Li O Eternauta, fantástica HQ de ficção científica do roteirista Hector Oesterheld e do desenhista Francisco Solano López. A HQ surgiu que um pedido de López ao roteirista. Ele queria uma história de ficção científica, mas "sem pessoa correndo por aí com pistolas de raios". Oesterheld fez uma HQ realista, mostrando como seria uma invasão alienígena em Buenos Aires. O começo é aterrador, com a cidade sendo tomada por neve que mata ao mais simples contato. Os protagonistas, presos dentro de casa, visualizam as pessoas à volta morrendo, sem poderem fazer nada, numa sequência definitivamente cinematográfica. O roteirista é um verdadeiro mestre do suspense, de modo que o leitor parece andar o tempo todo sobre o fio de uma navalha. Só o que livra o herói é sua inteligência e raciocínio rápido. Nesse sentido, muitas das saídas encontradas lembram o estilo de Charlier. Mas com uma grande diferença: enquanto com Charlier sabíamos que no final tudo ia terminar bem, em Eternauta, o leitor nunca tem essa certeza. Ao contrário: os perigos são tão grandes que o tempo todo nos espantamos que o herói e sua família ainda estejam vivos. E o tempo todo esperamos sua morte.
O Eternauta é uma obra que vai muito além da simples aventura: é uma densa HQ de ficção científica, um exemplo do melhor que os quadrinhos já produziram. É surpreendente que essa história tenha passado mais de 50 anos inedita no Brasil.
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