessários um avião grande, com uma porta imensa, um elefante com velocímetro, um cronômetro, um binóculo e esfregão e baldes enormes.Quando estiver a milhares de metros acima do solo, jogue o elefante do avião, ligue o cronômetro e observe pelo binóculo. Você irá constatar que a velocidade aumentará 10 metros a cada segundo. Duas coisas afetam a aceleração constante. Uma delas é o ar, que, devido ao atrito, diminui a velocidade do elefante, especialmente se ele abrir as orelhas. A outra coisa é o chão... bem, é aí que você vai precisar do esfregão e do balde...
Há quem acredite que se deva divulgar ciência da maneira mais séria possível. Para essas pessoas, contar detalhes curiosos da vida de Newton seria um verdadeiro sacrilégio. Nada mais falso. Ao contar pequenos detalhes interessantes da vida de um cientista, o autor mostra ao público que cientistas também são humanos e que a ciência não está separada de nossa vida. Pelo contrário, tudo à nossa volta se relaciona, de alguma maneira com descobertas e teorias científicas.A importância do livro de Poskitt está justamente aí, em mostrar que a ciência pode ser um tema divertido e interessante. Agora, se você ainda está se perguntando o que uma maçã tem a ver com tudo isso, é bom ler o livro rapidinho.
HQ: Aldebaran
Por Érico Borgo4/10/2006
Existem poucos criadores nos quadrinhos que oferecem o pacote completo: roteiro e arte de qualidade. O carioca Luis Eduardo de Oliveira é um desses talentos - e vai além. Conhecido profissionalmente como Leo, o quadrinhista não apenas é capaz de criar histórias fantásticas e possui um traço extremamente limpo e agradável, como também colore seu próprio trabalho com enorme competência. Leia mais
Comentário: Leo foi mais um brasileiro de talento que precisou sair do Brasil para fazer sucesso. Atualmente ele é um dos autores mais festejados da Europa... e quem leu Aldebaran diz que é genial.
Existem poucos criadores nos quadrinhos que oferecem o pacote completo: roteiro e arte de qualidade. O carioca Luis Eduardo de Oliveira é um desses talentos - e vai além. Conhecido profissionalmente como Leo, o quadrinhista não apenas é capaz de criar histórias fantásticas e possui um traço extremamente limpo e agradável, como também colore seu próprio trabalho com enorme competência. Leia mais
Comentário: Leo foi mais um brasileiro de talento que precisou sair do Brasil para fazer sucesso. Atualmente ele é um dos autores mais festejados da Europa... e quem leu Aldebaran diz que é genial.
O premiado fanzine Manicomics chega ao fim
Por Sidney Gusman (06/10/06)
Notícia triste para a cena do quadrinho independente brasileiro: o premiado fanzine Manicomics vai acabar. A última edição será a # 34, conforme anunciou o editor J.J. Marreiro em seu fotolog. Leia mais
Comentário: Eu cheguei a publicar no Manicomics. A história, uma adaptação do livro Coração das Trevas, foi desenhada pelo grande Jean Okada. E o pessoal do Manicomics é muito gente fina. Ótimos caras. Na última vez em que estive em Fortaleza, assistimos ao filme dos Superman juntos.
Notícia triste para a cena do quadrinho independente brasileiro: o premiado fanzine Manicomics vai acabar. A última edição será a # 34, conforme anunciou o editor J.J. Marreiro em seu fotolog. Leia mais
Comentário: Eu cheguei a publicar no Manicomics. A história, uma adaptação do livro Coração das Trevas, foi desenhada pelo grande Jean Okada. E o pessoal do Manicomics é muito gente fina. Ótimos caras. Na última vez em que estive em Fortaleza, assistimos ao filme dos Superman juntos.
quarta-feira, outubro 04, 2006
Legacy enganou controle aéreo e ignorou alertas pelo rádio
Cuiabá, Mato Grosso - Os peritos da Aeronáutica não têm dúvidas de que o jato Legacy enganou os controladores de vôo do Cindacta 1, em Brasília, e provocou a maior tragédia da aviação civil do país: a queda de um Boeing da Gol, na sexta-feira, que matou 155 pessoas. Leia mais
Politicamente correto
Há algum tempo tenho escrito para as mais diversas publicações e constantemente tenho de me policiar. Os leitores se sentem ofendidos por qualquer coisa e mandam para redação cartas enfurecidas que, se fossem cachorros, morderiam.
Parece que as minorias passaram tanto tempo sendo motivo de piada que resolveram contra-atacar, sejam eles negros, mulheres, idosos, portugueses, papagaios ou políticos.
Uma amiga da faculdade era tão feminista que quando eu puxava o cadeira nos restaurantes, ela me pregava um sermão:
- Você acha que não sou capaz de puxar a minha própria cadeira?
Se eu a elogiasse por ser muito estudiosa, ela retrucava:
- Você quer dizer que não sou inteligente e tenho de estudar mais do que os outros para tirar boas notas?
De lá para cá, a coisa só piorou. Você deve ter muito cuidado com o que fala ou escreve. Hoje em dia até Castro Alves é considerado racista.
