O amigo JJ Marreiro me conseguiu uma verdadeira raridade: os episódios de matinê do Flash Gordon, de 1936. Para quem não sabe, Flash Gordon é um dos mais importantes quadrinhos clássicos. Quando surgiu, no final de década de 1929, revolucionou as tiras de jornais com sua narrativa de aventura muito bem desenhada, com um monstro ou perigo a cada sequência. Tornou-se o mais claro exemplo de space opera. Também foi a maior influência de Guerrra nas Estrelas. George Lucas queria fazer o Flash, mas, como não conseguiu autorização, resolveu criar sua própria história, com os mesmos elementos: um imperador malígno, uma princesa, um herói destemido liderando uma revolta. Até a cena de abertura, com o letreiro resumindo a história anterior, foi inspirada no seriado de Flash Gordon. Claro que Lucas, a partir desses elementos em comum, criou sua própria e poderosa mitologia. Nessa versão de 1936 é possível perceber claramente a influência do expressionismo alemão, em especial o filme Metrópolis, de Fritz Lang, especificamente no cenário e direção.
Eu tive sorte de ver isso no cinema. Não, eu não sou tão velho assim. É que, quando era criança, o dono do cinema da cidade onde eu morava (Lavras- Minas Gerais), tinha o costume de colocar sempre um matinê antes do filme principal, como um brinde. Surpreendentemente, 40 anos depois, mesmo com efeitos campengas, esse seriado ainda empolgava a garotada.
4 comentários:
Otimo post. Muito bom, mostrando para os "empolgados" que o casamento do Cinema com os Quadrinhos vem acontecendo desde o começo da setima arte.
Tive a sorte de ver esse seriado compilado como se fosse um longa metragem num cinema aqui de Recife, nos anos 80. Meu pai vivia falando desses seriados e quando descobriu que Flash Gordon ia ser exibido me levou para ver no primeiro dia.
Mesmo com os toscos efeitos, adorei o filme. Eu já conhecia o personagem por meio dos quadrinhos que a extinta RGE publicava. Anos depois, ganhei de presente aquela coleção linda da EBAL, capa dura, com as hq's originais do Raymond.
É memorável o apuro com o qual escolheram figurinos e elenco para esta produção. Os efeitos e os recursos técnicos são datados, mas ainda impressionam se pararmos para pensar que este é um gênero que exige um financiamento muito alto.
A dimensão dos cenários é impressionante ainda hoje.
O Larry 'Buster' Crabe interpretou também Buck Rogers e Tarzan além de ter feito vários Westerns e inclusive ganhar um gibi com seu nome (a exemplo de Roy Rogers e Gene Autry). Digno de nota também é a sua presença como convidado especial num episódio da teleserie Buck Rogers no século 25, onde interpreta um personagem criado especialmente para ele: o Brigadeiro Gordon.
Pois é, para a época e para ser um matinê, está muito bem produzido, lembrando demais os melhores momentos do expressionismo alemão. E o Buster Grabe era bastante carismático, embora fosse um tanto canastrão.
Ah, como se trata de uma típico space opera, há muitas falhas científicas, como o foguete que não tem cadeira para todos e Flash e Dale são obrigados a se agarrar em argolas na parede na hora do pouso. Mas, sinceramente, isso torna tudo ainda mais divertido...
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