sexta-feira, fevereiro 01, 2013

O cair da noite, de Isaac Asimov

Li recentemente o conto O cair da noite, de Isaac Asimmov, conto publicado no Brasil na revista Isaac Asimov Magazine 15 (o conto também foi transformado em romance, escrito em parceria com Robert Silverber). O conto narra a história do planeta Lagash, iluminado por seis sóis, e que nunca conheceu a noite. 
Mas, de tempos em tempos, o planeta acaba sofrendo com um eclipse. O que para nós, acostumados com a noite, é algo normal, para um povo que nunca viu a escuridão, pode ser o equivalente ao fim do mundo. 
O conto é um dos mais famosos de Asimov e não sem razão. O autor usa a situação de um povo que nunca conheceu a noite para fazer uma investigação antropológica. Um dos maiores problemas da FC é justamente o fato de que a maioria dos autores imagina mundos muito parecidos com a terra quando retratam outros planetas. Asimov mostra que uma única mudança pode ter grandes consequências na psicologia e na forma de vida de um povo. 
O conto também é interessante por mostrar como funcionam os processos científicos (nesse sentido, Asimov não faz concessões: a ciência de Lagash segue os mesmos princípios científicos que conhecemos, de elaboração de hipóteses, observação e registro de dados empíricos) e principalmente por abordar a questão da intolerância religiosa. Na história, um grupo de cientistas pretende registrar o eclipse antes que o mundo acabe, deixando informações para os sobreviventes que serão os habitantes do próximo ciclo.  Um grupo religioso considera isso uma heresia e fará de tudo para impedir o registro. 
A posição de Asimov contra a intolerância religiosa é clara. Nesse sentido, O cair da noite é uma metáfora para os malefícios da fé cega, que nega a racionalidade. 
O cair da noite é leitura obrigatória para todo fã de boa FC. 
Aliás, a Isaac Asimov Magazine publicou vários textos obrigatórios para quem gosta de FC. Durou de 1990 a 1992, com 25 números. Além de publicar os melhores autores norte-americanos, a revista revelou uma geração de grandes autores nacionais, gente como Gerson-Lodi Ribeiro, o mestre da história alternativa, e Carlos Orsi.
É possível baixar todos os números na Biblioteca do Exilado

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