Recebi a revista portuguesa Vestígio, editada pelo quadrinista Don Lay. A revista é uma Nações Unidas dos quadrinhos. Lay, embora more em Portugal, é de Guiné-Bissau. Também da Guiné são Manuel Júlio e Fernando Júlio. Do Brasil, eu, Antonio Eder e Leo Santana.
Vestígio fica no meio termo entre o fanzine e a revista. A qualidade de impressão é baixa, mas a capa é colorida e o formato é grande. Há alguns pequenos erros de edição, mas no geral o resultado é bem interessante.
Curiosamente, os autores africanos trabalharam mais enredos sobre o cotidiano de seus personagens. ¨Sem identidade¨, de Don Lay (argumento) e Fernando Júlio (arte) fala sobre um migrante em Portugal cuja vida desaba após a notícia de que seu país está em guerra e sua família provavelmente está morta. ¨Mokos e Pateticus¨ (de Manuel Júlio) se passa na África e conta a história de dois malandros tentando vender um urubu como frango para comprar uma garrafa de vinho.
Já os autores brasileiros são mais políticos. Eu contribuí com ¨Arlequim¨, uma história sobre um preso político que volta para se vingar do militar que o torturou. ¨5 segundos¨, de Leo Santana (com desenhos de Dell Rocha) conta a história de uma guerrilheira de esquerda na década de 1970 que de repente se vê frente a frente com um soldado pelo qual é apaixonada.
A revista tem também a história ¨Como ser enganado por um psicopata¨, com roteiro meu e desenhos de Antonio Eder e um texto meu sobre os roteiristas de quadrinhos.
Em Portugal, a Vestígio foi lançada durante o II Festival ImigrArte, em abril deste ano. Segundo informações, foi um sucesso.
Para quem quiser adquirir a publicação, é só escrever para revestigio@gmail.com.
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