terça-feira, fevereiro 12, 2013

Django livre

Quentin Tarantino é o mais pós-modernos dos cineastas. Ele apropria-se de outros filmes, alguns medianos ou até fracos e os transforma em obras-primas, aliando grandes interpretações, trilha sonora marcante violência estilizada e profundidade psicológica em histórias não-lineares, em que a narrativa vai e vem. Ele fez isso com os filmes policiais em pulp fiction, com os filmes de kung fu, em Kill Bill, com os filmes de guerra, em Bastardos Inglórios e agora o faz com o faroeste, em Django livre.
Django tem tudo do Western spaghetti: os zoons estranhos, a violência, a trilha sonora marcante, mas tem muito mais. Inclusive humor. Antológica desde já a cena em que o cineasta satiriza a Kun Klux Klan. A gangue de racista vai atacar Django e seu amigo caçador de recompensas quando a narrativa volta no tempo, para uma discussão relacionada ao fato de que ninguém conseguia enxergar direito com os capuzes. O cinema gargalhou durante toda a sequência.
Curioso que Tarantino, que coloca como herói um negro lutando contra a escravidão, esteja sendo acusado de racismo. Talvez pelo fato do verdadeiro vilão ser um negro  racista(Samuel L. Jackson em uma de suas melhores interpretações) ou pelo filme se passar durante a época da escravidão. Parece dominar hoje o pensamento de que relembrar a época em que os negros foram escravos é racismo (vide a perseguição ao livro Negrinha, de Lobato). Talvez em pouco tempo façam como Rui Barbosa, que mandou queimar todos os arquivos públicos sobre a escravidão no Brasil, como se isso tirasse do país essa mancha. 
Um ponto a se destacar é a maneira precisa como Tarantino trabalha com a trilha sonora. Poucos cineastas são tão hábeis ao escolher as músicas e as colocarem no momento certo, de modo que não se pode imaginar o filme sem a trilha. 
Meu filho Alexandre Magno escreveu uma resenha muito completa sobre Django Livre. Para ler, clique aqui.

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