Comprei o livro Um conto de duas cidades, de Charles Dickens em maio de 1999. Era uma edição de banca, da Nova Cultural. Tirando a capa mole, era uma publicação interessante, com biografia do autor e muitas notas sobre o texto. Por alguma razão eu comecei a ler e abandonei antes de terminar o primeiro capítulo. Isso é comum para quem é professor: você começa um romance e logo uma outra leitura, mais urgente, geralmente um texto técnico, o obriga a abandonar a ficção.
O livro ficou lá, escondido na estante, por mais de 10 anos, até que mudei de casa e comecei a arrumar a nova estante. Colocar livros numa estante pode parecer uma atitude simples para quem não gosta de leitura. Para um leitor assíduo, é algo demorado. É difícil resistir à tentação de dar uma folheada e ler um parágrafo ou outro.
Foi assim que comecei a ler Um conto de duas cidades. Considerando-se o início, é difícil imaginar porque eu o abandonei da outra vez. O livro tem uma das melhores aberturas da história da literatura:
"Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da luz, a estação das trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o paraíso, íamos todos direto no sentido contrário". Leia mais
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