Ela sempre chega cedo, bem antes do culto começar. Assenta-se habitualmente em um dos bancos dianteiros, próxima ao púlpito do pastor. Entra com sua Bíblia, cabelos presos em um coque. Retribui com sorrisos afáveis os cumprimentos de quem passa por ela. Embora esteja há muitas décadas no Brasil, vê-se na sua disciplina que é alemã: nunca se atrasa, dá fielmente o dízimo, é assídua na escola bíblica dominical e vai regularmente aos dois cultos de domingo, o matutino e o vespertino. A D. Magda* é, enfim, uma octagenária simpática, de uma fé tranqüila e sólida que todos os seus irmãos presbiterianos respeitam.
Essa era minha opinião sobre essa velhinha cordial.
Até o dia em que o professor do grupo de estudos bíblicos gentilmente oferece a cada um dos alunos um livro de teologia.
Dias depois de dar o livreto aos alunos, o professor – o meu pai – recebe uma carta em casa. Era da D. Magda. Ela lhe escrevera dizendo que se sentia profundamente ofendida com o fato de um irmão da Igreja lhe presentear com um livro de Dietrich Bonhoeffer. Disse que rasgara o livro e que o jogara no lixo. Ela não podia tolerar nada que viesse de um homem que tentara matar Adolf Hitler. E fez uma defesa apaixonada de Hitler e de como o Führer representara a esperança e a alma germânicas. Leia mais
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