Li recentemente o conto O cair da noite,
de Isaac Asimmov, conto publicado no Brasil na revista Isaac Asimov
Magazine 15 (o conto também foi transformado em romance, escrito em
parceria com Robert Silverber). O conto narra a história do planeta Lagash, iluminado por seis sóis, e que nunca conheceu a noite.
Mas,
de tempos em tempos, o planeta acaba sofrendo com um eclipse. O que
para nós, acostumados com a noite, é algo normal, para um povo que nunca
viu a escuridão, pode ser o equivalente ao fim do mundo.
O
conto é um dos mais famosos de Asimov e não sem razão. O autor usa a
situação de um povo que nunca conheceu a noite para fazer uma
investigação antropológica. Um dos maiores problemas da FC é justamente o
fato de que a maioria dos autores imagina mundos muito parecidos com a
terra quando retratam outros planetas. Asimov mostra que uma única
mudança pode ter grandes consequências na psicologia e na forma de vida
de um povo.
O
conto também é interessante por mostrar como funcionam os processos
científicos (nesse sentido, Asimov não faz concessões: a ciência de
Lagash segue os mesmos princípios científicos que conhecemos, de
elaboração de hipóteses, observação e registro de dados empíricos) e
principalmente por abordar a questão da intolerância religiosa. Na
história, um grupo de cientistas pretende registrar o eclipse antes que o
mundo acabe, deixando informações para os sobreviventes que serão os
habitantes do próximo ciclo. Um grupo religioso considera isso uma
heresia e fará de tudo para impedir o registro.
A posição de Asimov contra a intolerância religiosa é clara. Nesse sentido, O cair da noite é uma metáfora para os malefícios da fé cega, que nega a racionalidade.
O cair da noite é leitura obrigatória para todo fã de boa FC.
Aliás, a Isaac Asimov Magazine publicou vários textos obrigatórios para quem gosta de FC. Durou de 1990 a 1992, com 25 números. Além de publicar os melhores autores norte-americanos, a revista revelou uma geração de grandes autores nacionais, gente como Gerson-Lodi Ribeiro, o mestre da história alternativa, e Carlos Orsi.
É possível baixar todos os números na Biblioteca do Exilado.
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