O episódio de ontem de Avenida Brasil mostrou que João Emanuel Carneiro é o roteirista mais inovador da televisão brasileira. Em A Favorita ele já tinha jogado as regras do gênero no lixo ao transformar a mocinha em vilão e a vilão em mocinha. Em Avenida Brasil, depois de Carminha enterrar Nina viva, esperava-se que esse fosse o fim da vingança da moça. Mas o que vimos no capítulo de ontem foi exatamente o oposto: os papéis se inverterem, com Nina humilhando sua patroa. Com boa direção, uso competente de trilha sonora e uma atuação incomparável de Débora Falabela (que já havia me chamado atenção em A mulher invisível) e Adriana Esteves, que parecia ter estacionado em seus papeis cômicos e, bem dirigida, finalmente mostrou seu potencial.
O novo rumo lembra uma obra de Eça de Queiroz, O primo Basílio, em que uma empregada descobre que a patroa tem um amante. Os diálogos e a cena do suposto enterro lembram um dos trabalhos mais interessantes de Tarantino, Kill Bill. Acrescente-se aí uma trama de vingança nos moldes de O conde de monte cristo. A novela é uma colcha de retalhos de citações e influências no melhor estilo pós-moderno. E parece estar agradando o público. Vide os constantes recordes de audiência.
As novelas, que começaram românticas, parecem finalmente ter chegado à pós-modernidade.
2 comentários:
Há muito tempo eu deixei de assistir novela, optando por gastar meu tempo em outras atividades, e nem sabia como andava a programação.
Esse artigo me deixou feliz, quem sabe no futuro eu volte a assistir, e me surpreenda com o conteúdo =)
Abraços!
Karen Soarele
www.karensoarele.com.br
Se jogar nas referências à cultura popular e trazer situações inesperadas e condizentes com o dilema do publico constroem uma novela honestamente hoje, ao menos atual.
Enviar um comentário