sexta-feira, maio 21, 2010

Psicopatas: uma mente peversa


            Você provavelmente não sabe, mas conhece pelo menos um psicopata. Especialistas acreditam que até 3% da população pode ser composta de pessoas com esse tipo de transtorno de personalidade. Isso significa que a cada trinta pessoas, uma é psicopata. E, o mais importante: é aquele que você menos desconfia.
            A maioria das pessoas quando pensa num psicopata, pensa num louco assassino, de cabelos despenteados e cara de mau. Alguém de quem você certamente fugiria se encontrasse numa rua deserta à noite. As ilustrações de Jack, o estripador, refletem essa idéia. Ele geralmente é mostrado com os olhos esbugalhados, a boca distoricida, uma faca na mão e outra contraída em esgar de raiva e ódio. Na verdade, no caso de Jack e da grande maioria dos psicopatas, essa imagem é a mais distante possível da realidade. As prostitutas que foram vítimas de Jack sabiam dos outros assassinatos e não deixariam se aproximar qualquer pessoa suspeita. Além disso, a situação em que ocorreu os crimes demonstra que as vítimas confiavam no assassino. Uma delas até comeu uvas oferecidas por ele.
            Quando a canadense Leslie Mahaffy chegou em casa depois de uma festa e descobriu que os pais tinham deixado a porta fechada, achou que estava com sorte ao encontrar um rapaz de boa aparência e educado, que se ofereceu para ajudá-la. Ela foi com ele até sua casa, onde acabou trancafiada e serviu de escrava sexual durante duas semanas antes de ser morta, esquartejada e colocada em blocos que concretos que seriam jogados em um lago. 
            A literatura criminal mostra que psicopatas são pessoas simpáticas, acima de qualquer suspeita, pois sabem que se revelarem sua verdadeira face, serão presos imediatamente. Assim, adotam uma máscara social. 
            A grande maioria dos psicopatas nunca vai matar, mas viverá de enganar e destruir a vida de outras pessoas. "Eles andam pela sociedade como predadores sociais, rachando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis e deixando carteiras vazias por onde passam", diz o psicólogo canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades mundiais no assunto.
            Hare começou a se interessar pelo tema quando, recém-formado, arranjou um emprego no presídio de Vancouver. Sua função era atender presos com problemas psicológicos e montar perfis psicológicos para pedidos de condicional. Lá ele conheceu um preso chamado Ray. Era simpático, contava histórias envolventes e tinha um sorriso e que fazia qualquer um confiar nele. E o psicólogo confiou. Certo de que o preso estava dedicado a ter uma vida correta, ele o ajudou a passar para serviços melhores dentro da prisão, como a cozinha. Os dois ficaram amigos, até que Hare descobriu que Ray usava a cozinha para produzir bebidas alcoólicas e vender aos colegas. Os funcionários do presídio alertaram o psicólogo para o fato de que ele não foi o único a cair no golpe. Pouco tempo depois, o psicólogo viu a verdadeira face do psicopata: o gente boa Ray sabotou os freios de seu carro, o que quase provocou sua morte.
            A maioria dos criminosos demonstra uma preocupação responsável por seus amigos e parentes. Os psicopatas não se importam com ninguém e não criam laços afetivos.
            Henry Lee Lucas confessou que aos 13 anos estrangulou uma mulher que se recusou a fazer sexo com ele. Nos 32 anos seguintes, ele sufocou, apunhalou, baleou ou mutilou cerca de 360 pessoas, entre mulheres, homens e crianças. Nos últimos seis anos de seu reinado de terror ele se aliou a outro psicopata, Elwood Toole, que matou cerca de 50 pessoas que achava que não mereciam viver. Tudo acabou quando Lucas apunhalou e esquartejou a mulher de 15 com quem vivia, sobrinha de Toole.
            Donald S. apresentava características desse distúrbio de personalidade desde muito jovem. Na escola, seu comportamento perto de um professor, ou de outra autoridade, era exemplar, mas quando estava longe dos olhos dos adultos, arranjava encrencas para si ou para os outros. Embora continuamente se suspeitasse que fosse ele, sua personalidade carismática fazia com que ele conseguisse se livrar facilmente das acusações. Quando criança, seu comportamento real incluía a mentira, roubos e mal-tratos a crianças menores.
            Quando se tornou adulto, passou a viver bem usando uma combinação de charme, atração física e identidade falsa para se manter. Aos 17 anos, passou a falsificar o nome do pai em cheques e viajou pelo mundo. Aos 22 anos, casou-se com uma mulher de 41e esse passou a ser seu modus operandi: ele se casava, deixava que a mulher o sustentasse por meses e, quando se cansava dela, a abandonava para procurar outra vítima. Donald não sentia remorsos ou se preocupava com a dor de suas vítimas. Ele considerava seu comportamento prático e sensato.
            O marechal de campo nazista Hermann Goering tinha vários traços de psicopatas. Buscando estimulação, ele se transformou em piloto de caça. Era impulsionado pela missão de exterminar judeus e comandou a morte de milhões deles nos campos de concentração, sem, no entanto, sentir remorso ou culpa. Apesar desse lado selvagem, a maioria das pessoas o considerava genial, generoso e de boa natureza. 

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