Já surgiu até um dicionário do politicamente correto. Segundo ele, não existem mais velhos, e sim idosos. Ninguém mais é negro, e sim cidadão afro-americano. Os cegos passaram a ser deficientes visuais e os garis foram promovidos a agentes de limpeza pública. Até as empregadas domésticas mudaram de nome e agora são secretárias do lar.
A coisa fica mais complicada quando se quer usar uma metáfora. Se você pretende dizer que alguém é burro, esqueça. O burros podem, e certamente vão, processá-lo, pois são burros, mas não são otários.
Há claro, a opção de dizer que o indivíduo é uma porta, mas isso só até portas encontrarem um advogado que aceite seu pagamento em verniz...
Quanto às loiras, não há o que se preocupar. Até perceberem que a coisa é com elas, você já está morto. Mas seus netos podem vir a ter problemas judiciais...
A mesma coisa pode-se dizer dos portugueses, mas com eles pelo menos você pode usar o argumento da tradição. Dizem que a primeira piada de português surgiu quando o primeiro deles tocou o solo brasileiro.
Os papagaios são menos problemáticos. Afinal, eles também são politicamente incorretos. O galo que o diga.
O ideal mesmo é tomar muito cuidado com as palavras e sempre verificar se você pode ser processado pelo que fala ou escreve. Oh, sim! E também não saia por aí dizendo que os meu textos não são bons. Os dois advogados que contratei para me defender andam sem trabalho ultimamente e estou pensando em aproveitá-los para uma missão mais ofensiva, se é que vocês me entendem...
Parece que as minorias passaram tanto tempo sendo motivo de piada que resolveram contra-atacar, sejam eles negros, mulheres, idosos, portugueses, papagaios ou políticos.
Uma amiga da faculdade era tão feminista que quando eu puxava o cadeira nos restaurantes, ela me pregava um sermão:
- Você acha que não sou capaz de puxar a minha própria cadeira?
Se eu a elogiasse por ser muito estudiosa, ela retrucava:
- Você quer dizer que não sou inteligente e tenho de estudar mais do que os outros para tirar boas notas?
De lá para cá, a coisa só piorou. Você deve ter muito cuidado com o que fala ou escreve. Hoje em dia até Castro Alves é considerado racista.
Já surgiu até um dicionário do politicamente correto. Segundo ele, não existem mais velhos, e sim idosos. Ninguém mais é negro, e sim cidadão afro-americano. Os cegos passaram a ser deficientes visuais e os garis foram promovidos a agentes de limpeza pública. Até as empregadas domésticas mudaram de nome e agora são secretárias do lar.
A coisa fica mais complicada quando se quer usar uma metáfora. Se você pretende dizer que alguém é burro, esqueça. O burros podem, e certamente vão, processá-lo, pois são burros, mas não são otários.
Há claro, a opção de dizer que o indivíduo é uma porta, mas isso só até portas encontrarem um advogado que aceite seu pagamento em verniz...
Quanto às loiras, não há o que se preocupar. Até perceberem que a coisa é com elas, você já está morto. Mas seus netos podem vir a ter problemas judiciais...
A mesma coisa pode-se dizer dos portugueses, mas com eles pelo menos você pode usar o argumento da tradição. Dizem que a primeira piada de português surgiu quando o primeiro deles tocou o solo brasileiro.
Os papagaios são menos problemáticos. Afinal, eles também são politicamente incorretos. O galo que o diga.
O ideal mesmo é tomar muito cuidado com as palavras e sempre verificar se você pode ser processado pelo que fala ou escreve. Oh, sim! E também não saia por aí dizendo que os meu textos não são bons. Os dois advogados que contratei para me defender andam sem trabalho ultimamente e estou pensando em aproveitá-los para uma missão mais ofensiva, se é que vocês me entendem...
China censura filme de Jackie Chan
Por Marcelo Hessel4/10/2006
Mal ficamos sabendo, aqui no Brasil, das polêmicas de liberdade de expressão criadas pelo governo repressor da China. Mas a notícia corre o mundo quando atinge uma celebridade como... Jackie Chan. Leia mais
Comentário: O chinês olha para o amapaense e diz: Eu sou você amanhã...
Mal ficamos sabendo, aqui no Brasil, das polêmicas de liberdade de expressão criadas pelo governo repressor da China. Mas a notícia corre o mundo quando atinge uma celebridade como... Jackie Chan. Leia mais
Comentário: O chinês olha para o amapaense e diz: Eu sou você amanhã...
segunda-feira, outubro 02, 2006
Os vinte anos de Dylan Dog
Em outubro de 1986, os quadrinhos italianos apresentaram ao mundo Dylan Dog, personagem carismático cujas aventuras, um misto de terror, mistério, humor, sensualidade, ação e o que mais a imaginação de seu criador pudesse conceber, transformaram-no em um fenômeno pop de grandes proporções em seu país de origem.
Isso é corroborado não apenas pelas vendas espantosas das HQs que levam seu nome no título e a tiragem mensal na casa do milhão (incluindo as reedições), mas também pelo culto que se formou em torno de seu nome, com direito a um festival em sua homenagem, o Dylan Dog Horror Festival, realizado anualmente na Itália. Leia mais
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