O comportamento do consumidor é influenciado por
vários fatores. Alguns deles são controlados pela empresa e podem ser resumidos
nos 4 Ps: produto, preço, ponto de venda e promoção. Uma loja pode fazer o
consumidor comprar mais baixando seus preços. Um produto pode aumentar suas
vendas aumentando a distribuição. Mas existem outros fatores, que não são
controlados pela empresa, mas podem fazer grande diferença. São as chamadas
variáveis incontroláveis.
Uma dessas variáveis são as condições ambientais.
Chuva, seca, frio, calor fazem o consumidor mudar de comportamento. Se chove
demais, ele tende a comprar guarda-chuvas, capas. Se faz sol, compra protetor
solar e óculos escuros. Os vendedores ambulantes já perceberam essa verdade:
quando o tempo muda, eles mudam seus produtos. A mesma pessoa que ontem estava
vendendo óculos escuros, hoje está anunciando sombrinhas. Acompanhar as
tendências ambientais é importante até mesmo para uma loja de roupas. Num ano
em que o inverno vai ser menos frio, é bom comprar pouca roupa de frio para não
ficar com produto encalhado no estoque.
As variáveis tecnológicas também são essenciais.
Afinal, inovações tecnológicas podem acabar com mercados. A invenção do mp3,
por exemplo, está matando o mercado de CDs. Em alguns países, as empresas já
estão ganhando mais com a venda de música por celular do que a venda de CDs. Da
mesma forma, o surgimento dos computadores pessoais matou o mercado para
máquinas de escrever. Em 2009,
a Kodak cancelou a
venda de filmes fotográficos Kodachrome por causa da concorrência
das câmeras digitais.
A importância da variável tecnológica é facilmente
percebida pelos gerentes das concessionárias de automóveis. No final do ano a
maioria dos clientes simplesmente para de comprar para esperar o modelo do ano
seguinte, com mais tecnologia. Por isso são tão comuns as promoções de final de
ano.
Entre as variáveis econômicas, as que mais
influenciam no comportamento do consumidor são a inflação, a facilidade de
créditos e os juros. Na época em que o Brasil tinha inflação de três dígitos ao
ano, os consumidores faziam compras enormes, para o mês todo, no mesmo dia em
que recebia o pagamento. Hoje, com a inflação controlada, os consumidores fazem
compras semanais. Isso aliou-se a um outro fator: a facilidade de crédito. Hoje
é muito fácil conseguir um cartão de crédito ou conseguir crédito em uma loja,
o que tem estimulado o consumo. Outro fator que estimula o consumo são os juros
baixos, pois mais pessoas se sentem estimuladas a pegar dinheiro emprestado e
gastar.
Da mesma forma que a economia, as questões
políticas também influenciam. Um governo ecológico, por exemplo, irá estimular
a compra de produtos orgânicos e naturais.
A importância da variável política foi sentida em
2003, quando os EUA invadiram o Iraque. O forte sentimento antiamericano fez
com que o McDonald’s tivesse prejuízo pela primeira vez em sua história. Outro
produto tipicamente norte-americano, a Coca-Cola, também sofreu com boicotes em
vários países. Na França e na Alemanha, muitos restaurantes se recusavam a
vender esse famoso refrigerante. Mesmo no Brasil esse fato político teve consequências.
Estudantes invadiram lojas do McDonald’s com cachos de bananas tentando
convencer as pessoas a pararem de consumir sanduíches e comerem algo mais
saudável.
Os fatores legais também influenciam no
comportamento do consumidor, embora nem sempre como os legisladores esperam. A
lei seca nos EUA fez aumentar o consumo de bebidas alcoólicas e turbinou as
atividades da máfia. O livro Versos Satânicos, proibido no mundo muçulmano,
tornou-se um best seller mundial.
Em 2008, as autoridades iranianas proibiram a venda
da boneca Barbie, vista como símbolo de valores ocidentais, naquele país.
Embora a medida tenha de fato impedido a venda da boneca em lojas, ela também
fez aumentar em muito o contrabando.
Outro fator relevante, de grande influência no
comportamento do consumidor, são os meios de comunicação de massa. Novelas,
filmes e histórias em quadrinhos ditam o consumo. Basta uma atriz global
aparecer usando um brinco na novela que no dia seguinte o acessório vira o mais
procurado nas lojas. As cabeleireiras sabem muito bem disso, pois costumam ter
em seus salões revistas com fotos de famosas para que suas clientes escolham os
cortes de acordo com a nova moda da TV.
Muitas empresas aproveitam essa força dos meios de
comunicação de massa e dão um jeito de colocar seus produtos em novelas e
filmes. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Azaléia, que firmou um contrato
com a Globo para que as atrizes usassem suas sandálias nas novelas.
Um exemplo clássico foi o personagem Popeye, que fez aumentar em muito o consumo de
espinafre nos EUA. A importância do personagem para as vendas desse vegetal foi
tão grande que os produtores ergueram duas estátuas para o Popeye: uma em Crystal City , no
Texas, e outra em Alma, no Arkansas.
Outro fator importante, que deve ser levado em
consideração, é a religião. Sabe-se que líderes religiosos costumam direcionar
o comportamento de seus fiéis, inclusive em termos de consumo, e as empresas
precisam se adaptar a isso. É famoso o caso do McDonald’s que, na Índia, teve
de criar um sanduíche sem carne para se adaptar aos hábitos vegetarianos
pregados pela maioria das religiões indianas. No Brasil, um caso emblemático
foi a campanha da Antarctica “Do jeito que o diabo gosta”, que precisou ser
mudada para “Do jeito que a gente gosta” por causa do aspecto religioso.
Sem comentários:
Enviar um comentário