Joseph Goebbels, o ministro da
propaganda de Hitler, dizia que "Super-Homem é judeu", rebatendo a
propaganda aliada feita pelos quadrinhos norte-americanos da época. Referia-se
também ao fato de que os dois criadores do personagens, o roteirista Jerry Siegel
e o desenhista Joe Shuster, eram judeus. Mas será que o herói é realmente
judeu?
Uma leitura literal de sua história
não permite esse tipo de interpretação. Afinal, o personagem é um alienígena,
enviado à Terra ainda bebê e que, no trajeto, torna-se super-poderoso, vindo a
ser o grande defensor da humanidade.
Entretanto, alguns pesquisadores têm
destacado as semelhanças do mito super-heroiesco com o mito do messias judaico.
Afinal, seria
natural para dois judeus, num período turbulento, em que todo o povo de Israel
era perseguido, criar um personagem que representasse o Messias. Para os
judeus, o Messias é o enviado divino, que vem à terra para trazer uma era de
paz e felicidade.
A
primeira indicação de que o personagem estaria ligado a esse mito está no seu
nome de batismo, Kal-el. A palavra El em hebraico que significa Deus.
Além
disso, ele vem para a terra num foguete, ainda bebê, exilado de sua terra, da
mesma forma que Moises é colocado em um cesto e lançado no rio para ser criado
pelos egípcios. O Super-homem, como os judeus da época, inclusive seus autores,
é um homem sem terra, e é obrigado a esconder sua verdadeira identidade.
No livro
Homens do Amanhã, Gerard Jones diz que “histórias de identidade secreta sempre
encontraram eco entre os filhos de judeus imigrantes em virtude da necessidade
de máscaras; máscaras que permitiam à pessoa tornar-se um americano moderno,
consumidor das coisas do mundo. Mas, ao mesmo tempo permitem fazer parte de uma
sociedade antiguíssima, ser um elo de uma velha cadeia sempre que ela estivesse
no seio seguro daqueles que conheciam seu segredo. Um Clark Kent nas ruas e um
super-homem em casa”.
Para
Jones, o Capitão América avançou ainda mais na metáfora judaica. Os leitores de
quadrinhos sabem que ele é Steve Rogers, um garoto franzino, curvado, um
Zé-ninguém, que, graças ao soro do super-soldado, torna-se um herói. ¨Ele é o
garoto subnutrido do gueto que adquire força desmedida ao agarrar as
oportunidades americanas; o ressabiado sobrevivente do velho país que renasce
como o judeu combativo graças à mistura americana de violência e liberdade¨.
Na medida
em que fizeram a metáfora da elevação do povo judeu através dos emergentes
meios de comunicação, os autores do Capitão América capturaram também o
espírito do norte-americano comum, que via seu país tornar-se a grande potência
mundial, superando as velhas potências européias.
Além das
metáforas mais óbvias, vale lembrar que praticamente todos os desenhistas,
roteiristas, editores e donos de editores da era de ouro eram judeus.
Explica-se isso pelo fato de que os quadrinhos na época eram vistos como
subliteratura, desprezadas pelos chamados artistas sérios. Os judeus, ao
contrário, agarraram essa oportunidade e fizeram dos super-heróis o maior
símbolo da grande virada estabelecida por eles no novo mundo. Não é à toa que
os nazistas sempre foram os vilões prediletos dos quadrinhos.
Sem comentários:
Enviar um comentário