sábado, setembro 12, 2009

Vargas x Militares


Dia desses eu conversava com uma professora de história sobre as ditaduras de Vargas e dos militares. Os dois momentos eram ditaduras, mas foram momentos muito diferentes.
Vargas sempre foi muito mais inteligente. Entre a repressão e o apoio, ele preferia o apoio. Muitos inimigos da ditadura Vargas ganharam cargos no governo. A cultura era incentivada como forma de colocar Vargas no imaginário popular. O DIP (Departamento de Informação e Propaganda) chegava ao ponto de dar dinheiro para poetas populares do nordeste imprimirem seus cordeis. Claro que, com isso, eles acabavam fazendo cordeis sobre Vargas.
Os militares, ao contrário, nunca se preocuparam com a questão da comunicação de forma inteligente. Para eles, censurar sempre foi mais interessante que estimular.
Talvez a razão disso esteja no que me parece a principal difernça entre a ditadura Vargas e a ditadura militar: Vargas era nacionalista, os militares eram entreguistas. Dois exemplos mostram bem isso: o cinema popular e os quadrinhos.

Na década de 1960, o Brasil tinha um florescente movimento de quadrinhos que tinha tudo para tomar o mercado. A ditadura militar perseguiu os quadrinhos brasileiros como forma de abrir espaço para os comics americanos. Para se ter uma ideia, Maurício de Souza teve que desaparecer por uns tempos para não ser preso. Cláudio Seto, que introduziu a linguagem de mangás no Brasil, só não foi preso porque morava em uma cidade do interior. Mesmo assim, os militares foram na editora, confiscaram os originais de seus quadrinhos e prenderam numa cela.
Também na década de 1960 e início da década de 1970, o Brasil tinha também um forte movimento de cinema popular, com as famosas pornochanchadas. Como mostra Marcos Rey no livro Esta noite ou nunca mais (relato de sua experiência como roteirista), esse cinema foi perseguido como forma de abrir o espaço para o domínio do cinema americano.
Faz sentido: os EUA apoiaram a ditadura em militar.

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