Um dos critérios que uso para distinguir se um filme é bom ou não é assisti-lo uma segunda vez. Já ocorreu de filmes em que gostei da primeira e simplesmente não consegui assistir pela segunda vez. E outros que melhoram a cada vez que assisto. Exemplo disso é o Clube dos cinco (filme de 1985, de John Hughes que transformou o gênero teen num fenômeno global) que assisti recentemente no Netflix e assisti de novo quando passou no cinema.
Ao contrário de muitas imitações que surgiram posteriormente (algumas das quais ainda estão por aí até hoje, a exemplo de Malhação), o filme de Hughes é uma obra-prima em que cada take tem algo de genial, a começar pela sequência inicial. A cena de abertura mostra os cinco estudantes chegando para o sábado em que ficarão de castigo na escola. Nessa única sequência entendemos quem são eles, a relação que ambos têm (ou não) com os pais etc. É um primor de primeiro ato, em que os personagens e a ambientação são apresentados de forma espontânea, simples, mas significativa.
Roteiros sobre pessoas confinadas são os mais difíceis, pois as opções de ação, conflito e desenvolvimento ficam extremamente limitadas. O diretor e roteirista John Hughes no entanto, produziu um roteiro perfeito, em que a cada passo se estabelece um conflito, seja entre eles, seja deles com os pais (que não estão ali, mas acabam tendo grande importância na trama - afinal é um filme sobre adolescentes), seja deles com o professor, seja deles com o grupo que frequentam e as pressões sofridas. E, no final, o conflito é resolvido de forma totalmente orgânica, natural, ao perceberem que, apesar de todas as diferenças, há muito mais em comum.
Se todos os méritos do filme já não valessem assistir, vai mais um: a longa cena da conversa entre os cinco e o depoimento do esportista, aquele que aparentemente é o mais raso de todos, mas acaba se revelando um dos mais sensíveis e a incrível direção com um travelling horizontal que aumenta em muito o impacto da cena.
Enfim, um filme para assistir, assistir de novo e de novo.
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