segunda-feira, janeiro 23, 2012

A perseguição aos HDs virtuais e a era dos dinossauros

A polêmica da semana na internet é o fechamento do Megaupload e prisão do seu dono. Muitos outros HDs virtuais estão fechando, deletando arquivos ou sendo investigados. É uma verdadeira caça às bruxas. Na dúvida, estão deletando tudo. Três apostilas minhas, por exemplo, foram deletandas do 4shared simplesmente porque eles acham que não sou o dono do direito autoral das mesmas.
Essa guerra me fez lembrar um case narrado pelo All Ries, um dos principais autores da área de Marketing. Ele diz que nenhum fabricante de carroças entrou no mercado de carros porque simplesmente nenhum deles conseguiu se adaptar aos novos tempos. Outro exemplo é a Ollivetti, que dominou quase que sozinha o mercado de máquinas de escrever, mas quase faliu quando surgiram os computadores (recentemente li que ela tinha começado a fabricar calculadoras).
Esse movimento todo é uma reação principalmente das gravadoras, que se acham as mais prejudicadas com a cultura de compartilhamento da internet. Segundo as gravadoras, quem baixa músicas da internet está prejudicando os cantores e destruindo o mercado. Ao invés de se adaptarem aos novos tempos, as gravadores preferem que eles não existam.
Ou seja: é como se os fabricantes de carroças começassem a destruir carros porque eles estão acabando com seu negócio.
Certa vez uma pessoa se aproximou de mim enquanto estava na beira-rio e me ofereceu um CD com a obra completa de Roberto Carlos, em mp3. Achei interessante a proposta, mas preferi comprar um original. Fui à loja e perguntei ao vendedor se tinha para vender toda a obra de Roberto Carlos em mp3. Ele piscou 10 vezes e finalmente disse que eles não trabalhavam com mp3.
Hoje quase todos os carros têm aparelhos com mp3. Os tocadores de música só tocam mp3. Acho que nem existe mais aparelhos exclusivos para formato wave. Mas as gravadoras ainda persistem em vender no formato wave. Se você quiser ouvir sua música predileta, precisará convertê-la ou comprar do pirata da esquina, ou baixar da internet. Em todos os três casos você está cometendo um crime.
Tem lógica? Não.
Outro exemplo são os scans e e-books. Com o sucesso dos tablets, muitas editoras entraram no mercado de e-books vendendo-os quase ao mesmo preço do impresso. Faz sentido, não?
Recentemente um blog chamado Sebo Virtual que disponibilizava apenas material fora de catálogo, principalmente pulps de ficção científica caiu. As editoras não se interesavam mais em publicar os livros, mas forçaram as autoridades a fecharem o blog.
Dizem que o dono do Megaupload ficou rico com seu site. O que eu pergunto é: porque as gravadoras também não ficaram ricas seguindo o mesmo modelo, segundo o qual ninguém precisa para baixar e apenas usuários premium pagam? Simples, porque eles são dinossauros incapazes de se adaptar aos novos tempos. E querem que todo mundo viva na era dos dinossauros.

2 comentários:

flavio disse...

Grande Texto,Gian.Resume tudo muito bem.Valeu!

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Gian, você foi fundo neste assunto tão delicado e soube explicar direitinho tudo. Eu compartilhei no face, num grupo de música que modero por lá(+Rádio - Clube da Música)e acrescento o recente caso da Kodak. Já pensou a Kodak pedindo uma lei pra acabar com todo o processo digital da fotografia?
O que acontece na verdade com os legisladores americanos é que eles ainda não entenderam a força da cultura da Internet e têm medo dela. E estão aproveitando para ter um meio de amordaça-la, de cercear a sua difusão. Acho que quem não deve não teme. Simples assim!